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A Companhia de Dança Deborah Colker vem a Pernambuco neste fim de semana para apresentar, no sábado (28) e no domingo (29), o espetáculo Belle. As apresentações acontecem no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco, e os ingressos custam de R$ 35 (meia balcão) a R$ 80 (inteira plateia).

A peça, que tem criação e direção de Deborah Colker, é baseada no romance homônimo do escritor argentino Joseph Kessel que foi transformado no clássico do cinema Belle de Jour, dirigido por Buñuel. Na trama, uma mulher bem casada se vê compelida a transgredir fronteiras e resolve passar as tardes em um bordel.

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Serviço 

Belle, da Companhia de Dança Deborah Colker

Sábado (28) | 21h

Domingo (29) | 19h

Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco - Salgadinho, Olinda)

R$ 70 e R$ 35 (meia) - balcão; R$ 80 e R$ 40 (meia) - plateia

(81) 3182 8020

Há um momento de A Bela da Tarde em que Jean Sorel, o cirurgião marido de Sévérine (Catherine Deneuve), olha com interesse injustificado para uma cadeira de rodas - será uma premonição do que lhe acontecerá mais tarde? A cena é uma das invenções que Luis Buñuel e o roteirista Jean-Claude Carrière acrescentaram na adaptação do livro de Joseph Kessel. O cinéfilo que assiste hoje ao filme sabe que se trata de um clássico. Na época (1967), o desconcerto - o escândalo - foi grande.

Aventureiro, jornalista e romancista, Kessel nasceu na Argentina, na região de Entre Rios, mas foi na França, e escrevendo em francês, que adquiriu projeção. Tornou-se um dos expoentes da chamada ‘escola de psicologia das letras francesas’ nos anos 1920 e 30. Seu livro psicologiza a experiência de Sévérine, a burguesa insatisfeita que frequenta o bordel de Madame Anaïs, virando a Belle de Jour. Tudo o que Buñuel quis evitar foram as explicações psicológicas para o ‘caso’ de Severine.

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Nada se explica - a caixinha de música do cliente chinês, o tinteiro que o médico necessita - e as cenas do passado também não estão ali para explicar o trauma de Sévérine menina. O que importa é o relato em bloco, e que mistura passado, presente e futuro, realidade e imaginação para compor aquilo que um crítico (Sérgio Augusto) definiu como um apólogo sobre a tendência à perversão da vida burguesa.

No limite, é um filme sobre o cinema - como outro, contemporâneo de Buñuel, Persona, de Ingmar Bergman, lançado no Brasil como Quando Duas Mulheres Pecam. Em definitivo, Belle de Jour esculpiu o mito de Deneuve como loira fria. Na complexa trama, ela se revolta contra o cliente (Pierre Clementi) que exacerba suas fantasias masoquistas, o que aponta para uma superação do trauma - mesmo que Buñuel não estivesse interessado na psicologia. O detalhe curioso é que Philippe Hériat adaptou o texto para teatro em 1936, mas dezesseis diretores se recusaram a montar a peça, tomando ao pé da letra o happy end irônico e acusando o autor de maniqueísmo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estreia nesta sexta-feira (13), no Rio, o novo espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker, Belle: com sessões extras agendadas para a capital fluminense até segunda-feira, 16. O sucesso de público já é bem previsível. As apresentações ocorrem no Theatro Municipal, e a estreia, hoje, já está com os ingressos esgotados.

Belle é uma adaptação de um romance francês escrito por Joseph Kessel e que também inspirou Luis Buñuel a filmar A Bela da Tarde, em 1967.

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Assim, não é surpresa que a sensualidade e a discussão filosófica da plenitude sejam os pilares da apresentação. Sair impune do espetáculo é tarefa difícil. A reportagem do jornal O Estado de S.Paulo esteve presente na pré-estreia de Belle em Ribeirão Preto, em maio, e conversou com Deborah Colker por telefone.

"Foram dois anos e meio, uma série de pré-estreias, mas agora não tem jeito, chegou a hora", disse, animada.

A dança é dividida em dois atos - no primeiro, a personagem principal é apresentada, ao lado do marido médico, e aparentemente os dois mantêm uma relação satisfatória. Ainda no primeiro ato, entra em cena o "duplo" de Séverine, justamente, Belle - que atormenta a personagem e a leva a se liberar sexualmente em um bordel. É a partir daí que o público sabe que está passando por uma experiência artística incrível.

"Belle, esse ‘duplo’ de Séverine, é uma força tão intensa que eu senti a necessidade de trazer outra bailarina para representar o papel", explica Deborah.

"Essa é uma das características centrais do meu espetáculo, porque trouxe uma assinatura pessoal", diz, explicando que tanto no livro quanto no filme o personagem é sempre representado por uma só pessoa.

Deborah diz que se inspirou no livro para montar o espetáculo, mas que conheceu a história por meio do filme de Buñuel. "A escolha dele por Catherine Deneuve foi perfeita e foi justamente esse personagem que me atraiu tanto." O seu caráter "contido, sistemático, elegante, sofisticado e silencioso, em tensão com o lado sexy, corajoso e enigmático", permeia todo o espetáculo, que tem direção executiva de João Elias.

Belle conta, por meio da dança característica da Companhia, a história de Séverine e de suas inquietações íntimas sobre o sexo e sobre a própria plenitude, e faz o uso peculiar e tradicional do palco e da cenografia dos seus espetáculos. Pela primeira vez, a máscara - elemento tão teatral - aparece em um dançarino.

Ainda em Ribeirão Preto, na metade de maio, quando o espetáculo foi apresentado no Theatro Pedro II, Deborah disse não tentar, mais, estabelecer fronteiras entre dança, teatro, circo.

"Acredito que a dança, o movimento no palco, tenha que produzir ideias, sentimentos, pensamentos", disse. "É como com o livro: transpor uma história das palavras para a dança permite que cada um crie novas interpretações, novos significados."

Deborah também menciona a busca por equilíbrios: para, por exemplo, a arte erótica (o espetáculo é em boa parte ambientada no bordel, afinal) não cair na vulgaridade. Sobre isso, ela não tem que se preocupar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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