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A derrocada do preço do minério de ferro no ano passado levou para baixo a arrecadação de royalties da mineração no Brasil. Em 2014, a arrecadação com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) caiu 28%, passando de R$ 2,376 bilhão em 2013 para R$ 1,711 bilhão no ano passado, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Esse é o menor valor arrecadado desde 2011, segundo o DNPM, quando o montante levantado foi de R$ 1,560 bilhão. Em 2014 o preço do minério de ferro caiu pela metade, chegando a bater mínimas em cinco anos. Esse fato, inclusive, bateu de frente com os resultados da mineradora Vale.

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No caso do minério de ferro, a alíquota do CFEM é de 2% e incide sobre o faturamento líquido. A distribuição da arrecadação é feita da seguinte forma: 12% para a União, 23% para o Estado e 65% para o município produtor.

Uma mudança dos royalties cobrados era um dos principais temas discutidos no Marco da Mineração, que chegou a ser lançado pelo governo em 2013, mas que ainda não seguiu em frente. A proposta era elevar a alíquota cobrada, sendo que no caso do minério de ferro iria para 4% do faturamento bruto.

Em dezembro do ano passado, em encontro com analistas em Londres, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que o marco da mineração poderia voltar à pauta em 2015. Ferreira, no entanto, disse que há outros temas prioritários, que deverão ser colocados na pauta antes. O executivo lembrou ainda que o marco estava sendo discutido quando os preços passavam de US$ 120 a tonelada e que o cenário mudou, com os preços caindo quase pela metade.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou nesta quarta-feira que a proposta do novo marco da mineração, que será enviada ao Congresso, prevê que a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), o chamado royalty da mineração, deve ser elevado de uma média de 2% para cerca de 4%. Segundo o ministro, o governo quer que o royalty, que hoje incide sobre o faturamento líquido, seja cobrado sobre o faturamento bruto das empresas.

A proposta também vai criar a Agência Nacional de Mineração, que vai substituir o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Segundo o ministro, o Conselho Nacional de Política Mineral vai estabelecer o processo de licitação para a exploração de áreas minerárias, no lugar das atuais autorizações. O prazo de exploração será de 30 anos, renováveis por mais 20.

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Lobão disse que também deve haver cobrança de participação especial sobre áreas que sejam "extremamente generosas". Segundo ele, a maior parte dos recursos advindos dessa cobrança irá para os municípios. Estados também devem receber uma parte disso, e uma menor parte irá para a União.

O ministro afirmou que o governo ainda não decidiu o que vai fazer com os pedidos de autorização de exploração que já foram feitos ao DNPM, mas que ainda não receberam resposta. A análise desses pedidos foi suspensa desde que as discussões a respeito do novo código começaram. Lobão deu a entender, porém, que esses pedidos não devem ser aceitos. "Estamos examinando sob o ponto de vista jurídico, mas entendemos que enquanto a portaria de lavra não foi concedida, o processo não se concluiu, portanto é passível de modificação", afirmou.

A definição sobre a divisão dos royalties que serão cobrados na exploração do pré-sal pode acabar na Justiça. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que, se os governadores não chegarem a um acordo sobre como repartir os recursos arrecadados com a cobrança da compensação financeira e o Congresso insistir em manter a sistemática de rateio vetada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão acabará nas mãos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Se o Congresso derrubar o veto, o Palácio do Planalto só tem um recurso: recorrer ao STF para ver se consegue uma solução", disse Lobão. O embate sobre os royalties voltou a ganhar espaço depois que os governadores do Norte e do Nordeste ameaçaram forçar suas bancadas no Congresso a derrubar o veto do ex-presidente Lula, caso um novo modelo de distribuição do dinheiro não seja definido até meados de julho, quando se inicia o recesso parlamentar.

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"Se o Congresso derrubar o veto, o Palácio do Planalto só tem um recurso: recorrer ao STF para ver se consegue uma solução"

Um dos porta-vozes do grupo, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, admite que os chamados Estados produtores - como Rio e Espírito Santo - têm direito a uma parcela maior dos recursos. Porém, segundo ele, diante do potencial de petróleo a ser retirado da região, um novo modelo de distribuição precisa ser definido.

Ao sancionar a lei que definiu o modelo de exploração do pré-sal no fim do ano passado, o ex-presidente Lula acabou vetando o sistema de divisão de royalties aprovado pelos parlamentares. A fórmula previa um rateio dos recursos seguindo as regras dos fundos de participação de Estados e municípios (FPE e FPM), o que provocaria uma grande perda de receita para os cofres fluminense e capixaba.

Em seu lugar, Lula enviou um projeto restabelecendo a divisão acordada entre o Planalto e os governadores do Rio e do Espírito Santo em novembro de 2009. A proposta está encalhada na Comissão de Minas e Energia da Câmara desde o início do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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