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A diretoria colegiada da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) decretou intervenção no Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis) pelo prazo de 180 dias. A portaria com a decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 4.

A portaria da Previc não detalha os motivos da decisão. Mas o fundo de pensão dos empregados dos Correios tem sido centro de episódios de fraude e má gestão nos últimos anos. Em abril, o Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou os bens de cinco ex-diretores do Postalis, depois que auditoria da corte detectou prejuízos de R$ 1 bilhão em sete negócios da entidade.

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Também por má gestão e irregularidades, o Postalis vem acumulando sucessivos déficits, o que obriga os próprios beneficiários do fundo a cobrir os rombos. Em julho, o jornal O Estado de S. Paulo informou que o corte nas aposentadorias de beneficiários do fundo está beirando os 18% e, até o fim do ano, deverá chegar a 20%.

O Postalis tem dois planos de previdência, o mais antigo é que registra déficit, de R$ 7,4 bilhões. Esse plano reúne 84,2 mil participantes e todos contribuem para cobrir o saldo negativo.

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) publicou no Diário Oficial da União (DOU) instrução normativa (IN) com procedimentos a serem adotados pelas entidades fechadas de previdência complementar para a elaboração, aprovação e execução de planos de equacionamento de déficit.

De acordo com o texto, o valor do déficit a ser equacionado deverá ser apurado na avaliação atuarial realizada ao final de cada exercício social. Esse valor poderá, a critério da empresa, ser corrigido entre a data de sua apuração e a data de início do plano de equacionamento, desde que considerado, no mínimo, o seu valor nominal, devendo o critério de correção adotado estar consignado em parecer do atuário responsável.

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A IN ainda cita que será admitido o reposicionamento do déficit a ser equacionado em momento posterior em caso de realização de avaliação atuarial por motivo relevante em virtude de operações de cisão, fusão, incorporação, migração, saldamento, retirada de patrocínio ou alteração regulamentar com reflexo nos resultados do plano de benefícios, que tenham sido objeto de prévio licenciamento pela Previc.

A oposição considera que a conclusão da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) de que a diretoria do Postalis tem responsabilidade por parte do rombo de R$ 5,6 bilhões do plano de benefício definido dos carteiros, revelada nesta quarta-feira, 6, pelo jornal O Estado de S. Paulo, reforça a necessidade de instalação de uma CPI dos fundos de pensão.

O requerimento teve a assinatura de 186 deputados de 24 partidos, mas a CPI ainda depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para ser instalada. Atualmente há uma fila de abertura de CPIs que tem sete requerimentos. Só podem existir simultaneamente na Câmara cinco comissões de inquérito - hoje há quatro em funcionamento.

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"O aparelhamento político dos fundos de previdência complementar, que têm funcionários de estatais e servidores públicos como participantes, associado aos prejuízos milionários recorrentes e decorrentes de sua má gestão, assinalam mais um possível foco de corrupção que carece ser investigado com a máxima urgência", disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno, autor de pedido para a criação da CPI."A combinação de corrupção e incompetência geraram esse rombo absurdo", completou o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE).

O déficit de R$ 5,6 bilhões no plano do Postalis, controlado pelo PT e PMDB, foi provocado em sua grande parte por investimentos suspeitos, pouco rentáveis ou que não tiveram ainda rendimento passado ao fundo, apontam dois relatórios de fiscalização que o Estado obteve. Também sob influência dos dois partidos políticos, a Funcef (dos funcionários da Caixa) e a Petros (Petrobrás) contabilizam prejuízos bilionários e também devem ser investigados pela CPI.

O Postalis divulgou nota hoje para afirmar que recebeu nove dos 23 autos de infração decorrentes da fiscalização de seis meses da Previc. A entidade disse que o rombo decorre, principalmente, da desvalorização de cotas de fundos e da necessidade de provisionamentos relativos a investimentos feitos entre 2007 e 2011. Segundo o Postalis, a rentabilidade negativa do plano de 13,39% em 2014 é resultado desses investimentos.

A diretoria do fundo afirmou que, por causa da baixa rentabilidade, transferiu a gestão do fundo Serengeti para a carteira própria em setembro de 2013. Como o Estado revelou ontem, a Previc concluiu que a rentabilidade desse fundo era "pífia", quando não negativa. Foram "incompreensíveis", segundo a Previc, "os constantes aportes de recursos, ao contrário do que seria esperado para um fundo cuja carteira possuía ativos com baixíssima liquidez e com altíssimo risco de crédito".

No entanto, o mesmo comportamento ocorreu nos investimentos do outro plano do Postalis, o PostalPrev. Quem ingressou nos Correios até 2005 é participante do plano de benefício definido, que está no vermelho. Os demais são beneficiários do PostalPrev. A Previc também encontrou problemas nessa plano. Ao analisar os investimentos no Fundo São Bento, que tem quase 40% dos recursos desse plano, o órgão de fiscalização chegou à conclusão que, mesmo apresentando rentabilidade insuficiente, foram realizados diversos aportes de recursos no fundo. Como exemplo cita que, de janeiro de 2011 a dezembro de 2013, as entradas chegaram a R$ 858 milhões. O órgão afirma que o desempenho ruim do São Bento e de vários outros fundos eram "de conhecimento amplo e geral" das pessoas que decidiam os investimentos do Postalis, incluindo o presidente e o diretor financeiro.

Os investimentos no Serengeti e no São Bento, como todos os outros, foram referendados pelo BNY Mellon. O Postalis informou que tem ação em curso na Justiça contra o banco norte-americano. Afirmou também que aguarda resposta do Banco Central para apurar irregularidades na conduta do Mellon tendo como respaldo as regras do sistema financeiro nacional. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que os gestores do Postalis esperam recuperar até R$ 2 bilhões com esses processos.

O BNY Mellon foi responsável por autorizar oficialmente compra de títulos emitidos por instituições financeiras no exterior lastreados na dívida da Argentina e da Venezuela. Segundo o Postalis, essas operação foi feita à revelia do instituto e contra o regulamento do fundo.

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