O perfil articulista do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez com que ele encerrasse o primeiro semestre em ascensão política e liderando - diante da falta de diálogo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) - a pauta no Congresso Nacional.
De olho em eventuais oportunidades que devem surgir nas próximas eleições, quer seja como candidato ou forte eleitor de algum postulante, o democrata deve seguir a mesma linha de atuação no retorno das atividades parlamentares na próxima semana.
##RECOMENDA##Assim como teve papel crucial na aprovação da reforma da Previdência, em primeiro turno, a tendência é de que Rodrigo Maia também tome a frente quando a reforma tributária estiver na pauta da Câmara, por exemplo.
Na avaliação do cientista político Adriano Oliveira, a ausência de liderança por parte de Jair Bolsonaro no âmbito do Congresso Nacional deu a Maia uma abertura para que ele criasse uma “espécie de parlamentarização no Brasil”.
“Por que ocorreu a parlamentarização? Porque o presidente perdeu o poder de liderar e influenciar o Congresso e quem passa a influenciar as decisões do país e do Congresso é o próprio parlamentar, a partir de Maia. A parlamentarização evidencia o poder de Rodrigo Maia e a sua participação, por exemplo, na aprovação da reforma da Previdência”, avaliou o especialista.
O estudioso também observou que o democrata tem, assim como o governo, uma agenda econômica para o país e quem deve convencer os parlamentares e conduzir o andamento desses projetos é ele e não a equipe de Jair Bolsonaro.
“O governo Bolsonaro tem Paulo Guedes como ministro da Economia, que propôs a reforma da Previdência, medidas no FGTS, uma privatização e a reforma tributária, mas Rodrigo Maia também tem a sua agenda que coincide, inclusive, com a de Paulo Guedes, mas quem conduz a aprovação dessas ações no Congresso Nacional é o Rodrigo Maia, não é o presidente da República negociando com o Congresso”, ressaltou Oliveira.
A postura de Maia, em contrapartida aos ataques de Bolsonaro ao Legislativo e da falta de traquejo deste, já foi elogiada por diversas lideranças políticas, entre elas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em ponderação recente, o tucano avaliou que estava difícil do governo “acertar o rumo”, mas “Maia brilha na escuridão celeste”. Além disso, o ex-presidente também já disse que os políticos brasileiros estão “engalfinhados na pequenez”, menos Rodrigo Maia que “se destaca pelo equilíbrio”.
Projeções eleitorais
Adotando o estilo de contraponto a Bolsonaro, mesmo estando em diálogo com o presidente, Rodrigo Maia tem cacifado seu nome para uma disputa eleitoral. Para Adriano Oliveira, o presidente da Câmara dos Deputados tem um papel “estratégico”, mas ainda é cedo para definir se ele será candidato ou não e, mais ainda, sobre qual cargo disputará.
“Obviamente que ele terá um papel fundamental não só nas eleições presidencial, mas a de 2020 e também no governo Bolsonaro. Por que? Porque ele lidera o Congresso Nacional, sugere, dialoga, tem poder de convencimento no Congresso e aprovação do mercado. É um ator político relevante”, salientou o cientista político.
Em 2018, Maia chegou a ensaiar uma postulação presidencial, mas recuou e optou pela reeleição como deputado. Em conversa com jornalistas no último dia 14, ele considerou que prefere o papel de articulador e foi claro: "Não quero ser administrador de crise. Enquanto não organizar o Estado brasileiro, para que eu vou ser prefeito, governador ou presidente?"
Apesar disso, ele já foi cotado como provável candidato à vice-presidente numa chapa liderada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ou pelo apresentador global Luciano Huck.