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Uma família de ambientalistas foi assassinada às margens do Rio Xingu, no Sul do Pará. Eles moravam a cerca de 20 anos na região e eram engajados em atividades de proteção ao ecossistema, como um projeto de soltura de tartarugas.

Os corpos do pai José Gomes, conhecido como Zé do Lago, e da filha Joane Nunes Lisboa foram encontrados perto da casa onde moravam, na cachoeira da Mucura, a cerca de 90 quilômetros de São Felix do Xingu.

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O da mãe Márcia Nunes Lisboa foi visto boiando às margens do Rio. Projeteis de arma de fogo foram recolhidos perto das vítimas.

O estado de decomposição indica que elas foram executadas três dias antes do registro do triplo homicídio, conforme o DOL Notícias Carajás.

A Polícia Civil acompanha o caso desde o domingo (9) e deve colher depoimentos nessa terça-feira (11).

Depois de mudar o curso das águas do Rio Xingu para privilegiar a geração de energia, a Hidrelétrica de Belo Monte, em operação no Pará, será obrigada a liberar um volume maior da água que hoje retém em seu reservatório. A medida pretende atenuar as condições drásticas de vida que passaram a ser a rotina de um trecho de 130 quilômetros de extensão do rio, conhecido como a Volta Grande do Xingu.

As novas regras de vazão de água serão impostas pelo Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental de Belo Monte, que é a maior hidrelétrica nacional. O Estadão apurou que a diretoria do Ibama já decidiu sobre a necessidade de revisar as regras que deverão ser acatadas pela Norte Energia, concessionária que opera Belo Monte.

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Em novembro de 2015, a Norte Energia fechou a barragem principal da usina, desviando uma média de até 80% da água para um canal artificial de mais de 20 quilômetros, onde foram instaladas as grandes turbinas da hidrelétrica. Com esse desvio, um trajeto de 130 km, que há milhares de anos convivia com um regime natural de seca e cheia, passou a ser submetido a um regime reduzido e constante de água, o que tem acabado com dezenas de espécies de peixes, tartarugas e frutos, além de comprometer a subsistência de milhares de famílias espalhadas em 25 vilas do trajeto do rio, entre indígenas e não indígenas.

O controle sobre a quantidade de água que passa ou não pela barragem é feito pela Norte Energia, por meio de um "hidrograma de consenso" que prevê os volumes que devem ser liberados. Ocorre que esse documento técnico foi elaborado pela própria empresa, quando do seu licenciamento, em 2009. À época, relatórios do Ibama já chamavam a atenção para o fato de que os volumes previstos no hidrograma trariam riscos à região. Esses pareceres, porém, foram ignorados e o empreendimento recebeu autorização para ser construído.

Testes. Hoje, dez anos após a licença que autoriza as obras de Belo Monte, a situação se confirma. A Norte Energia alega que o trecho ainda passa por uma fase de "testes" e que isso deve ser analisado pelo prazo de seis anos, como previsto no edital da usina. O mesmo edital prevê, porém, que o Ibama pode alterar as regras de vazão do rio, conforme identifique situações que julgue necessárias.

Uma nota informativa do Ibama de 5 de outubro, a qual a reportagem teve acesso, menciona a conclusão de especialistas sobre o assunto, para afirmar que "a sobrevivência e a manutenção de todo o ecossistema da Volta Grande e dos modos de vida de comunidades não podem ser objeto de testes quando são contundentes e claras as evidências e indicativos de impactos graves e irreversíveis que já ocorrem e estão em curso".

O pulso da inundação natural do Rio Xingu garantia a passagem de 20 mil a 25 mil metros cúbicos de água por segundo nos meses de cheia, de dezembro a junho. Com a construção da usina, a empresa adotou duas regras: liberar 4 mil m³ por segundo em um ano e 8 mil m³ no ano seguinte. Esse regime artificial, porém, acabou por comprometer completamente a vida no trecho bloqueado do rio.

Impraticável. Ao analisar os resultados, a equipe técnica do Ibama concluiu que o cenário com 4 mil m³/s "é impraticável". Sobre o cenário com 8 mil m³, declarou que os dados "são insuficientes para garantir que não haverá piora drástica nas condições ambientais e de modo de vida na Volta Grande do Xingu".

Em sua nota técnica, que foi referendada pelo presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, o órgão afirma que, "desde o início dos estudos, não havia certeza de qual seria a vazão suficiente para prevenir ou mitigar os impactos" e que a Norte Energia propôs seu "hidrograma de consenso" como medida de mitigação.

Neste segundo semestre, o Ibama apresentou um "hidrograma provisório" para a operação de Belo Monte. A Norte Energia, porém, entrou com ação contra essa decisão, sob alegação de que o órgão mudava as regras do licenciamento no meio do processo e que agia assim por "pressão" do Ministério Público Federal. O caso foi parar no Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1).

Na semana passada, a Justiça Federal negou o pedido da concessionária contra o Ibama. "Foi devidamente justificada a alteração do referido hidrograma, diante de fatos e dados, bem como da incidência dos princípios da precaução e da prevenção", afirmou o TFR1. "A conclusão a que se chega é que o órgão ambiental não ultrapassou quaisquer dos seus limites administrativos no tocante à sua competência para realizar, justificadamente, alterações."

Estiagem. Por meio de nota, a Norte Energia culpou a estiagem pela situação. "A vazão natural do Rio Xingu que chega ao reservatório da UHE (usina hidrelétrica) Belo Monte está abaixo dos padrões já observados em outros períodos de estiagem, sendo uma das cinco menores vazões já registradas desde 1968, quando foram iniciados os acompanhamentos de vazões", declarou.

Sobre a decisão do TRF1, declarou que o assunto "está em análise". A respeito da decisão do Ibama de determinar um novo regime de vazão para o Rio Xingu, declarou apenas que não foi comunicada.

Pressão. No ano passado, após uma vistoria local realizada por diversos órgãos públicos e especialistas, foi novamente comprovado que "não está demonstrada a garantia da reprodução da vida, com riscos aos ecossistemas e à sobrevivência das populações residentes", por causa da pouca água no trecho. "A pressão política para que fosse emitida a licença no menor prazo possível foi um dos motivos para que se exonerasse do cargo a então ministra do Meio Ambiente Marina Silva, ainda em 2008", afirma o Ministério Público Federal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A concessionária Norte Energia, dona da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Pará, terá de apresentar uma programação de realocação residencial, indenização ou melhorias para 968 famílias que vivem hoje em um bairro de Altamira, município que foi mais afetado pela construção da hidrelétrica no Rio Xingu.

Há mais de um ano os moradores do bairro Independente 1 pleiteavam à empresa que fossem incluídos no programa de condicionantes socioambientais da usina, mas ficaram de fora das ações porque, segundo a Norte Energia, não teriam sido impactados pelas obras e pelo enchimento do reservatório da hidrelétrica. Altamira está encostada no lago de Belo Monte e teve diversas áreas alagadas pelo empreendimento.

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Depois de analisar o pleito dos moradores, o Ibama e a Agência Nacional de Águas (ANA) concluíram que o enchimento do lago não teria impactado a região do bairro e seus lençóis freáticos. Por outro lado, concluiu o Ibama, houve uma forte imigração para a região, precarizando ainda mais a infraestrutura da região para os seus moradores.

As 968 famílias envolvem aproximadamente 3 mil pessoas. Essas famílias, segundo dados do Ibama, vivem hoje em 548 residências. Destas, 293 casas são palafitas, barracos de madeira erguidos em áreas de alagamento. Todas terão de ser removidas da região. Quanto às demais residências, será avaliado casos de indenização em dinheiro ou, em situações mais favoráveis, ligações com redes de saneamento e melhoria das condições gerais do local.

Para executar o trabalho, o Ibama determinou à Norte Energia que apresente um plano de trabalho para remoção de famílias moradoras das palafitas e de imóveis que não sejam possíveis de se ligar na rede de saneamento por gravidade. Em outros casos, terá de fazer a ligação intradomiciliar dos imóveis que consigam se ligar por gravidade ao sistema de saneamento.

A avaliação do Ibama é de que a implantação da hidrelétrica impactou a região da lagoa do bairro Jardim Independente I, gerando um aumento significativo de ocupações a partir do ano de 2010, quando foi liberada a licença prévia ambiental da usina. "A especulação imobiliária gerada pelo empreendimento foi o principal fator motivador para a ocupação desordenada na região da lagoa", concluiu o órgão.

Na avaliação do Ibama, a prefeitura de Altamira também contribuiu com o impacto na região, ao implantar acessos locais e deixar de fiscalizar a ocupação de solo do município. O órgão federal pede à prefeitura que faça a demolição e libere a de imóveis desocupados na região, faça a revitalização da lagoa e seu entorno, além da manutenção e reparação da rede de drenagem da lagoa.

No ano passado e neste ano, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fizeram manifestações em sedes do Ibama para protestar contra a exclusão do bairro das condicionantes ambientais.

Procurada pela reportagem, a Norte Energia não se manifestou até o fechamento deste texto.

Após informar erroneamente o destino da embarcação e dizer que transportava apenas dois passageiros, Alcimar Almeida da Silva, o proprietário do barco Capitão Ribeiro, que afundou no Rio Xingu, será indiciado pela polícia do Pará. "O proprietário incorreu no crime de ter colocado em risco a vida das pessoas", afirmou o delegado Élcio de Deus, de Porto de Moz, município onde morava a maioria das vítimas. A embarcação naufragou com 52 pessoas na terça-feira, deixando 23 mortos e 2 desaparecidos, segundo as informações oficiais.

Uma possibilidade de indiciamento é pelo artigo 261 do Código Penal, que prevê pena de 4 a 12 anos de prisão para quem "expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia" e o fato resultar em "naufrágio, submersão ou encalhe".

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Na quarta-feira, a Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA) revelou que o barco de Silva já havia sido autuado em junho por não ter autorização para transportar passageiros. Mesmo assim, continuava a fazer normalmente viagens uma vez por semana no trajeto entre Santarém e Vitória do Xingu.

Silva disse em seu depoimento que há cerca de três anos viajava com autorização da Marinha até o município de Prainha, uma distância de 170 quilômetros. Ocorre que, no dia em que o barco afundou, a rota era outra, para Vitória do Xingu, um percurso de 380 quilômetros, sem aval oficial.

Segundo a Marinha, sempre que uma embarcação se desloca deve ser feito um "despacho de saída", informando o percurso. No caso da Capitão Ribeiro, só há despacho com prazo até 20 de outubro deste ano para o trajeto Santarém-Prainha.

Além disso, antes da viagem que resultou no naufrágio, Silva mentiu para a Capitania dos Portos ao declarar que transportava apenas 2 passageiros - e não os 52 que embarcaram em Santarém. Após o içamento do barco naufragado do fundo do Rio Xingu, na manhã desta sexta-feira, 25, os bombeiros ficaram surpresos ao encontrarem um automóvel dentro da embarcação.

Segundo autoridades portuárias, o veículo poderia ser transportado somente por balsa e não em uma embarcação destinada exclusivamente a passageiros. "Não é adequado transportar um carro nesse tipo de embarcação, porque ele pesa toneladas e o centro de gravidade do barco sobe, sujeitando-o a ficar com menor estabilidade e emborcamento", afirmou o engenheiro naval Hito Moraes.

Mortos e sobrevivente

Na manhã desta sexta-feira, os corpos de duas crianças foram localizados. De acordo com o governo do Estado, as vítimas são uma menina com idade entre 8 e 10 anos e um menino, com idade aproximada entre 1 e 3 anos. As, crianças estavam no porão do barco e foram localizadas durante a retirada de mercadorias estocadas na área.

Os corpos foram levados para o município de Porto de Moz, onde está concentrada a estrutura montada de perícia médica. Com isso, o número de mortos chega a 23. Há 27 sobreviventes e dois desaparecidos, segundo informações do Pará.

As buscas continuarão até que sejam localizadas todas as vítimas do naufrágio. Ontem foi localizado mais um sobrevivente. Israel da Silva Souza passou por Vitória do Xingu, onde recebeu atendimento, e estava em Altamira. Todos os sobreviventes devem receber apoio psicológico do governo do Estado, considerando as possibilidades de trauma e depressão.

Causas

Também continuam as investigações sobre as causas do acidente. Para especialistas em meteorologia é duvidoso que uma forte tromba d’água, assemelhada a um "tornado", tenha feito a embarcação virar, como apontaram inicialmente as testemunhas. À Rede Liberal, o coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) José Raimundo Abreu de Sousa, destacou a importância de se observar a dinâmica dos ventos no momento da tragédia. "Ventos girando em torno de 60 km por hora seriam uma possibilidade." Imagens por satélite feitas pelo Sistema de Proteção da Amazônia apontam para forte temporal na hora do acidente, com vendavais passíveis até de destelhar casas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nove dos dez corpos resgatados da embarcação Capitão Ribeiro, que naufragou na noite de terça-feira (22), no Rio Xingu, entre as cidades de Porto de Moz e Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará, já foram liberados pela equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. O corpo de um homem, conhecido como Sebastião, a décima vítima, ainda aguarda oficialmente pelo reconhecimento da família.

As equipes mantiveram as buscas às vítimas até o fim da tarde dessa quarta-feira (23), e foram retomadas hoje (24) cedo. Uma balsa e embarcações da prefeitura de Porto Moz, além de lanchas do Corpo de Bombeiros, estão sendo utilizadas na operação. O helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) está apoiando as ações na área de buscas.

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De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, a embarcação - com capacidade para 90 a 100 passageiros - foi ancorada próxima da margem do rio com o apoio de uma balsa para facilitar o trabalho de procura por corpos.

A identificação dos mortos está sendo feita no ginásio municipal Chico Cruz por uma equipe de oito profissionais - entre peritos, médico e auxiliares - do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves de Belém e de Altamira. A embarcação acidentada, que saiu de Santarém, tinha como destino a cidade de Vitória do Xingu.

“Fizemos entrevistas com os familiares a fim de identificar características das vítimas para ajudar no reconhecimento. Contudo, a liberação está sendo agilizada”, disse o perito Felipe Sá, coordenador das unidades regionais do Centro de Perícias.

O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estadual coordenam as ações de busca, salvamento e atendimento social da sede da Câmara Municipal de Porto de Moz, onde foi instalado um gabinete de crise com a presença das forças de segurança estaduais, poder executivo municipal e demais órgãos envolvidos na operação de resgate das vítimas do naufrágio.

Investigação

A Polícia Civil já ouviu integrantes da tripulação e sobreviventes. O dono da embarcação já foi ouvido na manhã de ontem e informou que 48 pessoas, entre tripulação e passageiros, estavam a bordo.

De acordo com o delegado Elcio de Deus, de Porto de Moz, muitos sobreviventes disseram que a embarcação foi atingida por uma tromba d’água, fenômeno semelhante a um tornado. “A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. De acordo com os relatos a embarcação girou e afundou em seguida”, informou o delegado.

A Polícia Civil deve solicitar informações à Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon) e à Capitania dos Portos sobre a autorização concedida ao dono da embarcação Capitão Ribeiro.

*Com informações do site de notícias do governo do Pará

Cerca de 200 pessoas, entre indígenas, agricultores e pescadores afetados pela construção da Hidrelétrica de Belo Monte, ocuparam nesta sexta-feira o local onde a barragem será construída, próximo à vila de Santo Antônio. No local, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) ergue uma barragem de terra conhecida por ensecadeira. O protesto foi realizado para coincidir com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, a Rio+20.

Segundo os ambientalistas, o objetivo era denunciar os crimes socioambientais que estariam sendo cometidos com a construção de grandes projetos hidrelétricos na Amazônia. Belo Monte é a primeira de várias barragens que o governo brasileiro pretende construir na região.

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Munidos de pás, enxadas e picaretas, os manifestantes marcharam até uma das barragens e abriram um pequeno canal para "restaurar o fluxo natural do Xingu", informaram assessores do Xingu+23, evento realizado em Santo Antônio, a 50 km de Altamira, em comemoração dos 23 anos contra Belo Monte.

Enquanto era aberto o canal, outros ativistas usaram seus corpos para formar a mensagem "Pare Belo Monte". Em seguida, plantaram 500 árvores de açaí para estabilizar a margem do rio destruída pelo início das obras e ergueram 200 cruzes em memória daqueles que perderam a vida defendendo a floresta.

Uma delegação de observadores internacionais e ativistas de direitos humanos também estava presente. Além das manifestações em Santo Antônio, também foi realizada uma marcha por centenas de moradores até a sede da Norte Energia S.A (Nesa).

A coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), Antonia Melo, disse que a "luta está longe de um fim". "Nosso apelo para o mundo é que este rio se mantenha vivo. Nós, as pessoas que vivem ao longo das margens do Xingu, que subsistem do rio, que bebem do rio e já estão sofrendo as consequências desse projeto de morte, exigimos: "Pare Belo Monte!" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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