Uma iniciativa cidadã austríaca semeia polêmica, ao pedir a destruição de um balcão na fachada da imponente Prefeitura de Viena, construído em homenagem a Hitler em 1938 e cuja origem havia sido esquecida.
Embora o discurso feito pelo ditador do terraço do palácio imperial, em 15 de março de 1938 para celebrar o Anschluss (a anexação da Áustria pela Alemanha nazista) tenha entrado para a História, um segundo pronunciamento de Hitler três semanas depois, em 9 de abril, feito do prédio da Prefeitura, caiu no esquecimento.
Um balcão de madeira circular foi adicionado para a ocasião à fachada neogótica do edifício, de onde o ditador dirigiu-se mais uma vez às massas. O palco provisório foi, depois, reconstruído em pedra de forma idêntica para imortalizar o ato.
A origem deste apêndice foi caindo, pouco a pouco, no esquecimento até que a iniciativa "Memory gaps" ("Lacunas da memória") pediu recentemente sua destruição no âmbito das celebrações neste outono do centenário da República da Áustria.
"Memory Gaps", coletivo que reúne principalmente artistas, propõe que em 12 de novembro, dia do centenário da proclamação da República, se faça deste balcão "um discurso de paz" a título de "última utilização" antes de sua demolição.
A iniciativa, publicada no jornal Kurier na quarta-feira, surpreendeu a Prefeitura de Viena (social-democrata), que sugeriu instalar uma placa explicativa no balcão ao invés de suprimi-lo.
A encarregada da comissão responsável por investigar a origem dos bens saqueados pelos nazistas para sua restituição, Eva Blimlinger, também defendeu a conservação do balcão que, "como muitas outras coisas do nazismo, faz parte da nossa história".