Com a função abafar os escândalos dos famosos moradores de Hollywood na série Ray Donovan - no ar todas as segundas, às 21 horas, na HBO, Liev Schreiber, que está do mesmo lado do balcão dos clientes de seu personagem, diz não ter a mesma frieza que o protagonista para tratar da vida privada de artistas.
"A cultura da celebridade na nossa indústria virou um grande negócio e pode ser destrutiva. Se as pessoas quiserem ter privacidade, têm de separar a vida pessoal do trabalho. Esse aspecto da série é bem real. Não sei se é bom ou ruim. Estou no ramo há muito tempo, não o vejo com o mesmo cinismo que Ray vê", contou à reportagem em teleconferência com jornalistas de diferentes países.
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O ator dá o exemplo de um tema que causa frio na barriga dos famosos. "Há muita gente com medo de ter a orientação sexual revelada. Disso não tenho medo. Acho que eu nunca tive um escândalo e espero continuar assim", torce o norte-americano, casado e pai de dois meninos de 4 e 6 anos. Para ele, há uma dose de satisfação do público ao ver advogados e empresários de estrelas do entretenimento tensos com as besteiras de seus clientes. "Acho legal ver a humanidade da indústria, que é questionável, às vezes. As pessoas ficam animadas para ver o que está por trás da cortina. São coisas íntimas. Eles (autores) escrevem o que nós conhecemos, o que fica mais interessante."
Ao mesmo tempo em que ameaça com arma e chantageia quem atrapalha a vida das celebridades, Ray tem um lado doce ao cuidar dos filhos. Ele também dá atenção aos irmãos: um deles, Bunchy (Dash Mihok), foi abusado por um padre na infância e tem instabilidade emocional; o outro, Terry (Eddie Marshan), sofre de Parkinson e gerencia uma escola de boxe.
"Ele é um anti-herói. O que o motiva é a família. Outra coisa que gosto nele é a sua lealdade, ele ama os filhos e a mulher. Acho que essa pergunta se ele é bom ou mau não pode ser facilmente respondida."
As cenas tensas se concentram quando Ray encontra Mick (Jon Voight), um dos vilões da trama e seu pai, recém-saído da prisão. Um dos objetivos do protagonista é eliminá-lo. "Ele tem a natureza do homicídio e deve sentir que a morte do pai é necessária, mas não quer derramar esse sangue com as próprias mãos. Ele quer matar, mas não pode ser ele. É bem shakespeariano para mim."
A atmosfera pouco tranquila da série deixou Schreiber com o pé atrás. "Quando vi o roteiro pela primeira vez, falei para a Ann (Biderman, criadora) que a história era pesada e não sabia se queria ficar tanto tempo nesse personagem", relembra ele, que diz se reconfortar ao rever os filhos. "Quando volto para casa, eles merecem minha total atenção e isso me ajudou muito." Ele também se recupera com aulas de boxe assim que deixa o estúdio. "Parece que você recupera a energia do corpo. E levar uns socos na cara pode ser valoroso", diverte-se.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.