Pouco antes de embarcar de volta para o Rio de Janeiro, onde vai se reunir com o candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, o general Hamilton Mourão disse que "não é inimigo da imprensa", mesmo que (a imprensa) "bata muito" nele. "A imprensa é para os governados e não para os governantes. Vocês já me viram reclamando?", questionou, justificando que não reclama da imprensa, "que não vai mudar seu jeito" e que "podem bater à vontade porque a carcaça é boa". Sobre a fala em relação ao seu neto de que era "branqueamento da raça", Mourão afirmou que "estava brincando" e desabafou: "fui um idiota".
O general Mourão não quis comentar o que chamou de brincadeira, que disse no dia anterior, ao apresentar seu neto na chegada em Brasília e dizer que ele era "branqueamento da raça". Já com outro tom, o general afirmou que não queria falar disso e que não tinha nada a esclarecer, reiterando: "vocês sabem que foi uma brincadeira e as pessoas levam para outro lado". E desabafou: "Fui idiota. Porque eu brinco e as pessoas não entendem o que é uma brincadeira. Eu sou um cara sincero. Vocês têm de entender isso".
##RECOMENDA##Perguntado se ia mudar seu jeito por causa da campanha, ele respondeu: "Não. Jamais vou mudar meu jeito. Eu tenho de ser o que eu sou. Eu tenho 65 anos de idade, seu eu mudar, é horroroso. Meus filhos se preocupam comigo, mas eu já disse a eles: é o meu jeito."
O vice de Bolsonaro disse reconhecer que estão ocorrendo problemas nas urnas, em vários pontos do País, mas fez questão de dizer que vai confiar no resultado das eleições. O general defendeu mudanças no sistema eleitoral porque "os partidos são muito fracos", destacando que já houve debandada da base dos demais candidatos para Bolsonaro e que já conta com o apoio de cerca de 350 parlamentares.
Ao falar das urnas, o general Mourão declarou: "Se não confiar nisso aí, acabou o Brasil". E emendou: "tem problemas na urnas umas panes, às vezes não aparece a foto, mas está tudo bem. Vamos confiar no resultado que sair porque nós vamos vencer."
Questionado se estava certo de que a eleição acabaria no primeiro turno, pró Bolsonaro, ele foi mais comedido: "Tem de ter cautela. Cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém mas, pelo que a gente vê é primeiro turno que vai acontecer. Vocês têm de andar mais pelo Brasil porque o Brasil não é entre Copacabana e o Jardim Botânico".
Na rápida entrevista no aeroporto de Brasília, Mourão reiterou o que Bolsonaro já disse em torno da base eleitoral que acredita que poderá ter no Congresso, caso vença as eleições, de cerca de 350 parlamentares, lembrando que "ela já desembarcou" dos outros candidatos. Em seguida, defendeu "mudanças no atual sistema partidário", após ressaltar que "os nossos partidos são muito fracos e não nos representam mais". Ao se referir à base, ele citou que esse número é composto por exemplo, pela bancada agropecuária, os evangélicos e os que representam as polícias. Para ele, a composição será mais em tono de nomes e não de partidos.
O general Mourão disse que ao desembarcar no Rio seguiria direto para a casa de Bolsonaro esperar, a fim de esperar o resultado das eleições no primeiro turno. Ele acredita que ao final da apuração deve haver uma fala de Bolsonaro, seja com fechamento do primeiro turno ou não, ressalvando que seriam falas diferentes. Comentou ainda que tinha falado com o deputado pelo telefone e que ele o estava esperando, "animado e tranquilo". Para ele, "se tiver segundo turno, é uma forma de trabalho, se não, é começar a tocar o governo". Sobre a possibilidade de nomes para compor o ministério, caso a disputa acabe hoje ele desconversou, salientando que "é muito cedo pra isso". E completou: "vamos aguardar. Uma coisa de cada vez".