Apenas enxergamos a crise do governo Dilma Rousseff. Compreensível. Pois a agenda midiática aborda enfaticamente a crise no governo Dilma. Porém, a crise do governo Dilma tem forte rebatimento nos governos estaduais. Certamente, não existem crises políticas no âmbito dos governos dos estados. Mas a crise política no governo Dilma provoca crise econômica, a qual possibilita dificuldades econômicas nos estados. Portanto, a crise do governo Dilma não é uma crise exclusiva do governo Dilma.
Os governadores são atores estratégicos caso sejam proativos. Caso não, eles são meros governadores que atendem as demandas dos deputados e prefeitos. Quando governadores são proativos, eles participam da vida política brasileira em razão de que a superação da crise nacional possibilitará a superação da crise estadual. A ausência de proatividade por parte dos governadores os transforma em políticos provincianos, ou seja, chefes da província que aguardam a ordem da Província-geral, no caso, a União.
O insistente debate sobre o novo pacto federativo é lugar-comum nos discursos de variados governadores. O que os governadores desejam é que do novo pacto federativo mais recursos cheguem aos estados. Legitima pauta. Entretanto, como o governo federal convive com o desequilíbrio fiscal, o novo pacto federativo tende a não existir. Diante desta constatação básica, governadores precisam ser proativos.
Quando a presidente da República propôs a recriação do CPMF poucos governadores a apoiaram. Compreensível. Pois presidentes reprovados não lideram parlamentares, governadores e eleitores. Entretanto, a recriação do CPMF era a oportunidade para o estabelecimento do novo pacto federativo. Foram poucos os governadores que constataram tal oportunidade.
Todos os governadores, obviamente, torcem pela recuperação da economia brasileira, pois desta forma, os governadores terão mais recursos. Por outro lado, observo que alguns governadores ainda apostam na permanência da crise política ou não se pronunciam sobre ela. Tais atitudes são contraditórias e tem condições de levar variados governadores para o abismo eleitoral, ou seja, a dificuldade da reeleição.
Caso Dilma Rousseff renuncie ou sofra impedimento, governadores tendem a ter, neste instante, reduzido prejuízo eleitoral futuro. Por outro lado, caso o governo Dilma supere medianamente a crise, e o país volte a crescer a partir de 2017, governadores poderão obter dividendos eleitorais futuro. Mas só os governadores que hoje são sábios terão condições de obter os benefícios da recuperação da atual presidente, pois a dinâmica política é caracteriza pela vingança. Deste modo, qual é a estratégia ótima para os governadores? Evitar o silêncio, neste caso, defender a superação das crises e solicitar aos deputados soluções para a crise fiscal da União e, por consequência, dos diversos estados da federação.