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O Rio Grande do Sul espera obter um alívio de R$ 11,3 bilhões durante três anos com a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), criado pela União para socorrer Estados em grave crise financeira.

O valor será incorporado ao saldo da dívida gaúcha com o governo federal para ser pago no futuro, assim como os R$ 4,6 bilhões não repassados pelo Estado à União desde agosto de 2017 graças a uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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O secretário de Fazenda do Rio Grande do Sul, Luiz Antônio Bins, afirmou que as negociações para a assinatura do pré-acordo entre o Estado e a União estão em "fase conclusiva" e que o governo gaúcho vai apresentar um plano de recuperação com fôlego para atingir o equilíbrio fiscal sem a necessidade de vender o Banrisul, banco do Estado que tem forte ligação com a população local.

A administração de Ivo Sartori (MDB) até tentou vender 49% das ações ordinárias (com direito a voto) do banco, mas foi alvo de críticas da oposição. A operação acabou não acontecendo, segundo o governo gaúcho, devido às condições mais adversas do mercado.

Como mostrou o Estadão na quarta-feira, 25, os governos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul podem deixar dívida com a União de R$ 12,95 bilhões para seus sucessores, caso as decisões de ministros do STF se mantenham até o fim do ano. A fatura para os vencedores das eleições já chega a R$ 6,3 bilhões para os mineiros e a R$ 6,65 bilhões no caso gaúcho, segundo dados do Tesouro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Passado o segundo turno das eleições, a situação financeira das prefeituras virá à tona. De 3.155 municípios que informaram o quadro de suas finanças ao Tesouro Nacional, 2.442, ou 77,4%, já estão com as contas no vermelho, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). E a situação vai piorar até o fim do ano, com a contínua queda da arrecadação, deixando a bomba fiscal para a próxima administração.

Ao contrário dos governadores, que alardearam nos últimos meses a crise sem precedentes nos seus cofres para ganhar mais dinheiro do governo federal, as prefeituras empurraram os problemas para debaixo do tapete durante a campanha eleitoral - não é exatamente um trunfo eleitoral mostrar que as finanças estão descontroladas.

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Os futuros prefeitos, que vão herdar o rombo - no caso dos reeleitos, deles mesmos -, fizeram uma romaria nos últimos dias pelos gabinetes do Congresso em busca de dinheiro para 2017. Mas, com o teto de gastos já aplicado ao Orçamento federal do ano que vem, se depararam com uma grande dificuldade em emplacar seus pedidos de emendas aos deputados e senadores.

As informações prestadas pelos municípios ao Tesouro não são obrigatórias. Por isso, boa parte dos 5.570 prefeitos não as enviam. Mesmo assim, o levantamento representa o retrato mais amplo disponível sobre as finanças das prefeituras. Ao analisar por Estados, todos os municípios do Amazonas e do Rio que divulgaram as informações estão no negativo. Em São Paulo, 402 prefeituras registram déficit. No Rio Grande do Sul, o quadro não é muito diferente, com 371 cidades nessa situação.

"A bomba já estourou e vai ficar pior até o final do ano. No período eleitoral, quem vai dizer que está mal?", diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Segundo a confederação, 576 delas estão atrasando salários.

Fundo menor. A crise se agravou porque os prefeitos contavam com R$ 99 bilhões de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 2016, mas a previsão é que esse valor não chegará a R$ 84 bilhões no fim do ano. A queda das transferências da União é mais dramática para Estados do Nordeste e Norte do País, onde boa parte das prefeituras depende desse dinheiro.

As prefeituras também arcam com custos cada vez maiores com a Previdência. No ano passado, a despesa com servidores inativos cresceu 13,22% ante 2014, segundo dados do Tesouro Nacional para municípios acima de 200 mil habitantes. As receitas correntes, por sua vez, subiram apenas 6,81% no período.

"Só vamos saber mesmo a situação quando sentarmos na cadeira", diz o prefeito eleito de Brejo Grande (SE), Clysmer Ferreira. Membro do PSB, ele era o candidato da oposição no município e esteve no Congresso na última semana para pedir emendas aos parlamentares.

Se para os prefeitos que vão assumir os cargos a perspectiva para o ano que vem não é animadora, para os que estão deixando o cargo com as contas deficitárias o risco é de uma condenação por crime de responsabilidade fiscal. Na avaliação da CNM, muitos prefeitos vão virar ficha- suja. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe uma série de práticas nos últimos oito meses do mandato, entre elas deixar ao sucessor restos a pagar a descoberto (sem dinheiro em caixa para honrar o pagamento).

O economista José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV e um dos formuladores da LRF, acredita que a sanção é correta, desde que em situação de normalidade econômica. "Não é o caso agora. Seria preciso encontrar uma solução que impedisse uma gastança, mas não levasse a punições de prefeitos por fatores que são alheios à sua atuação."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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