Na tarde da quarta-feira, dia 11 de março, três pessoas foram observadas em atitude suspeita no bairro de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). A Polícia Militar, então, fez a abordagem. Nada foi encontrado. Ainda desconfiando de um indivíduo, o ex-presidiário Danilo Luiz Gomes de Oliveira, a polícia acionou a Companhia Independente de Policiamento com Cães (CIPCães). O que um homem levaria horas e horas para achar, um cachorro conseguiu farejar, enterradas a cinco metros de distância do local da abordagem, 11 pedras de crack e seis papelotes de maconha.
Uma das características mais valorizadas dos cachorros é exatamente o faro, considerado pelos próprios policiais como uma habilidade que nenhuma máquina conseguiu repetir. Os bichos são treinados para identificar pasta base de cocaína, maconha ou qualquer outra substância ou objeto. O farejo, entretanto, é só uma das funções desempenhadas pelos animais da CIPCães, a primeira companhia independente do gênero no Brasil.
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Os cães da Polícia Militar de Pernambuco também são responsáveis por isolamento interno de praças desportivas, patrulha, controle de distúrbio civil e busca humana. Nas funções a que são atribuídos, diz a polícia, os cachorros são tão eficazes quanto um ser humano.
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Atualmente a companhia conta com 93 cães, das raças cão de Santo Humberto, pastor alemão, pastor belga malinois e rottweiler. Desses, 50 foram trazidos para fazer a segurança na Copa das Confederações e Copa do Mundo. Por agir em todo o estado de Pernambuco, a CIPCães tem postos descentralizados, com 16 cachorros em Nazaré da Mata, na Mata Norte; e seis em Petrolina e três em Serra Talhada, no Sertão.
Os cachorros começam a treinar desde os seis meses de idade, quando os condutores passam a notar suas performances. Os filhotes mais brincalhões tendem a ser bons farejadores, já os mais centrados, cães de patrulha.
De acordo com o comandante da companhia, major Cleto Ribeiro, uma das principais características que devem ser observadas nas provas de aptidão para o ingresso de novos policiais é justamente a relação com o animal. “Qualquer policial da CIPCães pode servir em outra companhia da Polícia Militar, mas nem todo policial militar pode servir na CIPCães”, explica Ribeiro. Segundo o major, os policiais têm que gostar de cães, muito por causa da relação afetiva que é criada entre homem e animal.
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Quando os cães policiais vão se aposentar, inclusive, eles podem ser adotados pelo seu condutor, caso haja interesse. O policial deve assinar o Termo de Fiel Depositário, passando a ser o dono do animal. Devido ao tratamento diferenciado recebido pelos animais, esta adoção raramente ocorre.
Os cães, mesmo aposentados, continuam vivendo na sede da companhia, no bairro de Dois Unidos, na zona norte do Recife. Segundo o major Cleto Ribeiro, entre 8 e 10 anos começa o período de início da aposentadoria do bicho. “É quando ele passa a não ter a mesma performance de quando era jovem, cai o vigor físico. Não podemos arriscar que comprometam uma operação”, comenta.
Ribeiro reforça que a companhia não tem problemas com os defensores animais. Além de alegar que os animais são bem tratados, o comandante esclarece que os cachorros que detectam drogas, por exemplo, não são expostos ao risco de ficarem viciados pela substância. "Nós colocamos uma essência nos próprios brinquedos. Eles não inspiram a droga, apenas sentem o cheiro", comenta. Todo o treinamento do cachorro é transformado em uma brincadeira para o animal. As ações são motivadas com a ideia de recompensa. Os cães idolatram as diversas bolinhas coloridas de plástico, além de, claro, seus donos. "Não há premiação melhor do que o carinho do condutor", finaliza Ribeiro, sobre os cães que por um afago ajudam a combater o crime.
Características das raças e curiosidades:
- O cão de São Humberto, ou Bloodhound, é utilizado apenas como cão farejador, principalmente para busca humana dentro de matas;
- Os pastores são mais versáteis, podendo atuar como farejadores ou como policiais de patrulha;
- Os cachorros da raça rottweiler são empregados na guarda e proteção;
-Há dois métodos de obtenção dos animais da CIPCães: através de aquisição, como ocorreu para a Copa das Confederações; ou após um cruzamento dos cães de melhor performance da companhia;
- Os nomes dos filhotes são sugeridos pelos próprios policiais e levados para a aprovação dos comandantes. Cada ninhada terá nomes começando por cada letra do alfabeto. Atualmente há quatro filhotes na tropa, que terão nomes começados com a letra E;
- A CIPCães não registra perda de cães em operações policiais.
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História - A polícia européia já usava sabujos (cães farejadores) no século 18, mas foi na 1ª Guerra Mundial que países como Bélgica e Alemanha formalizaram o processo de treinamento para usar os cães de guarda. Depois, até a 2ª Guerra, as funções dos cães foram ampliadas, já que os soldados retornavam do campo de batalha relatando que cães bem treinados estavam sendo usados pelos dois lados do combate. Logo, os programas K-9 foram iniciados em Londres e outras cidades européias.