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O sonho de todo músico é juntar parceiros com os quais tem intimidade artística em repertórios muito amados. A violinista holandesa Janine Jansen diz que realizou este sonho no CD (selo Decca) onde interpreta o sexteto para cordas "Noite Transfigurada" de Schoenberg e o "Quinteto para Cordas em Dó Maior" de Schubert, com Boris Brovtsyn ao violino, Amihai Grosz e Maxim Rysanov nas violas e Torleif Thedeen e Jens-Peter Maintz nos violoncelos (Rysanov toca só no sexteto). Embora não sejam parceiros permanentes, são convidados frequentes do Festival de Utrecht, que Janine dirige há dez anos. E a performance foi uma comemoração da data redonda do evento.

São "duas das mais belas obras camerísticas", diz a violinista de 36 anos. Impossível discordar. Uma do início de carreira do compositor que inaugurou a modernidade na música do século 20; a outra, um dos testemunhos finais de um dos mais perfeitos criadores de música de câmara de todos os tempos.

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Arnold Schoenberg provocou polêmica, na passagem dos séculos 19/20, com "Noite Transfigurada". E por três motivos: 1) foi recusada pela Sociedade de Música de Viena por conter um "acorde inexistente", uma nona invertida; 2) ele usou um poema de Richard Dehmel, poeta então tido como pornógrafo; e 3) o poema é muito parecido com uma típica trama da telenovela global das 9: um casal passeia à meia-noite sob a lua; e ela revela ao amado que está grávida... de outro.

Janine e seus parceiros imprimem uma carga emocional perfeita a esta música genial, de transição, mal acomodada nos limites convencionais da tonalidade, ideal para expressar o conflito emocional do poema.

Curiosamente, o célebre quinteto de cordas que Schubert compôs dois meses antes de morrer, em 1828, também contém forte carga emocional. Ao imenso Allegro ma non troppo inicial, de quase 20 minutos, segue-se um dos adágios mais celebrados da história da música - e este talvez seja o momento mais emocionante desta gravação excepcional.

Numa entrevista recente, a violinista ressalta que gosta destas duas obras justamente pela inclusão do segundo cello. "Eles proporcionam um calor suplementar que considero maravilhoso." Tem razão. Schubert e Schoenberg construíram duas obras-primas absolutas, que recebem aqui interpretações modelares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Teatro de Santa Isabel vai receber nesta quarta-feira (25) mais uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Recife, regida pelo maestro Marlos Nobre. A apresentação começa às 20h e traz como solista convidado o violoncelista pernambucano Felix Borges, que irá executar o Concerto para Violoncelo e Orquestra, do tcheco Antonin Dvorak, obra que possui três movimentos: Allegro, Adagio ma non troppo e Finale. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos a partir das 19h na bilheteria do local.

Marcos Nobre vai fazer a abertura da noite com a peça "Convergências opus 28", composta por ele próprio em 1977 para o I Festival de Música Contemporânea de Maracaibo, na Venezuela. Depois da participação do solista Felix Borges, a Orquestra toca a Sinfonia nº 8 de Schubert, uma das obras mais importantes do artista, composta em 1822. 

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O concerto será encerrado com a execução do marcante Bolero de Maurice, peça com fortes características espanholas. O trabalho é resultado de uma encomenda feita para acompanhar um balé que estreou em Paris em 1928.


Serviço

Concerto da Orquestra Sinfônica do Recife – Maestro Marlos Nobre

25 de outubro | 20h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

Gratuito

(81) 3355 3324 

Os artistas Adriano Pinheiro, Jailson Raulino e Fernando Muller se apresentam nesta quarta (28), às 19h30, no Conservatório Pernambucano de Música (CPM). O trio interpretará obras de Pedro Iturralde, Louis Spohr, Estércio Marquez Cunha e Franz Peter Schubert. O evento intitulado Quarta Musical, acontece no auditório Cussy de Almeida, do CPM, e faz parte das comemorações do aniversário de 83 anos da instituição. 

Nascido em Navarra, Pedro Iturralde foi um saxofonista espanhol de jazz e professor do Royal Conservatory of Music de Madri. Desenvolveu estudos em saxofone, clarinete, guitarra, violino e piano. 

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Já Luis Sporh, importante compositor do romantismo, também violinista e regente alemão, foi músico de câmara da corte do Duque de Brunswick e diretor-geral de música em Kassel. Suas canções Sei Still mein Herz, Zwiegesang, Sehrsucht, Wiegenlied, Das heimliche Lied e Wach auf serão interpretadas durante o recital.

O brasileiro Estércio Marquez Cunha, compositor goiano e professor do Conservatório Goiano de Música, da Universidade Federal de Goiás e da Faculdade de Artes da Universidade Federal de Uberlândia, também será lembrado durante a apresentação.

Outro compositor que será homenageado é o inventor do Lied alemão e compositor de obras para óperas, sinfonias e músicas de câmara, o compositor austríaco, Franz Peter Schubert. Ele terá sua obra Der Hirt auf dem Felsen executada no concerto.

Serviço

Quarta Musical

Quarta (28) l 19h30

Conservatório Pernambucano de Música (Av. João de Barros, 594 - Boa Vista)

Gratuito

Eles estão juntos há 26 anos - e sempre em busca de descobrir algo novo naquele sentimento que os uniu desde o primeiro dia: a paixão pela música de câmara. Foi ela que levou Cenek Pavlík, Marek Jerie e Ivan Klánský a formar o Trio Guarneri de Praga. Trata-se de um dos principais conjuntos de câmara em atividade - e nesta quinta-feira (27), se apresenta na série de câmara do Cultura Artística Itaim, na capital paulista.

Eles vão interpretar o Allegretto para piano, violino e violoncelo de Beethoven e o Trio n.º 2 de Schubert. A ideia, explica o violoncelista Jerie em entrevista à reportagem, era montar um programa curto.

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"Escolhemos o Schubert e então veio a ideia de combiná-lo com este Beethoven mais curto e especial", diz. Antes da apresentação, os músicos conversam rapidamente sobre suas carreiras e o repertório com o público, em bate-papo intermediado pela jornalista Gioconda Bordon.

O segundo trio de Schubert data de 1827 e é uma das últimas peças do escritor, morto um ano depois. Carrega, por conta disso, uma característica dupla, diz Jerie. "Você pode sentir muito claramente um certo otimismo da juventude mas, ao mesmo tempo, há uma profundidade que faz desta peça uma obra-prima no repertório para piano, violino e violoncelo. Não nos cansamos dela."

Jerie conta que a peça faz parte da carreira do trio desde o início. E como sente que a interpretação para ela se transformou ao longo desse período? "É interessante, pois no começo, quando ainda estamos tateando, tentamos tocar tudo o que está escrito, respeitando o temperamento da música ao máximo e com cuidado. Com o tempo, porém, depois de uns dez anos, você começa a desenvolver uma outra relação e ela permite estabelecer leituras mais pessoais, com atenção especial a algumas frases, algumas passagens específicas."

TRIO GUARNERI DE PRAGA - Teatro Cultura Artística Itaim. Avenida Presidente Juscelino Kubitschek 1.830, Itaim Bibi, 4003-1212. Hoje, às 21 h. R$ 60.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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