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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu que o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizasse o governo a não cumprir a aplicação do piso constitucional integral de recursos para a área da saúde em 2023.

Haddad havia feito uma consulta informal para não ter de fazer um aporte adicional, calculado inicialmente em R$ 20 bilhões ainda neste ano - valor que seria necessário para completar o piso cheio de gastos na saúde. A vitória dá alivio para a equipe econômica e evita um bloqueio maior de despesas no Orçamento.

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A decisão do plenário foi por unanimidade, com voto favorável também do relator do processo da Corte de Contas, ministro Augusto Nardes. Prevaleceu a opinião da área técnica e do Ministério Público junto ao TCU.

A incidência do piso mínimo constitucional só valerá para 2024. Nos bastidores, Haddad teve apoio do presidente do TCU, ministro Bruno Dantas. Se tivesse que cumprir o piso integral, o bloqueio anunciado nesta terça-feira, 21, pela equipe econômica nas despesas deste ano, um adicional de R$ 1,1 bilhão, teria que ser muito maior.

A área técnica do TCU havia emitido parecer com o entendimento de que a aplicação imediata ou retroativa de uma nova regra sobre mínimo constitucional poderia exigir um esforço "desproporcional" do governo federal, inclusive com impacto nas demais políticas sociais.

Na prática, o TCU desobriga o governo a fazer cumprir o piso, na direção do que desejava o ministro Haddad para não pressionar as contas públicas neste ano - o que exigiria um bloqueio maior de gastos.

Após a sanção do arcabouço fiscal - nova regra para controle das contas públicas -, o antigo teto de gastos, que limitava o crescimento das despesas à variação da inflação, deixou de valer. Com isso, volta a vigorar a regra de correção do piso da saúde prevista na Constituição. Ela determina que o governo federal tem que aplicar na área pelo menos 15% da sua Receita Corrente Líquida.

Na consulta, Haddad questionou ao TCU se a União deveria cumprir o piso apenas para o exercício financeiro seguinte ou esses limites deverão retroagir e serem aplicados ao exercício financeiro já em curso.

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse que o governo não atenderá o pedido dos Estados de destinar cerca de R$ 15 bilhões por mês para ajudar os entes a fazer frente ao coronavírus. "Alguns pleitos são devidos e outros não há espaço para atendimento. Quinze bilhões de reais por mês é um número que não fecha nas contas" afirmou.

Segundo o secretário, estão sendo estudadas outras formas para ajudar as unidades da federação, como transferências "fundo a fundo".

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Em outra ocasião, Rodrigues já havia afirmado que uma das ideias é destinar recursos do Fundo Nacional da Saúde (FNS) para os Estados.

Nesta sexta-feira,20, Rodrigues disse que as medidas ainda serão divulgadas e que está sendo avaliado o pedido de suspensão do pagamento das dívidas estaduais com a União.

Ele disse que é necessário ter "isonomia" no atendimento de Estados e municípios - a suspensão do pagamento beneficiaria entes com valores maiores.

Revisão de meta

O governo ainda pode fazer uma revisão da meta de resultado primário de 2020, hoje em déficit de R$ 124,1 bilhão, disse o secretário especial de Fazenda. Segundo ele, essa medida seria adotada assim que o governo tiver em mãos um cenário mais claro de como ficará a situação fiscal do País diante da perda de receitas com a crise do novo coronavírus e da necessidade de ampliar gastos.

Por enquanto, o governo está dispensado de cumprir a meta e de fazer bloqueios no Orçamento, uma vez que o Congresso Nacional reconheceu estado de calamidade pública. "O Congresso entendeu e aprovou rapidamente (a calamidade)", disse.

Por enquanto, o rombo inicial é estimado em R$ 161,623 bilhões em 2020. "Esse número já estamos recalculando", disse. "Tão logo tenhamos mais certeza em relação à situação sobre essa calamidade pública, teremos eventualmente movimento na direção de uma solicitação de mudança na meta de primário", afirmou Waldery.

Segundo ele, a equipe econômica segue analisando e observando os efeitos da pandemia sobre a economia do País. "Temos elevada incerteza em relação ao novo coronavírus e outros efeitos exógenos", disse.

Regra de ouro

A equipe econômica acredita que o projeto de lei que abre crédito extraordinário para garantir o cumprimento da regra de ouro, que está no Congresso Nacional, será suficiente mesmo com os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus. De acordo com o secretário do Orçamento Federal, George Soares, o texto abre crédito de

R$ 345 bilhões e a insuficiência para o cumprimento da norma está hoje em R$ 92 bilhões.

Ele disse que a margem para o cumprimento da regra, que prevê que os investimentos do governo devem superar o endividamento, pode piorar com as medidas para o enfrentamento da crise e que, em tese, o governo poderia até enviar um novo pedido de crédito. "A possibilidade de isso acontecer é praticamente nula", completou.

Informais

Waldery Rodrigues disse que a medida que prevê o pagamento de R$ 200 para compensar perdas de trabalhadores informais com a crise econômica desencadeada pelo coronavírus foi "bem focada". Ele, no entanto, não descartou aumento no valor.

Questionado se há possibilidade de o governo rever o valor do programa Bolsa Família, o secretário disse que o programa está em reformulação. "Seguiremos com o que já foi anunciado", completou.

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um "elemento importante" para contribuir no enfrentamento das mazelas trazidas pela covid-19, disse nesta sexta-feira, 20, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. O governo tem sinalizado com a possibilidade de novos saques do fundo de garantia dos trabalhadores para injetar dinheiro na economia num momento de desaceleração.

Segundo ele, o repasse de R$ 21,5 bilhões que hoje estão parados no Fundo PIS/Pasep para o FGTS contribuirá para garantir essa liberação.

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O secretário lembrou que R$ 14,8 bilhões do saque imediato lançado no ano passado ainda não foram resgatados pelos beneficiários. "Podemos pensar em como isso pode ser reinserido na economia", disse Waldery.

Em outra ocasião, integrantes da equipe econômica já indicaram para a possibilidade de, ao permanecer esse saldo no FGTS, promover uma nova liberação sem comprometer a sustentabilidade do fundo.

O secretário ressaltou ainda que o governo já anunciou a possibilidade de as empresas adiarem por três meses o recolhimento ao FGTS.

Ele destacou ainda que as companhias terão um tempo maior para ressarcir o fundo por esses valores, em prestações que poderão passar inclusive para 2021. "Esse 'X' meses não foi divulgado exatamente porque levará em consideração sustentabilidade financeira", disse.

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