A Ucrânia revelou nesta sexta-feira (16) ter encontrado uma vala comum com centenas de corpos, de civis e militares mortos durante os combates e a ocupação russa, em uma floresta próxima a Izium, cidade do leste do país retomada recentemente pelas forças de Kiev.
Segundo as autoridades locais, 443 sepulturas foram encontradas na floresta. Entre estas havia uma cova com os corpos de 17 soldados ucranianos.
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Inspetores cavavam nesta sexta-feira o solo arenoso, perto de uma cruz com a frase "exército ucraniano, 17 pessoas. Izium, do necrotério".
De acordo com Oleg Kotenko, secretário do governo para a busca de pessoas desaparecidas, as sepulturas foram cavadas durante os combates no momento da tomada da cidade pelas forças russas em março, e também durante a ocupação russa, que terminou na semana passada. Algumas tinham vários corpos.
"As sepulturas sem nome são as de pessoas (encontradas) na rua", disse Kotenko, antes de destacar que "muitas pessoas morreram de fome".
"Esta parte da cidade estava isolada, sem abastecimento. As pessoas estavam bloqueadas, nada funcionava".
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos informou que pretende enviar rapidamente uma equipe a Izium para "determinar as circunstâncias da morte destas pessoas".
- Salas de tortura -
O chefe da polícia nacional da Ucrânia, Igor Klimenko, anunciou a descoberta de "10 salas de tortura" em localidades reconquistadas dos russos na região de Kharkiv, duas delas na cidade de Balakliya.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou na quarta-feira a cidade de Izium, em sua primeira viagem à região próxima da fronteira com a Rússia desde a saída das forças russas, expulsas graças a uma contraofensiva em várias frentes nas últimas semanas.
O conselheiro da presidência ucraniana, Mikhaylo Podolyak, afirmou que as covas encontradas são apenas "um dos lugares de enterros em larga escala descobertos perto de Izium".
"Durante meses, o terror, a violência, a tortura e os assassinatos em massa reinaram nos territórios ocupados", destacou.
Correspondentes da AFP entraram em Izium, cidade que tinha 50.000 habitantes antes da guerra, pouco depois da partida das forças russas na madrugada de sábado para domingo.
A devastação era evidente, com casas e prédios administrativos destruídos nos combates e os destroços de tanques espalhados pelas estradas.
Zelensky comparou a descoberta de Izium com o cenário de Bucha, cidade próxima de Kiev, onde foram encontrados os corpos de civis executados após a saída das tropas russas no fim de março. Moscou nega ter cometido estes crimes.
Na frente de batalha, 12 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira em bombardeios russos contra áreas recentemente liberadas pelas forças ucranianas na região de Kharkiv.
Na região separatista pró-Rússia de Lugansk, no Donbass (leste), o procurador-geral Serguei Gorenko morreu ao lado da vice-procuradora Ekaterina Steglenko em uma explosão em seu local de trabalho.
- Combates em Lugansk -
Na região de Lugansk prosseguiam os "combates por posições. Em Donetsk os bombardeios russos, em particular contra Bakhmut, deixaram cinco mortos e seis feridos, segundo a presidência ucraniana.
Na frente de batalha do sul, as forças ucranianas enfrentam uma resistência maior que em Kharkiv, mas o exército de Kiev continua bombardeando as pontes utilizadas pelas tropas do Kremlin, segundo a mesma fonte.
Após a invasão iniciada em 24 de fevereiro, os países ocidentais adotaram várias sanções contra a Rússia e entregaram armas à Ucrânia.
Neste sentido, o governo dos Estados Unidos validou na quinta-feira um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia de 600 milhões de dólares. Washington já forneceu mais de 15 bilhões de dólares em ajuda militar a Kiev.
Durante uma visita à capital ucraniana na véspera, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu que a UE permanecerá ao lado da Ucrânia "pelo tempo necessário".
Ela defendeu, em uma entrevista a um canal alemão, que o presidente russo, Vladimir Putin, preste contas algum dia à justiça internacional.
Por sua vez, Putin se reuniu com o presidente chinês Xi Jinping no Uzbequistão durante um fórum regional, durante o qual destacou a influência crescente dos "novos centros de poder" ante o Ocidente.
Nos últimos meses, Moscou se esforçou para intensificar os vínculos com a Ásia para contra-atacar as sanções ocidentais impostas em represália pela invasão da Ucrânia.