Tópicos | Vórtice

O calor está insuportável. Não há outra maneira de começar esse texto. É a testa e o pescoço que pingam, é a roupa que fica molhada nas costas e nas axilas, a vontade de morar embaixo do chuveiro e o ventilador que vira quase um membro da família. Recife e Região Metropolitana estão quentes demais.

Há explicações científicas para o que está ocorrendo. O LeiaJá conversou com Patrice Oliveira, que é gerente de Meteorologia da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). Ele explicou que, de fato, os dias estão mais quentes em comparação com a média histórica. Todo o Nordeste tem sofrido com o forte calor.

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Segundo Oliveira, são basicamente três os motivos para a alta temperatura: o verão, que, naturalmente, é a estação mais quente do ano; o fenômeno chamado Vórtice Ciclônico em Ar Superior, que traz a sensação de abafado; e o El Niño, fenômeno que, entre outras ações, modifica o comportamento dos ventos.

“O Vórtice Ciclônico é comum. Ele começa no final de dezembro, vai até o início de março. Ele deixa o clima abafado, sem vento no seu centro”, explica Oliveira. Também é o vórtice o responsável pelas chuvas que ocorrem no interior de Pernambuco. De acordo com o meteorologista, o efeito do fenômeno havia reduzido na última semana mas volta a se formar nesta quarta-feira (27).

Já o El Niño é marcado pelo aquecimento da temperatura no Pacífico. Isso ocasiona uma mudança na circulação dos ventos. “Com isso, o ramo de vento que normalmente cai sobre o oceano, cai já no continente”, esclarece Patrice. Sem o frescor trazido pela corrente de vento que atinge o oceano, o litoral fica mais quente e o céu mais azulado, sem nuvens. O impacto ainda poderia ser maior: “Quando a água do Pacífico Equatorial está mais quente, geralmente fica 2º C acima da média. Desta vez está só 0,5º C acima”, continua o especialista.

Impacto na Região Metropolitana do Recife

O Grande Recife tem uma temperatura média de 32º C. Desde janeiro, a Apac tem computado dias com temperatura bem acima disso. A máxima, por exemplo, já chegou a 37º C. Tem chamado atenção também o calor no período noturno. A mínima, que comumente é registrada na madrugada, tem atingido a marca de 26º C, quando a média é de 23º C. “A noite está muito quente”, resume Oliveira, “Vale destacar que essa temperatura é medida em uma estação localizada em área que não tem muito cimento, não tem prédio. Imagine no centro do Recife, cheio de prédio, cheio de asfalto, de carro. Imagine!”. A sensação térmica é cerca de 3 a 4 graus acima da temperatura registrada.

Patrice dá uma última notícia triste: a população vai ter que esperar a estação mudar para que a situação melhore. “Depois de 21 de março vamos começar a ter uma baixa nessa temperatura, vai começar a ter chuvas na região”, finaliza.

 

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