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Na última semana, astrônomos no projeto Event Horizon Telescope (EHT) revelaram a primeira imagem do campo magnético de um buraco negro. Este é mais um feito inédito do grupo de cientistas, que revelou ao mundo, em abril de 2019, a primeira imagem da região de espaço-tempo localizada no centro da galáxia Messier 87 (M87), há 55 milhões de anos-luz de distância da Terra.

A imagem, projetada há 2 anos, mostrava apenas um borrão com um círculo flamejante e o centro escuro. O novo registro mostra com mais nitidez a região vermelha do buraco negro como um espiral em linhas agrupadas. Este ponto localizado na borda é responsável pela emissão de jatos de luz que alcançam regiões em até 5 mil anos-luz de distância da própria galáxia.

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Cientistas apontam que a nova imagem serve como fonte de estudo para entender melhor como funciona a estrutura de um astro cósmico tão misterioso quanto o buraco negro, apesar das inúmeras teorias comprovadas ao longo dos anos, como a radiação Hawking, criada em 1974 por Stephen Hawking (1942-2018), e comprovada em laboratório no início de março.

Acredita-se que todos os buracos negros em sua essência possuem esses campos magnéticos nas bordas. O que acontece dentro do astro cósmico continua sendo um mistério. Porém, a região de fora poderá ser estudada a fundo, no final de abril de 2021, quando a EHT voltar às atividades com a adição de telescópios mais precisos.

A sonda Parker, que parte nesse sábado dos Estados Unidos para explorar a atmosfera do Sol, levará a bordo quatro instrumentos para esclarecer velhos enigmas e talvez até fazer descobertas inesperadas.

A sonda da Nasa, chamada de Parker Solar Probe, tem o tamanho de um carro esporte e vai transportar quatro conjuntos de instrumentos, cada um composto por vários aparelhos doados por diferentes países. Estarão protegidos do calor extremo pelo escudo de carbono da sonda.

Campo magnético

FIELDS vai medir no local o campo magnético e elétrico para tentar responder à "grande pergunta": "O que aquece a coroa solar?", explica em entrevista à AFP Thierry Dudok de Wit, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) em Orleans (centro) e responsável pelo magnetômetro de FIELDS.

A coroa, camada mais externa da atmosfera solar que se estende por milhões de quilômetros da estrela, supera um milhão de graus centígrados, enquanto a superfície do Sol alcança "somente" 6.000ºC.

É um verdadeiro desafio às leis da natureza, segundo as quais quanto mais longe da fonte do calor, mais baixa é a temperatura.

Mas há um hipótese que diz que as temperaturas extremas seriam o resultado da influência de ondas eletromagnéticas, da mesma forma que uma placa de indução aquece uma panela, explica o CNRS em um artigo. Mas a única forma de averiguar essa hipótese é no próprio terreno, o que nunca foi tentado.

Vento solar

A SWEAP (Solar Wind Electrons Alphas and Protons Investigation) terá a missão de desvendar o mistério do vento solar, um fluxo constante de partículas ionizadas que se deslocam a mais de 500 km por segundo.

Os físicos não sabem por que o Sol exala o vento solar.

Ao observar os íons e elétrons que compõem a atmosfera do Sol e o vento solar, os cientistas acreditam que poderão definir a temperatura, a velocidade e a densidade desses fluxos muito fortes.

"Isso poderia nos ajudar a prever melhor quando uma tempestade solar poderia atingir a Terra", explica Justin Kasper, da Universidade de Michigan, responsável da SWEAP.

Os cientistas temem que uma grave tempestade solar possa afetar a rede elétrica durante meses ou até mesmo anos em algumas regiões do planeta.

Aceleração de partículas

A ISOIS (Integrated Science Investigation of the Sun) vai se concentrar nos íons pesados, ou seja, as partículas de maior energia.

"São partículas muito energéticas em direção à Terra em uma velocidade fenomenal, quase a velocidade da luz. Podem alcançar a Terra em entre 30 e 60 minutos", explica Thierry Dudok de Wit.

"O dia em que se quiser ir para Marte teremos que poder prever essas erupções de partículas, já que podem ter efeitos mortíferos", explica.

Os cientistas sabem que as partículas vêm da coroa solar, mas o processo de aceleração continua sendo um mistério. Essas observações no local "poderiam nos proporcionar novos índices sobre esse processo", explica Ed Stone, do Caltech, Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Grande plano

A WISPR (Wide-Field Imager for Parker Solar Probe) é uma câmera do tamanho de uma caixa de sapato que vai observar o Sol. Os astrofísicos esperam captar as expulsões de massa da coroa (partículas ionizadas projetadas a grande velocidade), os fluxos e refluxos de matéria e todo tipo de flutuações.

Nenhuma câmera filmou até agora a estrela tão de perto, apenas a cerca de mais de seis milhões de quilômetros nos momentos em que mais se aproximar (a distância entre a Terra e o Sol é de cerca de 150 milhões de km).

É uma promessa de imagens magníficas para os curiosos e instrutivas para os cientistas.

A sonda Parker vai realizar "a primeira visita da humanidade a uma estrela", diz a Nasa. "Temos uma ideia do que encontraremos, mas os resultados mais importantes podem vir de observações totalmente inesperadas", diz Mark Wiedenbeck, do Jet Propulsion Laboratory dos Estados Unidos.

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