Tópicos | aulas em casa

Com as crianças e os jovens isolados em casa e sem aulas presenciais, o maior desafio para muitos pais é tentar manter o desempenho e a concentração dos pequenos nas aulas virtuais, além de dedicar-se às tarefas domésticas e ao trabalho home office. Nesta nova realidade, a educação a distância virou rotina para muitos pais que trabalham e precisam conciliar, ao mesmo tempo, as aulas e as atividades dos filhos.

Além dos adultos, as crianças também sentem dificuldade em se concentrar nas aulas virtuais, é o que explica a psicopedagoga Juliana Lapenda. “Estudar em casa ficou um pouco mais complicado, pois a criança está em seu lugar de proteção, onde ela se sente segura, sabe que tem seus brinquedos e sua família ali. Como também, a forma de estudar através da tela (computador) já é difícil para alguns adultos, imagina para uma criança?”, esclarece.

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Não há como negar que as aulas em casa aproximaram mais a relação dos pais com seus filhos, que muitas vezes não conseguem dar conta das atividades sozinhos e precisam da força familiar. ”Ter uma criança em casa nesse momento que estamos vivenciando, requer muita atenção no que se diz respeito a manter a rotina o mais próxima da que ela tinha antes”, diz a professora de biologia e mãe da pequena Sofie - cinco anos e aluna do Infantil 4 -, Tayrine Rocha.

Em entrevista ao LeiaJá, a professora descreve os desafios que tem enfrentado com sua filha nesta nova modalidade de ensino. “Enfrentamos muitos desafios que aos poucos vão sendo solucionados. Um deles é acostumar a criança a esperar seu tempo para poder falar, visto que muitos ruídos são gerados nas aulas e na maioria das vezes, atrapalham muito. Problemas com a conexão da internet ou na plataforma utilizada para as aulas geram uma certa ansiedade na criança e é de suma importância a presença de um responsável nesse momento”, relata.

Ela ainda acrescenta: “Em casa, embora tenhamos um local fixo para as aulas e longe de distrações, é comum ela ter um pouco de dispersão nas aulas”. Questionada sobre o que mais atrapalha sua concentração na hora da aula, a pequena Sofie Rocha diz: “O que atrapalha é olhar tanto para a câmera. Eu sinto que meu olho fica cansado e eu choro de uma jeito diferente. Sabe como? É só as lágrimas descendo e o olho cansado”.

A psicopedagoga Juliana Lapenda orienta, caso o filho esteja disperso nas aulas virtuais, a realização de um momento lúdico com os pais para aprender brincando. “A criança precisa do momento lúdico, do momento de aprender brincando e interagindo com outras crianças. Na tela, eles não conseguem interagir e muitas vezes não compreendem os conteúdos e se dispersam com facilidade vendo as imagens das outras crianças”, explica a especialista.

Para a alegria das crianças que não veem a hora de reencontrar seus colegas de escola, a Bain & Company, empresa de consultoria administrativa norte americana, em sua pesquisa divulgada no mês de maio, afirma que o retorno das aulas presenciais no Brasil pode acontecer neste segundo semestre de 2020. Enquanto não há a retomada, os pequenos só têm as videochamadas para brincar com seus amigos.

O pequeno Ruan Gabriel, de nove anos, aluno do quarto ano, espera ansioso pelo retorno das aulas para rever seus colegas e professores. “Eu sinto saudade da minha professora, dos meus amigos e de estudar na escola com minha tia, que faz perguntas e atividades para mim. E sinto também saudade das brincadeiras”, fala. Ele ainda revela: “Meu sonho é ser jogador de futebol para ajudar minha mãe e minhas irmãs”.

Ruan Gabriel, de nove anos, também tenta se adequar ao novo modelo de aula. Foto: Cortesia

A mãe do futuro jogador de futebol, Rejane Holanda, fala, em entrevista ao LeiaJá, que não consegue dar atenção aos quatro filhos ao mesmo tempo e diz quais são as maiores dificuldades que o pequeno Ruan encontra na hora de estudar em casa. “Esse período de aulas em casa está sendo terrível, pois meu filho Ruan é o único dos quatro filhos que estuda, por enquanto. Ele está tendo bastante dificuldade ao se acordar, porque não é mais aquela rotina de antes, ele não está tendo aquele compromisso de se acordar para ir à escola”. Ela ainda complementa: “Outro desafio é acompanhar as aulas porque a internet fica travando, o celular às vezes se desliga sozinho e eu não tenho meios para comprar um notebook ou um tablet para ele estudar. Além disso, outro desafio para ele é o barulho feito pelas minhas filhas, ou seja, ele não tem um ambiente que possa se concentrar e prestar atenção nas aulas, pois as meninas gostam de ficar perto dele brincando”, relata.

Autônoma, Rejane, que atualmente está trabalhando em casa, tem que dividir o celular com o filho e ressalta que esse é um dos grandes problemas dele na hora de se concentrar nas aulas. “Ele está tendo aulas pelo meu celular e eu preciso dele para trabalhar e estar constantemente em contato com as pessoas, que ficam me ligando. Tudo isso atrapalha bastante ele que precisa estar parando as aulas para eu poder falar com as pessoas”, conta.

Juliana Lapenda aconselha os pais que não conseguem acompanhar o estudo dos filhos, neste período de pandemia, entrar em contato com a escola e juntos planejarem a melhor forma de a criança continuar aprendendo. “É importante os pais estarem ao lado da criança durante as aulas on-line e, qualquer dúvida, procurar a direção da escola. Caso os pais não possam acompanhar no horário da aula, é bom a escola fazer de uma forma que fiquem gravadas para que os pais possam assistir depois e repassar para os filhos”, instrui. Confira, a seguir, mais dicas de como fazer seu filho prestar atenção nas aulas em casa com a psicopedagoga Juliana Lapenda:

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