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O senador Cristovam Buarque (PPS), que foi ministro no governo Lula, escreveu um artigo nesta semana para O Globo sobre o julgamento do recurso do ex-presidente, que acontece nesta quarta (24), em Porto Alegre. O curioso é que Cristovam, ao dirigir uma série de críticas ao líder petista, utilizou o verbo “criticam” dando a entender que não queria detonar Lula diretamente. 

Cristovam Buarque disse que se o Brasil fosse um corpo celeste, estaria ingressando em um “buraco negro”. "O ano começa com o julgamento de Lula na segunda instância. Ele poderá ser absolvido da condenação na primeira instância ou, se confirmada, ele terá sua candidatura suspensa, por força da Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele próprio em junho de 2010. Se a sentença na primeira instância for rechaçada, as outras condenações da Lava-Jato ficarão sob suspeição. A população vai entender como uma volta ao tempo das propinas como prática aceita na política. Entraremos na escuridão da descrença na Justiça”, expôs. 

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O senador falou que os que conhecem Lula têm “sérias críticas” a fazer no que chamou de prática populista liderada pelo petista. “Criticam sua responsabilidade na escolha da candidata Dilma, como também na escolha de Michel Temer para vice-presidente, sabendo das suspeitas que pairavam sobre ele; a subordinação que ele fez da educação aos interesses eleitorais, substituindo a Bolsa Escola pela Bolsa Família e iludindo o povo com mais vagas no ensino superior sem o correspondente esforço na educação de base”.

“Criticam seu uso, antes do Trump, de narrativas falsas para apresentar um Brasil que não era verdadeiro. Mas, ainda que acreditando no depoimento de Antônio Palocci sobre o pacto de sangue, muitos desses críticos não têm certeza das provas de que ele se corrompeu por um apartamento na praia”, ressaltou. 

Cristovam Buarque ainda salientou que, mesmo que o ex-presidente seja condenado, ele poderá usar o direito legar de apelas para instâncias superiores. “Poderá ser candidato, vencer a eleição e a Justiça Eleitoral diplomar o segundo colocado, que tomará posse, conforme a lei. A eleição com candidatos cassados pela Justiça é legal e democrática, mas tira parte da credibilidade que a democracia exige na escolha de um presidente capaz de liderar o país. Sobretudo quando o povo percebe que notórios corruptos não serão cassados pela Justiça. Mesmo assim, não há democracia sem respeito à legalidade; e a Lei da Ficha Limpa em vigor condena cassando”. 

 

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