Tópicos | Rumos Visuais

De 1998 a 2013, o programa de fomento Rumos Artes Visuais Itaú Cultural rastreou 400 artistas de todo Brasil, 35 dos quais estão reunidos na exposição Singularidades/Anotações, alguns já com carreira internacional, como a pintora e escultora Tatiana Blass, que, aos 35 anos, conquistou prêmios importantes no estrangeiro, e o fotógrafo Rodrigo Braga, cujo trabalho, marcado pelo choque - imagens da relação ancestral homem/natureza - já foi exposto em lugares como a Maison Européenne de la Photographie, em Paris. Os dois foram selecionados com mais 33 artistas para a mostra organizada pelos curadores Aracy Amaral, Paulo Miyada e Regina Silveira, que será aberta nesta quarta-feira, 27, no Itaú Cultural. Eles escolheram 60 obras que, em 2015, viajarão pelo Rio, Belo Horizonte e Fortaleza. Dez dos participantes vão ministrar workshops em várias cidades do País, mantendo a tradição do programa, a de promover o intercâmbio entre artistas.

Graças ao Rumos, alguns criadores com dificuldades de mostrar seus trabalhos, em virtude dos locais onde moram, puderam alcançar o eixo Rio-São Paulo - ainda o principal no mercado pelo número de instituições e galerias. Os curadores lembram, de imediato, dois nomes, o do cearense Vitor César, desde 2006 radicado em São Paulo, e o paulistano Yuri Firmeza, que se mudou para o Ceará, desenvolvendo seu trabalho no Nordeste, mas expondo regularmente na Capital (ele participa da 31.ª Bienal em setembro).

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Não só artistas, mas jovens curadores foram introduzidos no circuito pelo Rumos. Aracy Amaral e Regina Silveira lembram que o pernambucano Moacir dos Anjos, um dos curadores da 29.ª Bienal de São Paulo, começou sua carreira ingressando no programa. "Nos outros Estados não havia nada parecido e o Rumos fez com que Belo Horizonte e Curitiba, por exemplo, criassem programas para jovens artistas", completa o curador Paulo Miyada.

A linha curatorial não teve, contudo, a preocupação de estabelecer uma simetria regional. O critério, como sugere o título da exposição, foi a singularidade dos artistas, confirma a curadora Regina Silveira. De fato, não seria possível identificar uma tendência dominante depois de uma visita à mostra, considerando a diversidade de linguagens e técnicas - da pintura ao vídeo, passando por peças de alta tecnologia e instalações. No último caso está a obra A Espera (foto maior desta página), da dupla Leandro Lima e Gisela Motta, concebida no ano passado, que projeta sombras de um homem e uma mulher sentados em dois bancos de aço carbono.

A alta tecnologia está presente em obras como Arvorar, de Katia Maciel, em que o espectador sopra no bocal do microfone e as folhas de uma projeção começam a se mexer, ou na peça concebida por Lucas Bambozi, Obsolescence Trimmer (2012), que convida o visitante a manipular seu celular e ver diante de uma tela a imagem de centenas de telefones portáteis sendo destruídos pelo campo magnético gerado no ambiente. É, ao mesmo tempo, um manifesto contra o excesso de comunicação (sem qualidade) no mundo contemporâneo e contra o celular, diz Bambozi.

A questão do simulacro, que tanto preocupa a nova geração de artistas, está presente em obras como as fotografias da jovem Sofia Borges, paulistana de 30 anos que, na série Theater, deste ano, usa imagens copiadas e recicladas de desenhos, criando peças ambíguas que se assemelham a telas pintadas. A mostra traz também Autoridade, um dos primeiros trabalhos do veterano Caio Reisewitz, paulistano de 47 anos, criado para o primeiro Rumos, em 1998. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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