Andar, correr, nadar e até pedalar são atividades comuns às pessoas da sociedade. Mas e se você não tivesse uma das pernas? Será que a prática dessas ações seria realizada do mesmo jeito, ainda que com um membro do corpo a menos? Para o mecânico e estudante de psicologia Allan Jackson, de 39 anos, natural de Caruaru, Agreste de Pernambuco, nada o impede. No dia 12 de dezembro de 2012, ele sofreu um acidente de moto e teve a sua perna direita amputada devido à gravidade da lesão.
Em uma entrevista exclusiva ao LeiaJa.com, Allan contou como aconteceu o acidente e revelou como se sentiu após ter a notícia de que não tinha mais a sua perna direita. O estudante de psicologia também falou de seu amor pelos esportes e de como encontrou nele, uma forma de superar seu caso e ultrapassar todos e qualquer tipo de limite ou obstáculo que a vida lhe colocava pela frente.
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Sempre apaixonado pelos esportes, Allan, que hoje usa uma prótese, revelou que sempre praticou atividades esportivas e explicou como foi o seu processo de adaptação. Ele também revelou que sonha em se tornar um paratleta do triatlo – esporte composto por natação, atletismo e ciclismo. “No hospital, quando eu tive a certeza que a minha vida dali para frente seria só com uma perna, eu vi que tinha que mudar essa questão do ciclismo, mas não desisti. Esperei só o tempo pós-cirúrgico e comecei a pedalar com uma perna só”, disse.
“Eu gosto muito de esportes, e eu também nadava quando tinha as duas pernas. Perder a perna é perder um membro. Numa linguagem mais simples, uma lancha tem dois motores, mas existe a lancha que só tem um motor. Ou mesmo se ela tiver dois, quando dá problema em um, ela vai com o outro. Uma vez que eu perdi uma perna, a outra vai servir. Ela fica sobrecarregada, mas eu, simplesmente, resolvi não parar”, completou. Para se tornar um atleta, Allan tem uma rotina de treinamentos de três vezes na semana e que, segundo ele, é seguida à risca.
Além do sonho de virar um paratleta, Allan quer utilizar a psicologia como um meio para ajudar a outras pessoas com as mesmas condições dele. “Tenho uma vontade devtrabalhar na área hospitalar, no setor de traumas. Onde eu vou poder ajudar as pessoas lesionadas, recém-amputadas e dizer para eles que eu consegui e que eles também conseguem”, disse.
Allan Jackson também contou como é a reação das pessoas ao vê-lo andando de bicicleta pelas ruas do Recife e de Olinda. “Isso chama a atenção e eu percebo que, no mínimo, aquele que está cabisbaixo ou triste por algum motivo, pode ver que não existe, necessariamente, um motivo para parar a nossa vida ou ficar reclamando. Eu percebo, principalmente, por aqueles que falam que eu sou exemplo para eles por estar pedalando com apenas uma das pernas. Já aconteceu de um cidadão parar o carro do meu lado, em um semáforo, e fez: ‘você é meu novo super-herói’”.
Mesmo utilizando uma prótese na perna direita, Allan precisa de uma prótese específica para continuar com seus treinamentos e, futuramente, competir como um paratleta no triatlo. “De uma maneira simples: assim como você, quando vai para uma festa formal, coloca um sapato social e quando vai para a academia coloca um tênis, e não dá para inverter porque não funcionam, as próteses também são assim”, explica.
De acordo com Allan, sua prótese atual serve apenas para o seu dia a dia, mas na hora do treino ele acaba sofrendo uma queda de rendimento, além de se machucar por não usar o equipamento correto. “Eu preciso de uma perna em que eu possa correr, uma vez que eu quero participar do triatlo, onde são três modalidades diferentes. Nós iniciamos nadando, depois percorremos certa distância de bicicleta e depois correndo. As duas primeiras eu posso fazer, mas a terceira eu não. Porque não tenho uma perna que me ajude a correr”, completa.