Adriano Oliveira

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Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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O voto de estrutura

Adriano Oliveira, | qui, 14/01/2016 - 09:30
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A crise econômica favorecerá o voto de estrutura na eleição municipal? Esta indagação aparenta ser esquisita e estranha. Mas não é nem uma coisa nem outra. É objetiva e realista. O voto de estrutura significa o uso de recursos econômico ou estatal para a conquista do voto do eleitor. O uso do dinheiro e a compra de material de construção e remédios representam recursos econômicos para a conquista do voto. Recurso estatal significa a utilização do recurso econômico ou a oferta de emprego no poder público.

Infelizmente, são raras as pesquisas científicas que lidam com o voto de estrutura. A escolha do eleitor não é explicada simplesmente através dos determinantes clássicos do voto, os quais estão presentes em densa literatura da Ciência Política brasileira. Na disputa municipal para o Executivo e o Legislativo, o voto de estrutura está presente. Esta minha assertiva é verdadeira, pois ela faz parte do senso comum do dia a dia de variados competidores. Além disto, em duas eleições municipais, identifiquei, através de pesquisas de opinião, a disposição do eleitor em trocar o voto por alguma coisa, por exemplo, dinheiro ou emprego.

Não tenho a resposta para o problema exposto neste artigo. Contudo, reflito sobre possíveis respostas para ele. Em razão da crise econômica, indivíduos estarão mais suscetíveis a trocar o voto por algum benefício. Neste caso, o eleitor X poderá trocar o seu voto por dinheiro, emprego ou remédio. Tal hipótese é factível, pois o indivíduo pode ter perdido o emprego e com isto não ter dinheiro, ou precisar de um novo emprego. Candidatos a prefeito ou ao Legislativo podem ofertar tais benefícios.

Outra possibilidade: a crise econômica permite que indivíduos estejam suscetíveis para trocar o voto por alguma coisa. Porém, a decepção com a classe política poderá fazer com que os eleitores não admitam a troca do voto e optem por votar em candidatos que possuem novas práticas políticas. Neste caso, o eleitor fará a sua escolha eleitoral com o objetivo de mudar/transformar a política. Se o eleitor vender o seu voto, ele fará a opção de manter a política como ela é.

Observo, que independente do espaço social que o eleitor ocupa, encontraremos na eleição vindoura os dois tipos de eleitores. Os que desejam a mudança e os que desejam a continuidade. Mas não tenho, neste instante, condições de afirmar qual será o impacto/peso do voto de estrutura na eleição municipal. Espero, contudo, que pesquisas qualitativas e quantitativas me revelem o quanto antes.  

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