Tópicos | Viadutos da Agamanon Magalhães

Foi divulgado nesta sexta-feira (11), no Diário Oficial do Estado, pela Secretaria das Cidades, o resultado da licitação para a construção dos viadutos Bandeira Filho, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Paissandu, localizados ao longo da Agamenon Magalhães, principal avenida do Recife.

O grupo ganhador da licitação é formado pelas empresas JM TERRAPLANAGEM E CONSTRUÇÕES e CONSTRUTURA CIDADE, sendo a primeira com sede em Brasília, no Distrito Federal, e a segunda em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Eles ofertaram o valor de R$ 87 milhões para a construção dos viadutos. 

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A licitação, que foi iniciada no dia 6 de março, contou com sete participantes, sendo um grupo desclassificado e outro inabilitado. Já as cinco empresas habilitadas terão até cinco dias úteis a partir da publicação do resultado para entrar com recurso.  A homologação com o resultado definitivo da empresa ganhadora será divulgado até 30 de maio. 

A construção dos quatro viadutos na Agamenon Magalhães irá possibilitar a implantação do corredor exclusivo de Transporte Rápido por Ônibus (TRO) e terá 37,9 km de extensão. Os elevados fazem parte da segunda etapa do Corredor Norte-Sul, que tem início no Shopping Tacaruna, em Olinda, e segue até o Terminal de Integração Joana Bezerra – um total de 4,7 km de extensão.

Os quatro viadutos estarão centrados entre a Ilha do Leite e o Parque Amorim – em uma extensão total de 2,2 km –, e serão construídos em cerca de 18 meses a partir da ordem de serviço. 

Segundo o secretário das Cidades, Danilo Cabral, ainda não se sabe se os viadutos serão construídos simultaneamente ou não, tudo dependerá do plano de circulação que será entregue ao estado antes do início das obras. “O Plano irá nos guiar para que façamos todas as rotas alternativas para os motoristas. Com as informações em mãos, faremos um planejamento do tráfego junto à Prefeitura do Recife e um grande trabalho de divulgação para informar todas as mudanças à população”, ressaltou.

Corredor Norte-Sul (1ª etapa) – O investimento nas obras será de R$ 151 milhões. A intervenção passará pelos municípios de Igarassu, Abreu e Lima, Paulista, Olinda e Recife e atenderá uma demanda de 146 mil passageiros. O percurso de 33,2 km terá 33 estações interligadas a quatro terminais integrados: Igarassu, Abreu e Lima, Pelópidas Silveira e PE-15.

As obras desta etapa foram iniciadas em 06 de janeiro, com a restauração, reforço e substituição das placas de concreto do canteiro central de um trecho da BR-101, além da construção de dois viadutos nos Bultrins.

Corredor Norte-Sul (2ª etapa) – Na segunda etapa, que tem início no Tacaruna até o Terminal de Integração Joana Bezerra, o investimento previsto é de R$ 110 milhões para 4,7 km de extensão. Neste percurso serão construídos, além do corredor de ônibus (pavimentação de toda a via, com implantação de uma faixa segregada para os ônibus articulados), cinco passarelas para a travessia dos pedestres e nove estações no canteiro central da via.

Também está previsto o alargamento dos dois viadutos da Avenida João de Barros, e o alargamento do pontilhão de cruzamento das ruas Dr. Leopoldo Lins e Buenos.

Em clima ainda de muita expectativa, a audiência pública para debater o projeto de intervenção na avenida Agamenon Magalhães - umas das principais da cidade do Recife-, transcorre desde às 9h da manhã. O projeto prevê construção de viadutos e novos corredores de ônibus. Mas, a princípio, desde que foi anunciado, tem gerado mobilização de alguns setores da sociedade civil que questionam o transtorno que as obras podem causar à cidade, partindo do princípio de que imóveis, como um dos clubes mais tradicionais do Recife, o Português, deverão ser demolidos.

O evento convocado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) conta com público que lotou o auditório da sede do Banco Central, na rua da Aurora, onde acontece a reunião.  A Audiência é resultado de um inquérito civil instaurado para analisar a construção dos viadutos, por pressão popular.

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O primeiro a se pronunciar foi o secretário executivo de mobilidade, Flávio Figueiredo, que apresentou o projeto de construção do corredor de ônibus e dos quatro viadutos. Segundo o secretário, nos último três meses o projeto incorporou mudanças sugeridas pela sociedade e pelo próprio MPPE. As alterações incluem a melhoria de acessibilidade com a implementação de passarelas no entorno dos viadutos e o aumento de declividade dos elevados, para que fiquem mais curtos e tenham um menor impacto.

Representando a Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Cavalcanti, se mostrou contrário ao projeto. Para ele a construção de viadutos prioriza o transporte particular e não soluciona os problemas de mobilidade urbana no Recife. Conforme o professor, o ideal seria melhorar o transporte público e diminuir a circulação de veículos de passeio praticamente vazios. “Essa situação poderia ser resolvida com a implementação de um elevado por cima do canal ou até mesmo pela reserva de faixas exclusivas na própria avenida Agamenon”, afirmou.

Também do lado contrário, o professor da UFPE Tomás Lapa argumentou que o projeto apresenta efeitos conjunturais relacionados à Copa do Mundo de 2014 sem atingir “o coração do problema” e demonstrando uma falsa imagem de progresso. Quando se fala em questões paisagísticas, ele acredita que os viadutos não irão contribuir para a humanização da paisagem urbana do Recife.

A construção das mais de 10 mil vagas em edifícios garagem no centro do Recife também esteve em pauta durante a audiência e foi criticada pelo engenheiro de trânsito do Grande Recife Consórcio de Transporte e professor do departamento de Engenharia civil da UFPE, Maurício Pina. Para o engenheiro, as obras vão na contramão da melhoria do transporte público e incentivam a utilização do transporte individual. “Hoje algumas pessoas deixam de ir ao centro de carro pois não têm onde estacionar. Com os edifícios garagem cerca de 50 mil novos veículos terão vaga garantida e nosso sistema viário não suporta isso”, argumentou.

Após as considerações dos professores, deu-se início as intervenções de representantes dos órgãos públicos. A presidente da Companhia de Transito e Transporte Urbano (CTTU), Maria de Pompéia, concordou que a solução para os problemas do trânsito da capital pernambucana está no transporte público de qualidade, desde que todos deixem os carros em casa e passem a utilizar os coletivos.

Sobre os edifícios garagem, a secretária de Controle, Desenvolvimento Urbano e Obras, Maria José De Biase, afirmou que o projeto está aberto podendo ser questionado pela população. Segundo a secretária, o objetivo da construção dos edifícios é diminuir a concentração de carros estacionados em vias públicas.

Agora, à tarde, será a vez de representantes da sociedade civil - ONGs, e entidades afins - se pronunciarem.  Após as considerações, o Ministério Público de Pernambuco irá se posicionar, encerrando a sessão, às 16h, segundo os organizadores.

Confira vídeo do evento.

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