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A seleção brasileira feminina de rúgbi de sete encerrou neste sábado, em Dubai, a sua participação no Circuito Mundial de Sevens, promovido pela World Rugby. Na disputa pelo quinto lugar, as brasileiras, conhecidas como Yaras, foram derrotadas pela seleção da Grã-Bretanha, por 22 a 21, e terminaram o torneio na sexta colocação, a melhor já alcançada pela equipe nacional na história da competição. A etapa foi vencida pela Austrália, que derrotou a seleção do Fiji por 22 a 7, e a França terminou em terceiro lugar ao bater a Rússia por 40 a 0.

Em uma partida equilibrada e cheio de viradas, a Grã-Bretanha, quarta colocada nos Jogos do Rio-2016 e Tóquio-2020, só garantiu a vitória nos instantes finais. As Yaras começaram apostando na forte marcação no meio-campo, mas não conseguiram suportar a pressão por muito tempo. Aos 4 minutos de jogo, Jasmine Joyce anotou os primeiros pontos do confronto com um try. O Brasil respondeu logo depois, também com um try, com Bianca Silva, após uma arrancada de 40 metros, e seguido da conversão de Raquel.

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No início do segundo tempo, as britânicas conseguiram um try com Elle Boatman e voltaram a ficar na frente do placar. Mas as Yaras, com paciência, viraram novamente com Edna Santini e conversão de Isadora "Izzy" Cerullo. O equilíbrio se manteve até o final do jogo e as brasileiras voltaram a ficar atrás do placar depois de mais um try convertido pelas britânicas. Valentes, as Yaras foram buscar o resultado, e em um tiro de longa distância de Gabriela Lima, e a posterior conversão de Raquel, o Brasil aproximou-se de garantir a vitória.

Contudo, nos instantes finais da partida, Grace Crompton converteu um try e decretou a vitória da Grã-Bretanha por 22 a 21. As brasileiras, que já tinham conseguido vencer a Espanha (26 x 12 ) e derrotar, de forma inédita, os Estados Unidos (12 x 10), acabaram perdendo a disputa pelo quinto lugar da etapa e encerraram a competição na sexta colocação.

Apesar da derrota, as brasileiras encaram a campanha em Dubai de forma positiva. "Quando encaixamos nosso plano de jogo, o Brasil é de fato um time a ser batido", avaliou Raquel Kochhann. "Esse resultado representa o trabalho que vem sendo realizado há pelo menos dez anos, com excelentes atletas e profissionais envolvidos. Elas trabalham muito duro e merecem tudo que vêm conquistando. Estou feliz e querendo mais porque sei do nosso potencial", ressaltou o técnico William Broderick.

As Yaras permanecem em Dubai porque nos dias 3 e 4 de dezembro vão disputar a última etapa do Circuito Mundial de Sevens Feminino de 2021.

Em novembro, as brasileiras foram campeãs do Sul-Americano da categoria, disputado em Montevidéu, e garantiram vaga para a Copa do Mundo de Rúgbi de Sete, que vai acontecer em setembro de 2022, na África do Sul. Na final, as Yaras derrotaram a seleção da Colômbia por 36 a 5.

Confira a campanha do Brasil no Circuito Mundial de Sevens em Dubai:

Brasil 21 x 26 França

Brasil 26 x 12 Espanha

Brasil 5 x 38 Austrália

Brasil 12 x 10 Estados Unidos

Brasil 21 x 22 Grã-Bretanha (disputa de 5º lugar)

As Yaras, seleção feminina brasileira de rúgbi de sete, estão classificadas para a Copa do Mundo da categoria, marcada para setembro de 2022, na Cidade do Cabo, na África do Sul. A vaga veio nesse sábado, com uma vitória por 36 a 5 sobre a Colômbia, no Carrasco Polo Club, em Montevidéu, durante disputa da final do Campeonato Sul-Americano.

Única representante sul-americana nas edições de 2009, 2013 e 2018, as Yaras terão a companhia das colombianas desta vez. O desempenho da seleção comandada pelo head coach Willian Broderick e pela capitã Luiza Campos foi bastante sólido, com seis vitórias em seis jogos, 264 pontos marcados dentro de campo, 42 tries e 27 conversões. Apenas Colômbia, Uruguai e Argentina, que terminou em terceiro lugar no torneio, conseguiram anotar pontos na defesa brasileira.

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"Agradeço ser reconhecida pelo desempenho, mas nosso resultado é coletivo, vem de um trabalho forte com um grupo bem numeroso de atletas. Estamos muito contentes em representar mais uma vez o rugby sul-americano na Copa do Mundo e poder compartilhar os aprendizados do alto rendimento com as demais seleções do nosso continente", disse Bianca Silva, eleita pela Sudamérica Rugby como a melhor jogadora da competição.

Com mais uma boa atuação de Bianca, as Yaras foram avassaladoras nos primeiros sete minuto, marcando cinco tries com Thalia Costa, três vezes, Mariana Nicolau e Bianca Silva, além das conversões de Raquel Kochhann e Isadora "Izzy" Cerullo.

Na etapa final, a folga no placar continuou graças ao bom desempenho defensivo. Apesar de penais cometidos, decorrentes da forte luta pela bola, as Yaras ainda marcaram um try com Marcelle Souza, completado por Izzy. No fim da partida, Leidy Soto marcou o try de honra das colombianas.

Há cinco anos, uma canelite tibial adiou a estreia olímpica de Bianca Silva às vésperas dos Jogos do Rio de Janeiro. Reagir àquele baque não foi fácil para a jovem de então 18 anos, já uma promessa da seleção brasileira feminina de rugby.

“Foi uma questão de pressão, psicológica mesmo. Ter pouca idade, enfrentar coisas para as quais não estava preparada, ter uma vida profissional [no esporte] e ver isso como algo real. Impactou forte, não aguentei, desisti, parei de jogar depois da Olimpíada. Fui correr atrás de emprego. Minha irmã trabalhava em um restaurante de shopping, fiz um currículo e enviei”, recorda Bianca à Agência Brasil.

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O emprego no restaurante estava encaminhado, mas ela sequer chegou a iniciá-lo. Bianca resolveu dar nova chance à modalidade pela qual se apaixonou em 2011, no projeto Rugby Para Todos, na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital paulista. Após a frustração antes da Rio 2016, a jovem é uma das Yaras (como são conhecidas as jogadoras da seleção feminina) chamadas para a Olimpíada de Tóquio (Japão), na última segunda-feira (28).

“Estava decidida que não voltaria, de tão chateada que fiquei [pela ausência em 2016]. Aí, recebi o convite para voltar. Primeiro, disse não. Depois, sentei e pensei: o que quero realmente? Meu coração ainda arde para jogar. Percebi que merecia viver aquilo. E voltei. Foi uma injeção de força. Daqui, não saio mais”, diz a paulista de 23 anos.

Não demorou para Bianca se firmar novamente na seleção. Em 2018, tornou-se a brasileira com mais tries (quando o atleta cruza a linha final do campo com a bola e a coloca no chão, vale cinco pontos) em uma Copa do Mundo de rugby: foram cinco logo na sua estreia na competição. No mesmo ano, foi eleita a melhor atleta da modalidade no país no Prêmio Brasil Olímpico.

Em 2019, a paulista liderou a estatística de tries das Yaras (cinco) na conquista do Hong Kong Sevens, feito que recolocou a seleção na elite do circuito mundial feminino. Fez parte, também, do escrete campeão sul-americano, que garantiu a vaga brasileira em Tóquio.

“Foram dois anos muito especiais, com muita coisa extracampo que agregou experiência para conseguir trazer inspiração, de sair de algo ruim, ir para cima e ser destaque”, conta a jovem.

Inspiração que ela própria se tornou em Paraisópolis e no projeto onde foi revelada, que atende cerca de 200 jovens carentes de 6 a 18 anos. A segunda maior favela da capital, onde vivem mais de cem mil pessoas, fica na Vila Andrade, terceiro distrito paulistano com maior ocupação por favelas (34,7%) segundo o Mapa da Desigualdade de 2020, da organização não-governamental (ONG) Rede Nossa São Paulo.

“É muito legal [o reconhecimento], principalmente dos menores, por chegar aqui independente da dificuldade, de onde cresceu, superar a expectativa que tem, de que se você mora na comunidade, ficará lá para sempre e vira marginal. [Cria o sentimento de] querer chegar na seleção ou ao máximo de qualquer coisa que se sonhe. Eu me vejo nesse papel, das pessoas olharem para mim, dizerem 'olha onde ela está', servir de inspiração. As pessoas verem que é possível, independente do que falam, progredindo e buscando o melhor”, destaca Bianca, que atua pelo Leoas de Paraisópolis.

A brasileira também se tornou referência junto à World Rugby, a confederação internacional da modalidade. Em 2019, ela foi uma das escolhidas da entidade para ilustrar a campanha Unstoppables (imparáveis, em inglês), para impulsionar o esporte feminino. Nome bastante pertinente, considerando a característica mais marcante de Bianca, a velocidade.

A paulista conseguiu alcançar 32 quilômetros por hora em uma arrancada de jogo. Não é pouco. Segundo relatório técnico da Federação Internacional de Futebol (Fifa) sobre a Copa do Mundo Feminina de 2015, no Canadá, a lateral norte-americana Alex Krieger, jogadora mais rápida daquela competição, foi só pouco além, 34,7 km/h.

“Sempre fui muito rápida. Corria muito na rua, talvez isso tenha me ensinado muito. Só que a minha técnica de corrida foi trabalhada. Eu tinha uma técnica não tão boa, corria sentadinha, abaixadinha. Fiz alguns [exercícios] coordenativos de postura, ajuda com braço e perna. Se você reparar, meu joelho não fica mais flexionado”, descreve Bianca.

“A velocidade do Brasil é uma fortaleza, então elas [adversárias] tentam nos inibir. A marcação fica em cima. Não só eu, mas as meninas da mesma posição discutimos formas de elas não ficarem tão em cima. Se deixarem correr, já era [risos]”, completa.

As partidas do rugby feminino em Tóquio serão disputadas entre os dias 29 e 31 de julho. O Brasil está no Grupo B, ao lado de Canadá (bronze na Rio 2016), França e Fiji. Também estão classificados Japão (anfitrião), Nova Zelândia (atual campeã mundial), Austrália (última campeã olímpica), Estados Unidos, Reino Unido, Quênia, China e Rússia (que competirá com a sigla do Comitê Olímpico Russo, devido à punição que o país europeu recebeu por casos de doping).

Em abril, as Yaras tiveram pela frente alguns dos rivais olímpicos em dois torneios realizados em Dubai (Emirados Árabes Unidos). Foram duas vitórias sobre japonesas e quenianas e uma diante do time B francês, e derrotas para norte-americanas, França A e Canadá (duas para cada).

“Foram jogos divertidos demais. Recebemos mensagens de que estava legal de ver nossas partidas. Nossa expectativa [para Tóquio] é levar algo diferente. A equipe se divertir em campo e ganhar assim. Queremos mostrar o que é ser uma Yara e o que é o rugby brasileiro. Apresentar nosso melhor lado e versão. Fazer com que as pessoas se divirtam nos vendo jogar”, conclui Bianca.

 

 

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