Tópicos | Vale do Catimbau

As fotógrafa Teresa Maia e Isabela Cribari, da Mirabília Photo, promovem, entre os dias 9 e 11 de outubro, expedição fotográfica pelo Vale do Catimbau, localizado entre o Agreste e o Sertão pernambucano. As inscrições são feitas on-line e custam R$ 1.200, por pessoas, e seguem até 8 de outubro ou até atingir o limite de vagas.

Para participar da iniciativa, os interessados devem possuir  equipamento fotográfico ou smartphone. A expedição possibilitará fotógrafos profissionais e amadores a retratar os integrantes da tribo Kapinawá, considerados extintos no Brasil. 

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Serviço

Expedição Fotográfica Vale do Catimbau / Kapinawá

De 9 a 11 de outubro

Inscrições: Até 8 de outubro (ou ao atingir o limite de vagas)

Contato: (81) 99969-5671

A cidade de Buíque, Sertão de Pernambuco, testemunhou um grande incêndio no último domingo (29). As chamas tomaram conta do galpão da Organização Não-Governamental Amigos do Bem, que luta pela erradicação da fome e possui estrutura localizada no parque arqueológico do Vale do Catimbau. 

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Através do Facebook, membros da ONG relataram que o fogo não cessava e, no Sertão, a falta de água dificulta incidentes do tipo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo foi debelado na tarde do domingo, mas não se sabe o horário que as chamas se iniciaram.

Os prejuízos ainda não foram contabilizados, mas os representantes garantem que tudo virou pó. “Nós perdemos tudo. Todas as doações de alimentos, roupas, materiais escolares, ferramentas e o mais importante: todo o estoque da produção de castanha de caju, que gera renda para as famílias e é um recurso muito importante para o projeto”.

Por conta disso, a Amigos do Bem está arrecadando doações para recuperar o que foi perdido. A ONG informa que para ajudar basta acessar o site indicado ou realizar depósito na seguinte conta bancária: 

Razão Social: AMIGOS DO BEM INSTITUIÇÃO NACIONAL CONTRA A FOME E A MISÉRIA – CNPJ: 05.108.918/0001-72

Itaú: Ag. 0466 - CC 64653-6

Banco do Brasil: Ag.1193-2 - CC 10837-5

Bradesco: Ag. 1336-6 - CC 500-2

 

 

Formado por 28 fotógrafos, o Coletivo Vagalume apresenta a partir do dia 6 de junho, no Centro Cultural dos Correios, localizado no Bairro do Recife, a exposição fotográfica Catimbau: Contrastes de um Paraíso. Resultado de uma visita realizada no Parque Nacional do Vale do Catimbau, situado entre o agreste e o sertão de Pernambuco, para registrar as belezas naturais e os habitantes da região, a mostra é dividida em três ambientes e conta com objetos que retratam o ambiente árido da região, como gambiarras e árvores secas, além dos utensílios utilizados pelos moradores do Vale do Catimbau.

Com objetivo expandir o diálogo para a conservação do Parque Nacional e proporcionar uma visibilidade maior ao local cujo potencial turístico ainda é pouco explorado, o Coletivo Vagalume ainda realizou ações solidárias que envolviam doações de alimentos, água e roupas para as pessoas que sofriam com a seca na região durante a visita ao Catimbau. 

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A exposição segue até o dia 7 de julho e as visitações acontecem das 9h às 18h, de segunda a sexta, e das 12h às 18h aos sábados e domingos. 

Serviço

Exposição Catimbau: Contrastes de um Paraíso

De 6 de junho a 7 de julho 

De segunda a sexta l 9h às 18h

Sábados e domingos l 12h às 18h

Centro Cultural dos Correios (Av. Marquês de Olinda, 262 - Bairro do Recife)

Gratuito

Para a coluna de hoje, conversei com a Dra. Ednilza Maranhão, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), líder do grupo de pesquisa em Conservação e Uso Sustentável do Bioma Caatinga e que relata um pouco de sua experiência com pesquisas voltadas para a região, exibindo um retrato atual deste importante bioma pernambucano. Só tenho a agradecer a professora Ednilza Maranhão por ter aceito a conversa e espero que esta seja apenas a primeira de muitos outras!

Qual o “retrato” atual do bioma caatinga em relação à conservação e/ou destruição?

Bem, em primeiro gostaria de agradecer o convite e dizer que falar Bioma Caatinga é sempre uma satisfação enorme. Esse bioma, exclusivamente brasileiro, deveria ter mais atenção por parte dos nossos governantes. Ele apresenta diferentes feições, o que o torna mais admirável e interessante do ponto de vista da sua biota, com destaque para as adaptação às condições semiáridas. Apesar de crescente interesse, basicamente pelo incentivo do MMA, atualmente as pesquisas vem crescendo e revelando potencialidades dos recursos naturais registrados para o bioma, todavia, ainda há muito que desvendarmos. E precisamos dessas descobertas para embasar e dar força à defesa dessas diferentes paisagens, bem como conseguir manter o homem no semiárido  e conservar uma parcela representativa do potencial genético que ainda existe. Com tanta coisa para descobrir na Caatinga, tem-se o risco desse bioma desaparecer sem antes ser estudado por completo. O desmatamento é hoje o pior inimigo do bioma e também do sertanejo. A indústria, principalmente de gesso, vem contribuindo com a destruição da Caatinga, o empobrecimento do solo, a desertificação e o abandono das terras pelo homem. Perdemos cerca de 50% do Bioma e os dados evidenciam que essa destruição é crescente e sem limite. Precisamos de políticas mais direcionadas para minimizar os impactos e/ou estratégia alternativas de utilizar o recurso de forma sustentável

Como avaliar a biodiversidade do Vale do Catimbau?

O Vale do Catimbau é o nosso único Parque Nacional de Pernambuco no semiárido. Nesse local, além das belas paisagens, com destaque para as Caatingas e Brejo de Altitude, há a importância histórica e geomorfológica. É uma das áreas com maior riqueza de anfíbios e repteis na região semiárida de Pernambuco e tem muita coisa ainda para se descobrir. Através de pesquisas recentes tem sido possível documentar vários táxons novos entre invertebrados, principalmente abelhas, e também vertebrados.

Fale um pouquinho sobre suas pesquisas no Vale do Catimbau e como os resultados estão ajudando a conservação da biodiversidade do local?

Até o momento foi pontuado 12 área de interesse para Herpetofauna (estudo dos anfíbios e répteis) no Vale do Catimbau, entre essas duas espécies novas de Squamata (um lagarto  um anfisbenídeos), até o momento considerado endêmico e acreditamos que mais espécies novas serão publicadas pois existe áreas ainda para ser inventariadas. Uma das áreas de grande relevância biológica é o brejo São José, um dos locais que é possível identificar elementos de Caatinga e também da Mata Atlântica

Por ser uma Unidade de Conservação do tipo Parque Nacional, muitos pesquisadores relatam falhas na gestão do parque (como por exemplo: falta do plano de manejo, presença de habitantes dentro da área,  corte e queimadas de vegetação nativa entre outros) vc concorda com esta opinião?

Infelizmente sim. O PARNA enfrenta problemas graves um deles está relacionado com questões fundiárias. Tem muita gente que ainda não foi indenizada pela desapropriação das terras e existe também os aproveitadores, aqueles que não são moradores, mas recentemente estão invadindo as áreas dentro dos limites do parque com o objetivo também de receber uma indenização do governo. Existe um desconforto quando se falar em Guia e a comunidade, todo mundo quer ganhar um dinheirinho com o turista e com isso não existe uma organização. Pare resumo ir o Parque necessita urgentemente de um bom gestor. Esse administrador dessa UC não pode trabalhar isoladamente tem que buscar parcerias com a comunidade local de forma transparente e juntos definir regras e prioridade. É muito triste visitar áreas com pinturas rupestres e ver painéis destruídos por vândalos, área sendo desmatadas, pessoas caçando, bichos sendo atropelados nas estradas  que dar acesso aos limites parque e não se ter uma estratégia ou uma fiscalização para isso precisa de um bom gestor e uma equipe de fiscalização atuante.

O que você sugeriria para melhorar/adequar o parque, para que haja efetivamente o uso sustentável?  

Segundo o SNUC (Sistema nacional de Unidade de Conservação) o PARNA é de proteção integral. Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico

O CNPq estar com um edital aberto exclusivamente voltado para pesquisas em Unidades de Conservação de bioma caatinga, e neste edital o Parque do Catimbau foi contemplado. Como vc acredita que este edital ou pesquisas nesta região poderão ajudar no cenário de desconhecimento, impactos e destruição que são relatados para área?

Acredito que o instrumento mais eficiente para melhor manejar o parque é a informação, esse edital é na realidade uma luta de vários pesquisadores e ONG preocupados com as UCs e o Catimbau merece. Com os estudos será possível se ter um diagnóstico real e atual sobre essa U.C. e direcionar melhor as medidas e conservação. Todavia é interessante que todos os seguimentos e áreas diferentes de pesquisas sejam contempladas. 

 

Fotos: Arquivo pessoal de Edinilza Maranhão

Sítios geológicos e geomorfológicos conferem às regiões do Agreste e Sertão de Pernambuco inúmeras formas exóticas de relevo e vegetação, cujas feições exibem exuberante beleza na paisagem interiorana, o que confere grande potencial turístico a estas regiões.  É no entorno de formas exóticas, com agregados recursos naturais e bens patrimoniais, que ocorrem os conflitos de interesses entre a exploração econômica da paisagem/recurso e a conservação dos mesmos.

Distante 260 km da capital Pernambucana, encontra-se o Vale do Catimbau no município de Buíque. Devido a suas feições geológicas, como a presença de cânions (formações rochosas pontiagudas, semelhantes a paredes), resultantes de depósitos em formas de geleiras nesta região (quando o Brasil estava ligado a África- aproxidamente 370 milhões de anos atrás), possibilitam a esta região grande biodiversidade e beleza. Além da paisagem, o local apresenta como ferramenta à exploração turística a presença de pinturas rupestres nas paredes do cânion e das cavernas nos arredores da região. O que lhe confere o titulo de segundo maior parque arqueológico do Brasil, e apresenta registro da passagem das primeiras ocupações pré-históricas, há mais ou menos 6000 anos.

Em 2002, a área foi elevada a categoria de Parque Nacional do Catimbau (Decreto de 13/12/2002), com o objetivo de preservar os ecossistemas naturais existentes, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e turismo ecológico.

Apesar da presença de instrumentos legais que coíbem práticas de turismo insustentável na região, bem como de atividades predatórias dentro da reserva, esta área sofre com a destruição das pinturas rupestres e outros impactos associados ao turismo e a falta de emprego para a população que ainda permanece dentro dos limites da reserva. Estes fatos denotam a necessidade de planejamento na gestão dessa área de maneira a executar o que está previsto nos instrumentos legais, bem como sensibilizar a população do entorno sobre a importância da preservação das pinturas rupestres existentes (patrimônio histórico-cultural de valor imaterial).

Além disso, estudos na região denotam a importância de serviços voltados ao apoio e orientação aos visitantes de maneira a garantir atividades turísticas sustentáveis na área. O processo de educação ambiental também deve ser realizado com as populações que não foram desapropriadas e permanecem no local de forma a abordar a importância da manutenção do registro rupestre na região e a preservação paisagem. A sensibilização do turista, anterior a sua passagem nas trilhas do parque, asseguraria uma maior lembrança da importância da preservação da qualidade ambiental.

Um fator agravante é que, devido a falta de emprego na região, especialmente em épocas de seca, os moradores caçam e retiram madeira para cozer seus alimentos, sendo a única fonte de renda/alimentação da população. Nesta situação, uma alternativa seria a criação de alternativas de renda no período de seca, bem como a criação de um beneficio para população em épocas de menor turismo. 

Apesar de simples, as alternativas acima requerem gestão estratégica da Unidade de Conservação do tipo Parque Nacional, que mesmo “assegurada” por lei, infelizmente não é efetiva. Esta situação do Vale do Catimbau não é uma exceção das Unidades de Conservação Brasileira. A maioria delas nem sequer apresenta plano de gestão ou manejo. E o vale de impactos... na verdade mostra que, o que vale mesmo, são os impactos! Estes denotam a necessidade imediata de gestão efetiva tanto das áreas que apresentam instrumentos legais de proteção, bem como aquelas que não. 

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