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A chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, foi acompanhada de protestos e confrontos entre ruralistas e integrantes de movimentos sociais nesta quarta-feira, 21. Caravanas que chegavam para apoiar Lula foram recebidas com pedras jogadas contra os ônibus, mas não houve feridos.

Já em frente ao Museu Getúlio Vargas foi registrado um pequeno incidente em que um manifestante do MST foi agredido sem maiores consequências. O forte aparato policial evitou confrontos e direcionou grupos rivais para locais em que pudessem ser controlados.

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O ato político estava marcado para as 14h na Praça XV de Novembro, no centro da cidade onde fica o Mausoléu Presidente Getúlio Vargas, mas só começou por volta das 17h. Muitos pronunciamentos entremeados com apresentações artísticas seguraram o público por várias horas até a chegada de Lula, que estava acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff, da presidente do PT, Gleisi Hofmann, e de lideranças locais como o ex-governador Olívio Dutra.

O discurso de Dilma Rousseff destacou principalmente a instalação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e do Instituto Federal Farroupilha (IFF) na cidade, além do que chamou de "golpe" para tirá-la do poder. Ela ainda falou sobre os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e o ex-governador Leonel Brizola, todos com forte ligação com São Borja - os túmulos dos três políticos trabalhistas estão no cemitério do município.

Lula iniciou seu discurso atacando o que chamou de "direita fascista", que, no seu entendimento, "muitas vezes se beneficiou dos recursos do Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar) para adquirir máquinas com valores subsidiados." O ex-presidente lamentou o clima tenso comandado por "empresários e ruralistas", afirmando que seu partido não adotaria a mesma atitude. "Isso não faz parte da democracia."

Ocorreram pequenos confrontos entre um grupo que protestava contra Lula e usava frases que pediam sua prisão e, de outro lado, integrantes da CUT e do MST em defesa do ex-presidente. O ato foi encerrado pouco depois das 18h. A caravana seguiu, ainda sob forte esquema de segurança, para a região das Missões, onde Lula visita as cidades de São Miguel e Santo Ângelo.

Os restos mortais do ex-presidente João Goulart retornam para o município de São Borja (RS) nesta sexta-feira (6). Eles estavam sob os cuidados do Instituto Nacional de Criminalística(INC) do Departamento da Polícia Federal, em Brasília, desde o dia 13 de novembro, quando ocorreu a exumação. 

No dia 14 de novembro, os despojos do ex-presidente foram recebidos com honras militares, em cerimônia que contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor.

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A exumação dos restos mortais de Jango, como era chamado, faz parte da investigação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre a morte do ex-presidente. Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. A CNV analisa a possibilidade de João Goulart, que oficialmente teve como causa da morte um ataque cardíaco, ter sido assassinado pela ditadura militar, na chamada Operação Condor, um plano organizado pelas ditaduras do Cone Sul para perseguir opositores.

O processo de análise dos restos mortais é coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, CNV e pelo Instituto João Goulart e conta com a participação de peritos da Polícia Federal. As atividades tiveram início em agosto com a visita de preparação técnica ao túmulo do ex-presidente, em São Borja.

O grupo de trabalho e especialistas designados pela família do ex-presidente participaram de todos os procedimentos de exumação e análises que buscam apurar a causa da morte de Jango. Mas, após 37 anos da morte, há possibilidade de que os exames não sejam conclusivos.

Os despojos do ex-presidente embarca em voo da Força Aérea Brasileira, em Brasília, por volta das 7h30. O esquife de João Goulart irá diretamente para São Borja, onde desembarcará por volta das 11h. Do aeroporto municipal, os restos mortais seguirão para a Igreja Matriz São Francisco de Borja, onde ocorrerá uma celebração religiosa às 14h.

A reinumação (novo enterro) está programada para as 16h, no Cemitério Jardim da Paz, no jazigo da família.

Uma equipe de peritos da Polícia Federal, da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público Federal vai a São Borja (RS) na próxima quarta-feira, 21, para preparar a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart. Os técnicos vão analisar as características do túmulo e do cemitério, verificar se há necessidade de isolar a área próxima e identificar a estrutura existente para o transporte do material até o aeroporto. Com base nos dados que levantarem, farão o planejamento da operação, que não tem data definida, mas que pode ser marcada para a segunda quinzena de setembro, segundo fontes da Polícia Federal.

A decisão de agendar a exumação e de estabelecer todos os passos da retirada e análise dos restos mortais será tomada por representantes de todos os órgãos envolvidos, em Brasília, dia 17 de setembro. É certo que os restos mortais, quando retirados do cemitério de São Borja, serão levados para a capital federal. Além dos técnicos brasileiros, participarão do trabalho peritos argentinos, uruguaios e da Cruz Vermelha. Familiares do ex-presidente acompanharão toda a investigação.

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Afastado da presidência pelo golpe de 1964, João Goulart morreu no exílio em Mercedes, na Argentina, em 6 de dezembro de 1976, e foi enterrado em São Borja. A versão do enfarte sempre gerou alguma desconfiança entre apoiadores de Goulart. Em 2002, o ex-agente da repressão uruguaia Mario Barreiro Neira disse ao jornal La Republica que o ex-presidente brasileiro teria sido envenenado. A morte ocorreu no mesmo ano em que o Plano Condor assassinou o ex-senador uruguaio Zelmar Michelini e o ex-presidente boliviano Juan José Torres em Buenos Aires, o que aumentou a suspeita de que Goulart também teria sido vítima de "causas externas" e não dos problemas cardíacos que tinha. O Ministério Público Federal investiga o caso desde 2007. Com autorização da família, a Comissão Nacional da Verdade decidiu fazer a exumação neste ano, na tentativa de acabar com o mistério.

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