A prefeita de Paris, a franco-espanhola Anne Hidalgo, anunciou, neste domingo (12), sua candidatura à presidência da França, na tentativa de impulsionar os socialistas nas eleições polarizadas de 2022 entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen.
"Humildemente (...) decidi ser candidata à presidência da República Francesa", disse a socialista do porto fluvial de Rouen (noroeste) e cujas primeiras palavras foram dirigidas a seus pais, imigrantes espanhóis na França.
Durante seu discurso de 20 minutos, ela atacou a presidência de Macron, que, em sua opinião, "dividiu como nunca antes" os franceses, "agravou" problemas sociais e "deu as costas à ecologia".
Hidalgo, de 62 anos, escolheu Rouen para confirmar o que era um segredo aberto: sua intenção de ser a candidata do Partido Socialista (PS). Outros de seus membros, como o ex-ministro Stéphane Le Foll, também deram o passo.
Apesar de ter sido eleita para um segundo mandato em Paris, em meados de 2020, garantindo que não se candidataria à presidência, esta política nascida em San Fernando (sul da Espanha) disse na terça-feira em Montpellier (sul) que "nada" a impedia de concorrer.
Sua candidatura soma-se assim à longa lista de candidatos presidenciais de esquerda, ao lado do esquerdista Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), o ecologista Yannick Jadot, o comunista Fabien Roussel e o ex-socialista Arnaud Montebourg, entre outros.
Mas a sete meses da votação, nenhum deles chegaria ao segundo turno, segundo pesquisas, que apontam Macron favorito contra Marine Le Pen (extrema direita).
No entanto, Hidalgo, inspetora do trabalho de formação, que em recente entrevista ao Le Point se definiu como "social-democrata, ambientalista, feminista e republicana", espera recuperar o terreno perdido do PS e atrair os desencantados com Macron.
- "Hidalgo sai de Paris" -
Embora o PS ainda não tenha escolhido seu candidato, que deve sair de um voto interno de seus membros, Hidalgo aparece como a esperança dos socialistas, cujo candidato à presidência em 2017, Benoît Hamon, obteve 6,36% dos votos apesar de ser o partido no poder.
Com um programa baseado na justiça social e na ecologia, a socialista espera repetir o marco do conservador Jacques Chirac, que em 1995 conseguiu percorrer os três quilômetros que separam a prefeitura de Paris do Palácio do Eliseu.
"Devemos transformar nosso modo de vida, nossa economia, porque o planeta é nosso único refúgio e a única fonte de vida", disse Hidalgo, famosa por sua cruzada contra os carros em Paris e que esboçou em linhas gerais sua visão para a França.
Sobre outro de seus temas preferidos, reiterou seu desejo de que "as classes médias, as categorias populares, os trabalhadores precários, os jovens, as pessoas com deficiência recuperem a esperança" graças a uma reforma educacional.
Com entre 7% e 9% das intenções de voto nas pesquisas, Hidalgo terá que romper com sua imagem de política da capital e conquistar o resto do país, do campo às cidades médias.
"Hidalgo sai de Paris", era a manchete do jornal Le Journal du Dimanche, sublinhando que "tudo está planejado para adaptar sua imagem às províncias", como o fato de se rodear de uma equipe de campanha composta por prefeitos.
Após o anúncio em Rouen, dará uma entrevista às 20h00 (15h00 de Brasília) na televisão pública France 2, ao mesmo tempo que Le Pen na TF1.
A "rentrée" política na França acelerou a corrida presidencial, que, no entanto, ainda tem várias questões em aberto: Macron ainda não confirmou se será candidato e tanto Os Republicanos (direita) quanto os ambientalistas devem escolher seus candidatos.