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Às vésperas do início da campanha, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) reuniu, nesta quarta-feira (15), dezenas de líderes religiosos para orientar como as igrejas devem se portar durante o período. O principal mote abordado pela Corte foi a influência na escolha do voto, prática que tem se tornado comum em algumas religiões. Além disso, também se tratou da cautela na difusão de notícias a partir de fontes incertas e descarte inadequado de material de campanha, como panfletos, pelas ruas das cidades.   

Ao tratar da influência do voto, o presidente do TRE, desembargador Luiz Carlos de Barros Figueirêdo, foi enfático ao dizer que o templo religioso não é o lugar adequado para expor preferências eleitorais. “É legítimo que cada igreja tenha candidatos preferenciais, é legítimo. Se alguém professa alguma fé é natural que queria fazer a busca dos eleitores nessas comunidades. Mas dentro da igreja, numa missa ou culto, não faz sentido pedir votos. Igreja é um lugar para buscar ligação com Deus, para fazer política eleitoral é um lugar inadequado”, salientou.

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Para o desembargador, “o uso da máquina na igreja em função de não deixar o eleitor escolher por si só gera problema”. “É um abuso, beirando a coerção, para que aquele indivíduo escolha aquela pessoa”, observou, fazendo também alertas aos eleitores para que não se deixem influenciar.

Corregedor do TRE, Orson Lemos lembrou que certas práticas - como citar o nome de candidato no culto e pedir votos para ele - são crime eleitoral e podem gerar punições. “Eles têm o poder da massa e devem conhecer seus deveres e direitos. O templo religioso é um local que é proibido fazer campanha, assim como é proibido em shoppings, cinemas. Não podem divulgar panfletos, cartazes ou pedir votos. Caso isso aconteça, a denúncia vindo a ocorrer, será apurado”, esclareceu, pontuando que os eleitores vão poder denunciar casos deste tipo através do aplicativo Pardal, que estará disponível até o dia 20 no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A multa para os religiosos que infringem a lei pode chegar, de acordo com Orson, a até R$ 8 mil. “O apoio dentro do templo religioso tem que ser de Deus. A partir do dia 16 não é possível pedir apoio, voto ou indicar em quem votar. O candidato que é um líder religioso, na religião ele é um líder religioso”, reforçou, alertando o corregedor do TRE. 

Esta foi a primeira vez que o tribunal pernambucano abordou questões eleitorais com o segmento. Representantes católicos, evangélicos, judaicos e de matrizes africanas participaram do encontro. Bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacedo Antônio disse que a igreja católica organizou uma cartilha, que está disponível nas lojas católicas, para os padres e fiéis com indicações sobre como devem se portar. 

“A igreja quer ser no mundo um sinal de comunhão de todos os povos e a política é um meio de ligação entre os povos. Por isso, a igreja sempre se preocupa com esse momento político, sempre falamos da política como bem comum. A cada eleição se penso o roteiro e nesta cartilha vamos relembrar os valores, educar e fazer com que as pessoas possam perceber o que é melhor para si e para a comunidade, além de acreditar nos homens e mulheres de bem que somam na defesa da dignidade humana”, explicou o bispo. 

Representando as religiões de matrizes africanas, a coordenadora Rede Articulação Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, mãe Elza de Iemanjá, disse que a conscientização é necessária em todos os campos religiosos. 

“O lugar do sagrado deve permanecer para o sagrado. Todos que conhecemos como anda a política sabe e já tem definido o que quer mudar. A partir do momento que um adepto de qualquer religião que se sente pressionado por alguma liderança isso muda a sua convicção política, porque você sai do lugar de convicção e vai para o de opressão. Nem sempre por eu ser de matriz africana preciso votar em alguém que de fato eu não acredito. Os apelos estão feitos é que se você está com fulano você está com Deus”, declarou. 

Também presente na reunião com o TRE, o presidente da Associação dos Pastores de Pernambuco, Leonardo Ramos, disse que a igreja segue na luta por um Brasil melhor e não pode influenciar na escolha dos eleitores. “O intuito de estarmos aqui hoje é conscientizar que a igreja é um local para levar as pessoas a Deus e não fazer política. O eleitor tem ter seu ideal, ter seu candidato e não ser induzido pela máquina religiosa a levar um candidato a ser eleito”, pontuou o pastor evangélico. 

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