Tópicos | Relatório Trimestral de Inflação

Os juros futuros encerraram em queda nos vencimentos curtos e longos nesta quarta-feira, 28, enquanto os de médio prazo fecharam perto da estabilidade. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado ontem, seguiu repercutindo sobre as taxas, que refletiram ainda a melhora da expectativa em relação ao ajuste fiscal e o ambiente externo mais propício à tomada de risco.

Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 (177.735 contratos) caiu de 13,775% no ajuste de ontem para 13,750%. O DI janeiro de 2018 (149.480 contratos) fechou em 12,16%, de 12,15% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2019 (226.800 contratos) encerrou em 11,58%, de 11,56%. O DI janeiro de 2021, com 203.715 contratos, terminou em 11,53%, de 11,58%.

##RECOMENDA##

Diante da percepção de que, entre os três fatores listados pelo Banco Central para uma possível flexibilização da Selic, a questão fiscal é a que traz as maiores dúvidas, foi bem recebida pelo mercado a sinalização do governo de que a Câmara deve votar entre os dias 10 e 11 de outubro a PEC do teto dos gastos, considerada "o Plano Real" do governo Temer. O prazo foi definido em reunião realizada na noite de ontem entre o presidente Michel Temer, ministros e líderes da base aliada para discutir uma estratégia para a aprovação do texto.

Hoje, o relator da proposta, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), confirmou tal expectativa. "Depois vêm alguns feriados, mas queremos fechar o segundo turno na segunda quinzena de outubro e mandar para o Senado na última semana de outubro", disse, após reunião com o ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento).

Ainda sob o impacto do RTI "considerado dovish", e com reforço de uma inflação baixa trazida hoje pelo monitor da Fundação Getulio Vargas (FGV), os vencimentos curtos também recuaram, com avanço das apostas de que o ciclo de afrouxamento monetário será inaugurado em outubro com queda de 0,50 ponto da Selic atualmente em 14,25%.

Ao mesmo tempo, o aumento do apetite pelo risco no exterior à tarde ajudou a colocar a ponta longa nas mínimas, faltando em torno de meia hora para o final da etapa regular. O desfecho da reunião dos produtores de petróleo, que chegaram a um acordo para reduzir a produção, foi o gatilho para uma melhora generalizada nos ativos, com aceleração da alta das cotações da commodity e das ações, além da inversão do avanço do dólar ante o real.

O Banco Central (BC) previu crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. A estimava é menos otimista do que a do Ministério da Fazenda, que considerou na proposta de Orçamento de 2016 uma previsão de alta de 1,6% no ano que vem. Para 2016, o BC manteve a estimativa de recuo de 3,3% da economia brasileira.

Para o BC, a retomada será puxada pelo setor agropecuário, que sairá de uma queda de 2,2% em 2016 para uma expansão de 3,5%. A indústria, setor que mais sofreu com o período longo de recessão econômica, apresentará um alta de 1,5% no ano que vem. Em 2016, o setor industrial deve apresentar uma queda de 3,3%, de acordo com as novas projeções do BC.

##RECOMENDA##

O setor de serviços também terá uma recuperação, na avaliação do BC que consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado na manhã desta terça-feira (27). Pelas novas projeções, o setor de serviços terá crescimento de 0,9%, depois de uma queda prevista de 2,7% em 2016.

O crescimento do PIB em 2017 também será puxado pelo recuperação dos investimentos. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) terá uma alta de 4%. A estimativa para esse ano é de queda de 8,7% dos investimentos. A projeção anterior para 2016 era um recuo de 11,6%.

O BC previu ainda que as exportações devem crescer 4,5% em 2017 e as importações de bens e serviços terão alta de 6,0%.

Essas aumentos, diz o BC, estão associados, na esfera das exportações, às perspectivas mais favoráveis para a indústria e para a agropecuária, e relativamente às importações, às projeções de aumentos para o consumo das famílias e para a formação bruta de capital fixo.

A contribuição da demanda interna para a expansão anual do PIB em 2017 deverá atingir 1,6 ponto porcentual. Já a contribuição do setor externo será negativa em 0,3 ponto porcentual.

Consumo

O Banco Central previu uma queda ainda maior do consumo do governo em 2016. A projeção para esse indicador do Produto Interno Bruto (PIB) passou de queda de 0,8% para um recuo de 1,3%. O mudança desse componente fiscal não foi explicada pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Também houve uma piora da previsão de consumo das famílias. O BC passou a projetar uma queda de 4,4% em 2016, ante 4% no relatório anterior. Para o BC, essa alteração é compatível com os processos de distensão no mercado de trabalho e desaceleração do mercado de crédito.

O BC reviu de -11,6% para -8,7% a projeção de investimentos - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Segundo o BC, essa melhora é compatível com a evolução na absorção de bens de capital e na construção civil.

Política fiscal

O Banco Central ressalta que as previsões do Relatório Trimestral de Inflação ainda dependem de uma importante variável: a evolução da política fiscal. Ao contrário da edição anterior divulgada em junho, o BC não publicou projeção oficial da casa para o resultado primário e o documento cita, apenas genericamente, que a proposta do Orçamento de 2017 prevê redução do déficit e indicação de recuperação gradual nos anos seguintes.

"As projeções aqui apresentadas dependem ainda de considerações sobre a evolução da política fiscal", cita o RTI divulgado nesta manhã. Em junho, o documento anterior previa déficit primário de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e resultado primário negativo de 0,9% no próximo ano.

O documento divulgado nesta terça lembra apenas que "para 2017, a proposta de legislação orçamentária aponta redução do déficit primário previsto para o período". Além dessa proposta, o texto menciona ainda que há indicação "para os anos seguintes, de recuperação gradual do equilíbrio nas contas públicas". Apesar desse parâmetro, não há qualquer número previsto.

Sobre o tema fiscal, o relatório menciona que "os principais efeitos desta política estão associados ao processo de ajuste da economia, que envolve encaminhamento de importantes reformas propostas pelo Governo para apreciação pelo Congresso Nacional".

O texto é genérico e menciona apenas que "esses efeitos podem ser capturados pelos modelos utilizados para produzir as projeções na medida em que influenciem preços de ativos e expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus". "Além desses efeitos, a política fiscal influencia as projeções condicionais de inflação por meio de impactos decorrentes de medidas de curto prazo sobre a demanda agregada", cita o documento.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando