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Dentro de sua estratégia de aumentar a competitividade da economia brasileira, a presidente Dilma Rousseff dará um impulso à reforma tributária ainda este ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, articula uma reunião com todos os governadores na próxima quinta-feira (8), com o objetivo de discutir um primeiro esboço de proposta do governo para a reforma do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Depois do corte de tributos no setor elétrico e das concessões em infraestrutura, essa será a nova frente de batalha do governo. Os auxiliares de Dilma sabem que essa não será uma discussão fácil. Um deles classifica o tema como "tabu".

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Porém, a presidente conta com uma vantagem fundamental em relação a seus antecessores que tentaram, sem sucesso, reformar o sistema tributário nas últimas três décadas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou alguns programas de descontos no ICMS criados pelos Estados com o objetivo de atrair empresas, na chamada guerra fiscal. O passo seguinte é editar uma súmula vinculante, que estenderia a condenação a todos os demais programas de mesma natureza questionados na Justiça.

Isso exerce sobre os governadores uma pressão inédita no sentido de buscar um acordo que lhes permita legalizar os incentivos já concedidos. A reforma geral do ICMS pode ser um caminho para isso. É principalmente essa a razão pela qual Mantega acha que há uma chance real de avançar com a discussão.

Há, além disso, uma mudança no contexto do debate. Dilma já deu um primeiro passo concreto para mudar o ICMS. No dia 1.º de janeiro próximo, entram em vigor as novas regras que colocarão fim à chamada "guerra dos portos", formada com incentivos fiscais do ICMS à importação. A reforma geral do ICMS nada mais é do que a expansão dessas normas para os demais produtos.

O fim da guerra dos portos veio com a aprovação da Resolução 13 do Senado, em abril deste ano. Por ela, as mercadorias importadas que chegarem ao País por um Estado e forem consumidas em outro recolherão 4% de ICMS na passagem. Hoje, essa tributação é de 12% ou 7%, dependendo do local.

A proposta do governo para a reforma tributária é, basicamente, estender a redução a 4% para as outras mercadorias. A redução seria gradual, de até um ponto porcentual ao ano, para evitar quedas bruscas na arrecadação dos Estados. E a perda de receitas seria reposta pela União.

O primeiro desafio político de Mantega em suas conversas com os governadores será superar uma clara divisão regional. Os Estados do Sul e Sudeste concordam com a alíquota de 4%, como quer o governo. No entanto, os do Norte, Nordeste e Centro-Oeste querem manter o sistema atual de duas alíquotas diferentes, no caso 2% e 7%. "Eles não abrem mão disso", informou o coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Cláudio Trinchão, que é secretário de Fazenda do Maranhão.

Além disso, as unidades com menor dinamismo econômico temem perder empresas após a aprovação da reforma do ICMS e o consequente fim da guerra fiscal. Eles consideram que a simples reposição das quedas de receita não seria suficiente. "Precisamos de maciços investimentos em infraestrutura, taxas de juros diferenciadas e benefícios com tributos federais", defendeu Trinchão. Só com esses instrumentos seria possível dar às regiões mais remotas do País condições de competir com o Sul e Sudeste na atração de investimentos privados, defendeu.

Outra discussão que promete ser complicada é a determinação da perda de arrecadação sofrida por cada Estado. O governo federal estima que, teoricamente, ela pode ser de até R$ 14 bilhões. Na prática, porém, o prejuízo é menor porque hoje os Estados não cobram o ICMS integralmente, por causa da guerra fiscal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O economista José Roberto Afonso disse nesta terça-feira no seminário "Como avançar na agenda da tributação", organizado pelo Grupo Estado, que quando se fala em reforma tributária é preciso derrubar alguns mitos como o de que Estados e municípios não deixam as mudanças serem feitas. Segundo ele, já não há mais o que se extinguir de impostos estaduais e municipais.

Afonso diz que o ICMS tem se tornado um imposto decadente e obsoleto e representa apenas 20% da carga tributária. "Quando se olha a estrutura do Confaz dá para entender o porquê de a arrecadação da Receita Federal crescer e a do ICMS encolher" disse o economista. Ele critica a redução do IPI para alguns setores da economia, dizendo que hoje o imposto arrecada muito pouco, quase igual ao Confins. "Por isso que eles (governo) tiram o IPI", criticou.

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O economista compara a estrutura tributária a um prédio torto que só não cai porque "Deus não deixa ou ele é tributarista". Sobre a desoneração da folha de pagamento, o economista diz que ela é contraditória porque a Previdência está trocando alíquota por tributação em cima do faturamento bruto. Antes, de acordo com o economista, a tributação era feita sobre o faturamento líquido.

O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique, afirmou na manhã desta terça-feira, no fórum "Como avançar na agenda da tributação", organizado pelo Grupo Estado com o patrocínio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que as mudanças na cobrança e arrecadação do PIS/Cofins só serão implantadas pelo governo em 2014, "pois o espaço fiscal de 2013 está comprometido com a desoneração da folha e a queda no preço da energia elétrica".

O secretário afirmou que o governo não considera o aumento na alíquota do PIS/Cofins de, no máximo, 9,25%, na reforma do tributo, e acrescentou que a perspectiva é de uma simplificação, com todas operações gerando crédito e com os tributos transformados em uma contribuição única. "O governo pretende fazer reforma simplificadora, e a ideia é que todas as operações gerem crédito idêntico ao valor pago e não teríamos mais o PIS e Cofins, mas só uma contribuição social."

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Dyogo avaliou ainda que os dois regimes diferentes de tributação tornam o PIS/Cofins um dos tributos mais complexos no País, o que deve acabar com a simplificação. "Temos dois regimes diferentes, o cumulativo e o não-cumulativo, o que gera problemas de crédito e espaço para arbitragem fiscal e demonstração de compliance (normas legais e regulamentares)", concluiu.

"Não é possível fatiar o que não está pronto." Esta é a opinião de Fernando Rezende, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobre a reforma tributária no Brasil. Ele defendeu nesta terça-feira que o País pense a reforma do sistema tributário nacional por meio de porções.

Para ele, o sistema tributário nacional é composto por algumas "porções". Rezende acredita que, em primeiro lugar, é preciso ter uma base tributária comum e tripartida entre os entes da Federação. Depois avaliar o sistema de transferências para equilibrar a distribuição de tributos na Federação e, por último, pensar na questão de política de desenvolvimento das regiões do País, porque sem estas "porções" ficaria inviabilizada qualquer reforma ampla do sistema tributário.

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"Se misturarmos estas três porções poderemos fazer a reforma para suprir os desafios da competitividade, da autonomia dos entes federados, da estabilidade das normas e da isonomia de oportunidade onde os cidadãos tenham acesso a serviços públicos essenciais, o que não acontece hoje no Brasil", diz. O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) participa do Fórum Brasil Competitivo - Como Avançar na Agenda Tributária, organizado pelo Grupo Estado, com o patrocínio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta quinta-feira(26) o plano de reforma tributária do governo, que visa aumentar os impostos a empresas em 20%.

O projeto de lei novo imposto, que elevará as receitas do governo de US$ 700 milhões para US$ 1 bilhão por ano, tem como objetivo financiar as reformas educacionais - incluindo mais bolsas de estudo e taxas de juros menores em empréstimos financiados pelo governo aos estudantes.

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O projeto, anunciado por Piñera em rede nacional de televisão, será enviado para o Congresso na segunda-feira. Com a proposta de reforma educacional, o governo espera apaziguar os estudantes, que no ano passado tomaram as ruas para protestar por uma educação mais barata e de melhor qualidade.

O projeto de reforma tributária do Executivo chileno também inclui mecanismos de estabilização de preços de combustíveis, que são muito altos no país. Como o Chile importa 98% dos combustíveis que consome, os preços locais estão sujeitos às variações do preço internacional do petróleo. As informações são da Dow Jones. (Roberto Carlos dos Santos)

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