As manifestações ocorridas em junho de 2013 mereceram os aplausos da população brasileira. As pesquisas à época revelaram que a opinião pública apoiava tais eventos. As agendas trazidas pelos manifestantes para às ruas incentivaram ações dos gestores brasileiros, em particular da presidenta Dilma Rousseff, e tiveram o mérito de mostrar a inquietude social presente nas regiões metropolitanas.
Contudo, após as manifestações de junho, novos atores entraram em cena e contribuíram para que o apoio às manifestações passadas decrescesse. O movimento intitulado Black Bloc foi às ruas e decidiu atentar contra o patrimônio público e as pessoas. Vidraças quebradas, ônibus queimados, policiais e civis feridos, conflitos bélicos entre manifestantes e policiais. Tais cenas, transmitidas pela TV e redes sociais, propiciaram que as manifestações conquistassem a antipatia de parte da população.
No último dia 10 de fevereiro deste ano, a imprensa nacional e internacional noticiou o falecimento do cinegrafista da Rede Bandeirantes de televisão, Santiago Dantas, em razão de ferimento provocado por rojão, atirado por um ou dois manifestantes, enquanto ele exercia a sua atividade profissional na capital fluminense. O ferimento e a posterior morte de Santiago provocou reações indignadas de jornalistas e da população e nas redes sociais, pessoas opinaram intensamente contra os manifestantes.
A morte de Santiago Dantas nos incentiva a ter um novo olhar para as manifestações: por que manifestantes optam por atos de violência? O que desejam esses manifestantes? Manifestações violentas são meios adequados para pressionar governos? Somos favoráveis às manifestações, quando estas acontecem sem depredação ou violência, com ideais bem definidos. Dessa forma, as consideramos legítimas e instrumentos apropriados para pressionarem gestores públicos.
O filósofo Thomas Hobbes afirma que quando o estado não está presente, o estado de natureza surge. Aliás, o estado tem origem em um contrato social firmado entre os indivíduos que não mais desejam viver num estado de natureza, o qual é caracterizado pela guerra de todos contra todos. Hobbes argumenta que as instituições estatais devem preservar a vida dos indivíduos que estão sob a proteção do estado.
As manifestações são garantidas constitucionalmente. Mas, no instante em que manifestantes praticam atos de violência contra pessoas e patrimônio, eles estão incentivando o estado a se posicionar. E, diante disto, o ente estatal precisa garantir a vida dos indivíduos e a proteção do patrimônio, seja ele público ou privado. Portanto, as manifestações ocorridas no segundo semestre do ano de 2013 e as deste ano estão provocando o poder estatal a agir com o objetivo de garantir a lei a e ordem. Lei e ordem que são bens vitais do estado de direito.
A morte de Santiago Dantas deve servir como um freio para aqueles manifestantes que saem de casa com a intenção de ferir o estado de direito. O estado, por meio da polícia e demais departamentos, deve garantir a lei e a ordem, e, acima de tudo, proteger a vida de todos, inclusive dos manifestantes. Aqueles que, por algum motivo, decidam atentar contra a lei devem ser presos e punidos pela justiça. A democracia não é um regime que requer baderna e liberdade, mas o exercício de liberdade diante da lei. Minha solidariedade à família de Santiago Dantas.