O principal desafio de concessionárias do Brasil e da China, dois dos maiores mercados mundiais do setor, é diminuir a dependência do resultado criado por veículos novos na receita e nos lucros. Na avaliação dos executivos das revendedoras presentes no 23.º Congresso Fenabrave, iniciado nesta quarta-feira, em São Paulo, é preciso buscar alternativas como as encontradas pelos Estados Unidos após a crise, especialmente com usados. No Brasil, os carros e comerciais leves novos respondem por 60% das operações financeiras das concessionárias e, na China, por 80%.
"Qualquer variação da economia nos atinge diretamente porque as vendas de carros novos são as primeiras a cair", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti. O modelo de negócios buscado pelos dois países é o dos EUA, onde as concessionárias locais conseguem entre 60% e 80% de receitas e lucros das áreas de assistência técnica e vendas de usados e autopeças.
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"A mudança nos Estados Unidos ocorreu após a crise de 2009, quando 3 mil concessionárias (de cerca de 17 mil) fecharam, mas elas ressurgiram e mudaram o jeito de trabalhar, concentrando em veículos usados, peças e serviços", disse. A diretora da China Auto Dealres Association (Cada), Charlotte Ye, citou o crescimento do mercado de usados naquele país como o primeiro passo para as distribuidoras ampliarem os ganhos com menor dependência dos veículos novos. "Dos 20 milhões de veículos previstos para serem comercializados este ano, dez milhões serão de usados, o que possibilita o aumento da receita", citou Charlotte.
Por outro lado, de acordo com o presidente da National Automobile Dealers Association (Nada), David Westcott, a preocupação das concessionárias agora é com a recuperação da economia dos EUA e a possibilidade de altas nas taxas de juros no futuro. "O mercado dos Estados Unidos está melhorando dramaticamente e o mais importante é que a lucratividade está alta", disse. "Mas precisamos do ambiente de taxas de juros baixas para financiar os clientes", completou.
Somente em julho, o mercado norte-americano comercializou 1,3 milhão de autoveículos, alta de 15% sobre julho de 2012. A expectativa é de um crescimento mínimo nesse porcentual para as vendas totais em 2013, ante 14,4 milhões de veículos. Já o economista da MCVean Trading and Investments Michael Dury prevê que o mercado americano deva superar 15 milhões de veículos negociados por ano em 2013 e permanecer acima desse patamar com a melhoria da economia local. "O único problema agora é a Europa, que está um mercado morto, mas com grande potencial para crescimento", disse.