Pequenas cidades perdidas em ambientes inóspitos e desérticos dão um bom caldo para qualquer thriller de ficção cientifica sobre extraterrestres. Se bem conduzidos, podem se tornar experiências verdadeiramente aterrorizantes para o espectador. Vale lembrar o drama “Contatos de 4º Grau” (2009), do até então desconhecido Olatunde Osunsanmi. Bastante odiado por uns, mas também idolatrado por outros, o filme conseguiu ao menos um feito de poucos: chocar, valendo-se de clichês inerentes a qualquer produção do gênero, mas construindo a narrativa de maneira instigante, misturando realidade e ficção para levar o público a uma posição incômoda e vulnerável diante de um fato desconhecido e perturbador.
Não é o caso de “Área Q” (referência à Área 51), que estreia nesta sexta-feira (13) nos cinemas. Dirigido pelo brasileiro radicado em Los Angeles Gerson Sanginitto, que também assina o roteiro, o filme é protagonizado pelo ator norte-americano Isaiah Washington (interpretando o personagem Thomas Mathews),com participação dos brasileiros Murilo Rosa e Tânia Khalil, e conta a história do jornalista norte-americano perturbado pelo misterioso desaparecimento do seu filho, e que vai investigar supostos sumiços no interior do Ceará para uma reportagem.
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Gravado nos Estados Unidos e em Quixadá e Quixeramobim - a tal “Área Q” do filme -, o longa se apoia no folclore do local, considerado por ufólogos como um verdadeiro reduto de ET’s. Dizem as más línguas que 30% da população local já foi abduzida, por isso observa-se a preocupação em traduzir o clima de mistério que cerca o lugar. Por ter envolvimento com a produtora Estação da Luz, de filmes como “Bezerra” e “As Mães de Chico Xavier”, o longa de Sanginitto está por vezes sendo associado ao espiritismo, rótulo que o diretor nega veementemente.
O uso de poucos efeitos especiais faz falta. Tudo limita-se à aparição de corpos luminosos que aparecem e desaparecem no horizonte, barulhos de vento e folhas. A trilha sonora exagerada, diálogos pobres e ensaiados, recursos técnicos limitados que não bem aproveitados. O filme ainda peca em apontar os extraterrestres como verdadeiros “messias, que irão guiar a nova geração (pasmem, através de abduções), frente ao futuro nebuloso em que a humanidade caminha.
O cinema brasileiro, de uma originalidade que sempre chama a atenção do mundo inteiro, tem realizado discretas inserções na enorme lista de produções do gênero. O ineditismo desse tipo de filme no País, entretanto, não veio atrelado à sua qualidade.
Horários:
Box 10: 12h20*, 14h50, 17h20, 19h50, 22h25
Caruaru 3: 19h, 21h15
Recife 9: 13h15, 15h35, 17h55, 20h15, 22h35*
Tacaruna 4: 15h10, 17h25, 19h45, 22h
* Sessões saideiras: sextas, sábados e vésperas de feriado, em horários a partir das 22h; sessões matinais: sábados, domingos e feriados, no início da tarde.