Tópicos | Capital Economics

Riscos fiscais elevados, deterioração dos termos de troca do Brasil e um ambiente externo menos favorável devem levar o real a se enfraquecer ainda mais em 2022, avalia o economista da Capital Economics Joseph Marlow. "Esperamos que o real continue sob pressão ao longo do próximo ano. Nossa projeção é de taxa de câmbio a R$ 6,00 no fim de 2022", afirma Marlow, em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira, 4.

O economista avalia que, com o presidente Jair Bolsonaro atrás nas pesquisas eleitorais, é improvável que o governo adote medidas na área fiscal capazes de melhorar a trajetória da dívida pública. A austeridade fiscal, ressalta Marlow, também não é a prioridade para o principal concorrente de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

##RECOMENDA##

"A despeito de quem vencer a eleição, achamos que será difícil para o governo introduzir medidas de austeridade", afirma o economista da Capital Economics, ressaltando que a economia brasileira estará enfraquecida e que há muita rigidez nos gastos públicos. "Isso pode impedir o governo de retornar a níveis de dívidas sustentáveis ao longo dos próximos dois anos".

Marlow também vê uma piora dos termos de troca do país, por conta de novas quedas do preço do minério de ferro em particular. Ele destaca que o real já mostra uma fraqueza superior ao que sugeriria o atual nível dos termos de troca. A moeda brasileira, observa, pode até não ser tão fortemente afetada por essa piora como se viu historicamente, mas será de alguma forma abalada.

Além da questão fiscal e da queda dos preços de produtos exportados pelo Brasil, o economista também acredita que o ambiente externo será desfavorável para o real. Embora a economia mundial apresente uma retomada após o tombo provocado pela pandemia do novo coronavírus, o ritmo da recuperação vai desacelerar, com o crescimento nos Estados Unido e na China menores do que se espera. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve e outros bancos centrais de países desenvolvidos devem continuar o processo de normalização de suas políticas monetárias.

Marlow destaca que muitas notícias ruins já foram incorporadas nos preços e que o descolamento do real em relação aos fundamentos dos termos de troca já é acentuado. Os prêmios de risco, nota o economista, também são relativamente altos. "Um aperto monetário maior provavelmente dará algum suporte ao real. No entanto, duvidamos que uma recuperação da moeda brasileira ocorra durante as eleições e esperamos que o real permaneça sob pressão no próximo ano e depois", afirma.

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quarta-feira, 24, pelo Banco Central sugere que mais apertos estão por vir, na visão da consultoria britânica Capital Economics. Ela espera uma alta de 0,5 ponto porcentual em julho e uma última elevação, de 0,25 ponto porcentual, em setembro.

"O RTI dá a mais clara indicação até agora de que as autoridades acreditam que ainda têm mais trabalho a fazer no combate à inflação", diz o relatório assinado pelo economista-chefe para mercados emergentes, Neil Shearing. Segundo ele, a conclusão do relatório é a de que, apesar da deterioração na atividade econômica, o foco continua firme no combate à inflação.

##RECOMENDA##

"Dado o tom da linguagem nesse relatório, não é inconcebível que o Copom eleve os juros em mais 0,5 ponto porcentual em setembro e depois espere até o RTI do terceiro trimestre para avaliar sua próxima decisão", afirma o texto, apesar de a projeção oficial da consultoria para a Selic ser a citada acima, que prevê a taxa em 14,5% em setembro.

A Capital Economics aponta que, no cenário de referência, a projeção para a inflação no fim de 2016 caiu levemente, de 4,9% para 4,8%, enquanto o centro da meta (4,5%) só é esperado para o segundo trimestre de 2017. "Isso indica que o que realmente importa é se as autoridades estão satisfeitas de esperar até 2017 para a inflação cair de volta para a meta. A retórica no RTI sugere que eles definitivamente não estão".

A consultoria britânica aponta que o RTI afirma que o cenário de convergência da inflação para o centro da meta "tem se fortalecido", mas "ainda não é suficiente". Nesse contexto, o BC diz que a política monetária deve se manter "vigilante".

A queda do PMI Industrial do Brasil em novembro para o nível mais baixo dos últimos 16 meses sugere que, após sair da "recessão" no terceiro trimestre deste ano, o quarto trimestre também deve ser "decepcionante", afirma a Capital Economics em relatório assinado pelo economista para mercados emergentes, David Rees. Em novembro, o PMI Industrial do Brasil caiu para 48,7, ante 49,1 em outubro. Segundo a consultoria britânica, apesar de a relação com os dados da produção industrial calculados pelo IBGE não ser tão forte, uma leitura de PMI abaixo de 50 sinaliza uma queda na produção nos próximos meses.

A Capital Economics destaca que as quedas foram espalhadas uniformemente entre a maioria dos subíndices que compõem o PMI: a produção caiu para 46,9, de 48,8, e as novas encomendas de exportação, para 48,8 (de 49,7). "Nesta base, não há nenhum sinal de que um real mais fraco está ajudando a estimular uma recuperação da produção", pondera. A consultoria acrescenta que a queda no índice de emprego, para 48,6 em novembro, ante 49,6 em outubro, é outro sinal de que o crescimento econômico mais fraco está começando a pesar sobre o mercado de trabalho brasileiro.

##RECOMENDA##

"Finalmente, tanto os preços de insumos pagos pelos produtores quanto os preços dos produtos vendidos aumentaram, sugerindo que as pressões sobre a inflação permanecem altas", afirma. Diante disso, a Capital Economics diz no relatório que espera uma nova alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira, fazendo com que a Selic chegue a 11,5% ao ano. "Em suma, não há nada aqui que sugira que a combinação de fraco crescimento e inflação alta está sendo deixada para trás", conclui.

Diferente do Brasil, a Capital Economics destaca no relatório que o PMI Industrial do México subiu para 54,3 em novembro, de 53,3 em outubro, configurando a leitura mais alta desde janeiro de 2013 e deixando o índice bem acima de 50, patamar que marca a divisão entre expansão e contração. A consultoria ressalta que há sólidos aumentos em vários componentes do indicador referente ao México, o que aponta para uma aceleração sustentada no crescimento da produção mexicana nos próximos meses.

A surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que elevou, na quarta-feira (29) a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, é um sinal de que o novo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) pode focar mais no combate à inflação, afirmou a consultoria britânica Capital Economics em relatório.

"O foco vai agora se voltar para os planos do governo na área fiscal, mas novos apertos nos juros provavelmente também serão necessários", diz o texto, acrescentando que a Selic pode avançar mais 0,75 ponto porcentual até o fim do primeiro trimestre do próximo ano, ficando nesse patamar pelo restante de 2015.

##RECOMENDA##

A Capital Economics aponta que a decisão de subir os juros não foi unânime, com cinco votos favoráveis e três contrários, mas diz que o comunicado sugere que a maioria dos membros optou pelo aperto, pois os acontecimentos desde a última reunião "tornaram o balanço de riscos para a inflação menos favorável".

Os dados realmente indicariam um aperto, já que o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 6,75% em setembro, bem acima do teto da meta de inflação, de 6,5%. Entretanto, a consultoria comenta que esse não é um fator novo, já que essa situação foi observada nos últimos quatro meses e o IPCA-15 sugere que a inflação deve desacelerar um pouco em outubro.

"Em vez de novos desdobramentos nas projeções de inflação, nós suspeitamos de que os verdadeiros motivos por trás da elevação surpreendente de ontem à noite foram políticos", afirma o relatório. Segundo o texto, a campanha eleitoral revelou um crescente descontentamento com a gestão da economia, em especial a inflação elevada. "As autoridades provavelmente adotaram a visão de que era melhor agir cedo para reconquistar alguma credibilidade."

A Copa do Mundo deve ter um impacto positivo muito pequeno na economia do Brasil - se é que o efeito líquido será mesmo benéfico - segundo uma avaliação da britânica Capital Economics. Na análise da consultoria, a competição não ajudará o País a resolver os problemas estruturais que prejudicam o crescimento no longo prazo.

A Capital Economics explica que os benefícios da Copa se dão por dois canais. O primeiro deles é o aumento nos investimentos do governo e o segundo são os gastos dos consumidores, em especial dos turistas. A consultoria lembra que o orçamento inicial do torneio era de quase R$ 23 bilhões, sendo um terço para construir os estádios e dois terços para melhorar a infraestrutura, sobretudo de transportes.

##RECOMENDA##

Esse volume representa aproximadamente 1% do PIB anual brasileiro, mas foi diluído ao longo dos anos. Em termos relativos, o orçamento é maior do que o feito na Copa de 2010, na África do Sul (0,8% do PIB local) e do que o realizado no Mundial de 2006, na Alemanha (0,3% do PIB). Entretanto, o próprio governo brasileiro estima que os investimentos na verdade ficaram em torno de dois terços do total previsto inicialmente. "O Brasil tem um histórico péssimo na implementação de programas públicos de investimento", diz a Capital Economics.

Turistas

Em relação aos gastos dos turistas, a consultoria aponta que o governo espera que a Copa atraia quase 600 mil visitantes para as cidades-sede. Com uma estimativa arbitrária de que cada turista passe dez dias e gaste cerca de US$ 500 por dia, isso significaria um total de US$ 3 bilhões. "Pode parecer impressionante, mas é um volume pequeno em uma economia de US$ 2 trilhões. Os gastos adicionais dos turistas equivaleriam a apenas 0,1% ou 0,2% do PIB", explica o relatório.

A consultoria aponta que nas duas edições anteriores da Copa do Mundo os impactos nas economias locais foram questionáveis. O campeonato de 2006 realmente coincidiu com uma aceleração na economia alemã, mas a África do Sul desacelerou em 2010, durante o torneio, e não houve um impulso de longo prazo para o país, como muitos esperavam.

Apesar do ceticismo em relação à Copa, o economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, diz que aposta em uma vitória do Brasil na disputa. "Nas seis Copas realizadas na América Latina um time do continente foi campeão", lembra.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando