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Álvaro Vinícius tem 17 anos e mora no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. É aluno do 1° ano do ensino médio de uma escola pública do centro do Recife. Assim que concluir os estudos pretende cursar uma faculdade e começar a trabalhar. Já Cristiane Araújo, 42 anos, mora na Mustardinha, Zona Oeste, e tem quase o triplo da experiência de Álvaro. Mas ela também sonha: quer comprar uma casa confortável.
##RECOMENDA##Mesmo com desejos distintos, os dois refletem o resultado de um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU, encomendado pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio. O estudo qualitativo abordou cidadãos das classes C e D, moradores de bairros periféricos do Recife, sobre variados temas, como segurança, educação, política e família.
Quando o assunto é “vencer na vida”, os entrevistados ressaltam sempre a realização dos sonhos como indicador de sucesso. Mas apesar da mesma afirmação, eles sonham de forma diferente. Os mais jovens como Álvaro desejam um emprego e conforto, enquanto os entrevistados mais maduros, representados por Cristiane, querem adquirir uma casa, dinheiro, saúde e garantir a feira no final do mês.
Para o cientista político Adriano Oliveira, coordenador da pesquisa, essa disparidade ocorre porque os entrevistados mais maduros têm desejos “básicos”, que surgiram em virtude de sonhos não realizados. “Os jovens ainda estão sonhando. Desejam emprego e conforto. Eles ainda, aparentemente, não sofreram e nem passaram, obviamente, pelas experiências de vida dos maduros. Por isto, os sonhos são diferentes”, explica.
Na opinião da cozinheira Lurdes Carla, 46, para vencer na vida é preciso saúde, emprego e fé em Deus. Para Álvaro é preciso estabilidade financeira e uma base familiar. “O dinheiro também é necessário, mas tem coisas mais importantes”. Cristiane concorda e acrescenta a boa vivência em sociedade como outro recurso importante para alcançar o sucesso.
Assim como Álvaro e Cristiane, a feirante Paloma Pâmela Maia, 20, também tem planos para realizar. Grávida do segundo filho, trabalha diariamente na Feira de Afogados para proporcionar um futuro melhor para as crianças. “É daqui que tiro o pão de cada dia. Ainda quero ter a minha casa”.
A pesquisa também questionou sobre o desejo de consumo e revelou mais uma diferença. Quando sobra um dinheirinho no final do mês Álvaro gasta com roupas, idas ao cinema e ao shopping. Paloma tem outras preocupações. “Junto para investir em móveis melhores para a minha casa, alimento e coisas para meus filhos”.
“Destacamos que os eleitores maduros mostram preocupação com o necessário. Isto é: é importante comprar, mas o necessário, pois o “dinheiro tá curto”. As diversas responsabilidades financeiras dos maduros fazem com que eles, apesar de gostarem de consumir, sejam mais criteriosos/seletivos com o que consumir. Já os jovens não mostram disposição em serem seletivos no momento de consumir”, conclui Adriano.
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