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"São medicações mais seguras [...] sem causar dependência ou intolerância”, diz psicanalista sobre antidepressivos. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Duas horas atrasada, Alice* chegou à sede do LeiaJá, no Centro do Recife, desculpou-se com a reportagem e contou as novidades. Ela deixou um emprego de oito horas, está se programando para cursar agroecologia e resolveu plantar um jardim. A rotina, comum para uma jovem de 26 anos, tenta seguir seu curso natural diante da tentativa de suicídio mais recente, ocorrida poucos dias antes da entrevista que conduz esta reportagem. Distante dos estereótipos associados às pessoas acometidas por transtorno de ansiedade, Alice veste um alegre vestido florido, mantém os cabelos elegantemente cortados e ouve atentamente às perguntas. Após sofrer uma overdose de medicamentos, a jovem prova que escancarar as feridas é a maior demonstração de força e que não há melhor valorização à vida do que lutar por ela.

“Em 2012 comecei a sentir os primeiros sintomas, muitas crises de choro, dor de barriga e vômito, mas a coisa explodiu mesmo em 2016. Procurei um psiquiatra e iniciei o tratamento clínico, mas parece que piorei com os remédios. Creio que o primeiro profissional não teve tanta empatia comigo, aí procurei outra psiquiatra. Estou com ela até hoje”, conta Alice. Apesar das irregularidades causadas pelas medicações em aspectos como o peso e o sono- seja dormindo demais e se atrapalhando nas tarefas cotidianas, seja enfrentando a dificuldade para repousar- Alice destaca sua boa resposta à metodologia da nova psiquiatra, que reduziu a quantidade de medicações que ela ingeria; é prova da importância do acompanhamento médico e defende a importância de buscar aliar o processo clínico a práticas integrativas, como yoga e meditação.

Entregue pela mãe biológica à sua mãe adotiva ainda bebê, Alice conta que teve uma adolescência conturbada, a qual considera um dos gatilhos para seu transtorno de ansiedade. “Sempre senti o processo da rejeição, pois elas eram vizinhas. Além disso, a família que me criou é evangélica e me descobri bissexual, algo muito novo para mim. Inicialmente, resolvi procurar uma psicóloga, porque tinha medo de precisar tomar remédios”, lembra. Atualmente, contudo, ela comemora sua melhor resposta às medicações e a redução das dosagens proposta por sua psiquiatra. “Tomo apenas três remédios e dois deles ela juntou em uma só cápsula. Parece besteira, mas minha mente se sente mais confortável, é uma questão de autoestima”, confessa. Além disso, Alice aderiu aos óleos essenciais e se matriculou em um curso de yoga. “Ajudou muito, mas tenho dificuldade de dar continuidade nas coisas, não consigo ficar muito tempo em uma coisa”, lamenta.

Alice destaca importância do diálogo com a médica em seu tratamento. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

A paciente atribui a aceitação da necessidade da ingestão dos medicamentos ao diálogo que conseguiu estabelecer com sua médica. “A gente criou um vínculo forte, ela me deu o telefone dela para que eu ligasse em caso de emergência. Tenho vergonha, mas sei que ela não vai me julgar, como da outra vez. Ela só disse que eu deveria ter entrado em contato, porque poderia ter morrido devido à intoxicação”, afirma.

Para Kátia Petribu, afiliada à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), professora associada de psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE) e presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP), a cumplicidade entre médico e paciente é fundamental para que todas as dúvidas sobre a medicação sejam sanadas. “Existe muito preconceito com os remédios. Já tive pacientes que tinham medo de engolir o remédio por medo de passar mal, embora eles já estivessem mal o tempo todo. Às vezes, é a própria ansiedade, o medo do tratamento, um quadro fóbico”, coloca.

A psiquiatra defende ainda que, atualmente, as drogas de primeira escolha são os antidepressivos. “Porque são medicações mais seguras com estudos que comprovam a sua eficácia nos transtornos de ansiedade, sem causar dependência ou intolerância”, conclui.

Seja um transtorno do pânico ou um transtorno de ansiedade generalizada, o tratamento da ansiedade, de forma geral, começa quando o paciente procura acompanhamento psiquiátrico. “A partir disso, a gente faz o diagnóstico de que tipo de ansiedade o paciente pode sofrer, lembrando que existem diagnósticos duplos (quando o indivíduo sofre de mais de uma modalidade). A terapia se baseia em psicofármacos, que serão prescritos de acordo com o tipo de ansiedade”, explica Kátia Petribú.

O procedimento clínico inclui ainda psicoterapias, geralmente cognitivos comportamentais. “Outro tipo de terapia que também parece ser bem eficaz nesses casos é a Eye Moviment Dessensitation and Reprocessing (EMDR), uma abordagem psicológica que lida com a situação do trauma”, comenta.

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Em carta ao Conselho de Psiquiatria de Pernambuco, a Associação Brasileira de EMDR introduz que a técnica psicológica foi elaborada pela renomada psicóloga norte-americana Francine Shapiro, em 1987, e é “comprovada cientificamente como um dos melhores recursos para tratamento de pessoas que apresentam TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)”. De acordo com o texto, a terapia, focada no reprocessamento das memórias dolorosas a partir de estimulações cerebrais, usa procedimentos psicoterapêuticos específicos para: “1) acessar informação existente; 2) apresentar informação nova; 3) facilitar o processamento da informação; e 4) inibir o acesso de informação”.

Kátia Petribu lembra ainda que fatores como exercício físico e boa alimentação são importantes para o sucesso do trabalho clínico. “As pessoas comem muito fast food e a gente sabe o papel tóxico das substâncias que esse tipo de comida carrega. Elas estimulam ocitosinas pró-inflamatórias, ativando o eixo do cortisol, liberando substâncias ansiogênicas por natureza. Não precisa entrar na ‘neura’, mas a pessoa não pode comer só isso por uma questão de facilidade”, alerta. Além disso, a psiquiatra reconhece que atividades como a meditação e a yoga podem auxiliar o tratamento médico, desde que não substituam o procedimento formal. “Existem técnicas de meditação que a pessoa pode fazer sozinha, recursos para auxiliar nesse processo que podem melhorar a qualidade de vida. A Universidade de Orxford desenvolveu um protocolo muito legal, que foi validado no Brasil, e está disponível na internet".

Uma nota publicada pela ABP em maio deste ano, contudo, alerta a população a respeito de procedimentos inadequados. “Nos últimos anos muitos profissionais denominados como ‘coachs’ têm propagado tratamentos não científicos e diagnósticos inadequados para diversos transtornos mentais (autismo, depressão, esquizofrenia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade e outros), feitos por profissionais sem formação adequada em áreas da saúde mental”, destaca a instituição.

Mestrando em psicologia cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Northon Ferreira está desenvolvendo a pesquisa “Efeitos do Mindfullness baseado em promoção da saúde sobre a regulação emocional”, tomando por base o protocolo do médico norte-americano John Kabat-Zinn, que, após passar uma temporada no Tibet absorvendo a cultura dos monges budistas, trouxe ao ocidente, nos anos 1990, sua leitura do conceito que prega o foco no momento presente. Para os tibetanos, este é o melhor caminho para aliviar a dor e o sofrimento. “A ‘sati’ (do idioma pali) foi traduzida para o inglês como mindfullness e, para o português como atenção plena e é um dos principais ensinamentos do budismo, que não é uma religião, mas um estilo de vida. Trata-se de um conjunto de técnicas, envolvendo meditação, respiração e autocontrole”, comenta.

Confira a entrevista com Northon Ferreira:

De acordo com o pesquisador, apenas oito semanas são necessárias para que o paciente aprenda a praticar o mindfullness sem acompanhamento. “Um dos exemplos do que ensinamos é a técnica do caminhar consciente, atravessando uma sala de uma lado a outros, da forma mais lenta que pudermos. Então damos sugestões de como pisar no chão, prestando atenção no próprio corpo, tudo consiste no presente”, coloca Northon Ferreira. O tempo demandado para que a terapia faça efeito varia de paciente para paciente. “Em alguns casos, já vemos resultado na quarta semana. Fazemos um encontro semanal, mas passamos as atividades de casa, então a prática pode ser desenvolvida durante toda a semana”, afirma.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a quantidade de procedimentos envolvendo práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu de 157 mil para 335 mil (126%), entre os anos de 2017 e 2018. No mesmo intervalo de tempo, também aumentou o número participantes de atividades do gênero, de 4,9 milhões para 6,67 milhões (36%). Quando o SUS começou a implementar sua Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, em 2006, apenas cinco delas eram oferecidas: medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, medicina antroposófica, termalismo e fitoterapia. Agora, a população dispõe de 29 atividades, sendo as mais recentemente acrescentadas ao programa a biodança, dança circular, musicoterapia, reiki, shantala, quiropraxia e o yoga.

Confira a entrevista com Maprem Zaki:

A terapeuta ayurvédica, professora de yoga e idealizadora do espaço 'Pura Luz Yoga', localizado no Recife, Maprem Zaki, explica que, na visão védica, a origem da ansiedade está ligada ao sentimento de insatisfação. “Em geral, estamos todos insatisfeitos, porque a gente não consegue usufruir daquilo que a gente queria que fosse da maneira que projetamos. O ser humano está constantemente querendo que as coisas saiam como ele planejou, com medo de não dar certo. A gente é escravo do desejo, você anseia por algo o tempo todo porque não percebe que já é”, coloca.

Tendo como base de trabalho a Svadhyaya, ou seja, o estudo de si mesmo, o yoga estimula o autoconhecimento de seus praticantes. “Quando você se entende, não vai desejar coisas que seu corpo não alcança, aprendendo a aceitar quem é e vencendo a ansiedade. A ideia é trabalhar com o contentamento, que na lógica do yoga, não é conformação, mas entender que esse momento que não pode ser transformado precisa ser aceito, porque ele é necessário para você”, defende.

*Nome fictício

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

Óscar González-Quevedo, o Padre Quevedo, morreu na madrugada desta quarta-feira (9), em Minas Gerais, aos 88 anos. Conhecido por abordar a parapsicologia em diversos programas de TV na década de 1990 e início dos anos 2000, Quevedo foi responsável por desvendar 'mistérios do além'.

Segundo informações do site G1, o enterro de Padre Quevedo será realizado nesta quinta-feira (10), às 11h, no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte. Ele sofria de problemas cardíacos.

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De origem espanhola, Padre Quevedo passou a ter um quadro no "Fantástico", sem contar no sucesso que fazia quando falava o bordão "Isso non ecziste", ao desmistificar as supostas aparições paranormais. 

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Para muitos são harpas, halos e asas de anjo, para outros esferas celestiais e planos astrais. E também há quem acredite na reunião com familiares e amigos em campo paradisíaco.

Qualquer que seja sua visão do que existe após a morte, Hollywood já a imortalizou em celuloides.

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Desde "O Céu Pode Esperar" e "A Felicidade Não se Compra", até "O Sexto Sentido" - que permanece sendo o filme de terror mais bem-sucedido de todos os tempos -, a meca do cinema ofereceu por décadas um olhar sobre o Reino dos Céus.

A mais recente tentativa é "Além da Morte", uma nova versão do clássico de 1990 sobre estudantes de medicina que passam para o Outro Lado.

O filme de Niels Arden Oplev tem um elenco jovem - liderado pela indicada ao Oscar Ellen Page ("Juno", "A Origem"), ao lado do mexicano Diego Luna ("Milk - A Voz da Igualdade", "Rogue One - Uma História Star Wars"), Nina Dobrev, James Norton e Kiersey Clemons, além de muita autenticidade médica.

"De alguma maneira, a morte é o último grande mistério, é como a profundidade do mar ou o Espaço", disse o diretor dinamarquês à AFP. "Sabemos mais sobre o Big Bang do que sobre a contagem final".

As pessoas com mais de 40 anos irão se lembrar da premissa de "Linha Mortal": estudantes de medicina obcecados com o mistério do Além que embarcam em um experimento ambicioso e perigoso.

Ao pararem seus corações por curtos períodos, cada um tem a sua experiência próxima à morte enquanto seus colegas monitoram a sua atividade cerebral para ver se podem encontrar alguma prova do que acontece depois que morrem.

A produção original foi protagonizada por Kiefer Sutherland, que fará uma rápida aparição no remake, Kevin Bacon e Julia Roberts.

- Uma crítica -

Oplev também explicou que seu filme, coproduzido por Michael Douglas, critica um aspecto da cultura americana, quando os personagens descobrem que esta morte temporária não apenas lhes mostra o Além como melhora as suas habilidades.

"A disputa para construir uma carreira, ter um emprego é muito mais difícil para a juventude de hoje do que há 27 anos, e os jovens tomam qualquer tipo de porcaria para conseguir estudar 12 horas, para ficarem acordados", apontou.

"Eles têm o desejo de tomar um comprimido como um atalho para a grandeza e, de repente, se dão conta de que foi divertido, maravilhoso, mas depois a conta chega", explicou.

A conta em "Além da Morte" é exorbitante: enquanto os personagens experimentam morte e ressurreição, são obrigados por terríveis criaturas sobrenaturais a enfrentar ações passadas das quais se arrependem.

- Reinterpretação -

A Ciência avançou tanto nos últimos 25 anos que o diretor trabalhou com especialistas médicos para adaptar a trama à tecnologia moderna.

Cada diagnóstico e prescrição tinha que ser autêntico, e os atores foram ensinados a usar os equipamentos da maneira correta e a aplicar injeções como um profissional faria.

Apesar do que é vendido em Hollywood, não se pode ressuscitar com um choque elétrico sem antes haver uma batida do coração.

Inclusive a forma clássica do desfibrilador não é mais usada, mas é mantida nos filmes porque dá mais dramaticidade do que os adesivos.

"Obviamente, por estarmos fazendo um filme de Hollywood e não um documentário, nós tomamos algumas liberdades, mas em geral tentamos ser o mais precisos possível", disse Lindsey Somers, consultora em saúde que trabalhou na produção com uma equipe de enfermeiras, radiologistas e neurocirurgiões.

Outra diferença com o filme original é que Oplev utiliza mais o terror psicológico para uma geração que dificilmente se impacta com algo.

"A primeira produção foi de grande inspiração", indicou o diretor, que a viu duas vezes durante a preparação de seu filme. "Mas mais do que fazer um remake, fizemos uma reinterpretação".

A produção estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos e em 19 de outubro no Brasil.

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