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A França vai banir das escolas públicas o uso da abaya, o manto usado por algumas mulheres muçulmanas. Segundo o ministro da Educação, Gabriel Attal, a proibição vale para este ano letivo, que começa em setembro. A decisão faz parte do pacote rigoroso de restrições de símbolos religiosos, o que reforça o caráter secular do Estado.

A defesa da separação entre religião e Estado é uma discussão que une praticamente todo o espectro político da França, desde a esquerda, que defende os valores do Iluminismo, até a extrema direita, que tenta limitar a influência crescente do Islã na sociedade francesa. Em 2004, a França já havia proibido o uso de hijab (o véu islâmico) e outros símbolos religiosos visíveis em escolas públicas, incluindo solidéus judaicos e crucifixos. A abaya é mais um passo na mesma direção.

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"Decidi que a abaya não poderá mais ser usada nas escolas", afirmou Attal, em entrevista ao canal de TV TF1. "Escola não é lugar de proselitismo religioso. Quando você entra em uma sala de aula, você não deveria ser capaz de identificar a religião de um aluno só de olhar para ele."

Secularismo

Segundo o jornal Le Figaro, a declaração de Attal atende às exigências de diretores, professores e de outros profissionais, que aguardavam um posicionamento do governo francês sobre a questão. Até agora, cabia a eles a decisão de aceitar ou recusar o uso da vestimenta nos colégios públicos.

O jornal Le Monde enfatizou que a regra "necessária e justa", nas palavras de Attal, estaria alinhada com outras medidas adotadas recentemente na França para garantir o princípio da laicidade do Estado. A dúvida, segundo o jornal, é se a abaya, usada em países do Norte da África por homens e mulheres, representa ou não uma referência religiosa.

Em junho, o Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM) declarou que o manto é uma indumentária cultural. "Para mim, a abaya não é uma vestimenta religiosa. É uma espécie de moda", disse Abdallah Zekri, diretor do CFCM. "Ela é um manto longo e amplo. Não tem nada a ver com religião."

Legislar, no entanto, parece mais fácil do que fiscalizar. No ano letivo passado, os sinais de violação do secularismo nas salas de aula aumentaram 120%, de 2.167 casos para 4.710, segundo documentos do governo obtidos pelo jornal Le Monde.

O crescimento ocorreu em razão do uso de véus, mantos e túnicas. Foi justamente este aumento que fez Attal banir as abayas. A França tem 12 milhões de estudantes. Para fazer cumprir a proibição, o Ministério da Educação prometeu preparar 14 mil profissionais até o fim deste ano, e outros 300 mil funcionários seriam treinados até 2025.

Radicalismo

Autoridades temem que os símbolos religiosos sejam uma porta de entrada para o radicalismo islâmico, responsável por várias ondas de violência no passado.

Alguns muçulmanos, no entanto, afirmam que se sentem estigmatizados pelos esforços para enquadrá-los na lei francesa. O islamismo é a segunda religião da França. Dados oficiais mostram que os muçulmanos são 8,8% da população, totalizando 5,7 milhões de pessoas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo da França irá proibir que as alunas de escolas do país usem a abaya, túnica comum em países do Norte da África e árabes, anunciou neste domingo (27) o ministro da Educação francês, Gabriel Attal.

“Não será mais possível usar abaya na escola”, declarou Attal em entrevista ao canal de TV TF1, na qual considerou que a vestimenta vai de encontro às normas estritas de laicidade no ensino francês.

A abaya cobre o corpo e deixa de fora rosto, mãos e pés. Seu uso por adolescentes gerou polêmica na França, sobretudo devido a críticas da direita.

“Quando o aluno entra em uma sala de aula, não se deve poder identificar a sua religião ao olhar para ele", disse o ministro.

O deputado Éric Ciotti, presidente do partido de oposição Republicanos (direita), saudou a decisão, enquanto a deputada de esquerda Clémentine Autain a considerou inconstitucional e criticou "a política da vestimenta".

Embora o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) considere que a peça não representa um símbolo islâmico, o Ministério da Educação francês divulgou, no ano passado, uma circular autorizando as escolas a proibir a abaya, bem como bandanas e saias muito longas.

“As instruções não estavam claras, agora estão, e nós as saudamos”, disse à AFP Bruno Bobkiewicz, secretário-geral do sindicato que representa os diretores de instituições de ensino.

Em 2004, a França proibiu em escolas e institutos qualquer símbolo religioso ostensivo, como o véu islâmico e quipá.

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