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De Greta Thunberg ao Greenpeace, os apelos para que o lema da COP25, “Hora de Agir”, não fique apenas no papel se multiplicaram nesta quarta-feira (11) em Madri, onde a comunidade internacional prossegue discutindo a crise climática.

Até sexta-feira (13), cerca de 200 países estão convocados a impulsionar o Acordo de Paris, concluindo aspectos técnicos importantes, como o funcionamento dos mercados de carbono, além de mostrar sua disposição de fazer mais para limitar o aquecimento a menos de +2 °C e, se possível, + 1,5 °C.

Mas a falta de progresso da comunidade internacional diante da emergência climática decretada pelos cientistas e a mobilização dos cidadãos provocaram discursos raivosos em Madri.

Thunberg, nomeada nesta quarta-feira “Personalidade do ano” pela revista Time, lamentou que “nada esteja sendo feito” e, o que é pior, acusou os países ricos de enganar com metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A maioria dos estados trabalha com objetivos de redução de emissões de médio prazo e uma das questões centrais das negociações é a necessidade de aumentar a ambição de cada um.

“Um punhado de países ricos prometeu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em X por cento nesta ou naquela data, ou alcançar a neutralidade do carbono em X anos”, afirmou a jovem militante sueca.

“Pode parecer impressionante à primeira vista (...), mas isso não é liderança, é engodo, porque a maioria dessas promessas não inclui a aviação, transporte ou importação e exportação de mercadorias. Em vez disso, incluem a possibilidade de que os países compensem suas ambições fora de suas fronteiras”, denunciou, lembrando as disposições do Acordo de Paris.

Thunberg pediu aos países ricos que assumam sua responsabilidade e atinjam a meta de “zero emissões de uma maneira muito mais rápida e depois ajudem os mais pobres a fazer o mesmo”.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima parece ter se tornado “uma oportunidade para os países negociarem brechas legais e evitarem maiores ambições”. Uma manifestação de ONGs e ativistas foi convocada nesta quarta-feira na COP25 para reivindicar “soluções reais” aos países ricos.

- Onde estão os adultos? -

Os mais velhos compartilham da mesma preocupação. “Participei da COP durante 25 anos: nunca vi uma lacuna tão grande entre o que acontece dentro e fora destas paredes”, afirmou Jennifer Morgan, diretora do Greepeace International.

“As soluções são acessíveis e estão diante de nossos narizes”, acrescentou. "Mas onde estão os líderes, os adultos?”, questiona. “O coração de Paris (o acordo) continua batendo, não abandonem”, implorou.

Dados científicos sugerem que qualquer atraso agravará o aquecimento, com consequências catastróficas para o planeta. As emissões de CO2 aumentaram 0,6% em 2019 em todo o mundo, de acordo com o balanço anual do Global Carbon Project (GCP).

- Questão de necessidade -

Os dados contrastam com o que, segundo a ONU, teria que ser feito a partir de 2020 para atingir o objetivo de +1,5 °C: reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 7,6% ao ano até 2030.

No ritmo atual, a temperatura mundial poderá subir para 4 ou 5°C no final do século em comparação com a era pré-industrial.

Na tentativa de impulsionar as negociações, a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, nomeada “facilitadora” na reta final da COP25, afirmou que “não é mais uma questão de ambição". "É uma questão de necessidade. Uma necessidade comum de agir”, destacou.

“Se alcançarmos um resultado ruim no final da semana (...), enviaremos um sinal terrível ao mundo”, disse Alden Meyer, da União de Cientistas Preocupados, com sede nos Estados Unidos.

A ex-senadora Marina Silva (Rede) aproveitou a participação em um dos painéis da 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), que acontece em Madri, para pedir desculpas à ativista sueca Greta Thunberg “em nome do Brasil”. Greta foi chamada de “pirralha” pelo presidente Jair Bolsonaro por duas vezes nessa terça-feira (10). 

Marina, que estava em uma palestra sobre o papel dos jovens no combate às mudanças climáticas, disse que Bolsonaro agiu com agressividade e desrespeito.

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“E eu queria iniciar fazendo um pedido de desculpas à Greta em nome de meu país, o Brasil. Pela forma como o presidente Bolsonaro desrespeitosamente e agressivamente se dirigiu a ela, chamando-a de pirralha, porque ela se solidarizou com os índios que foram assassinados no Brasil”, declarou a ex-candidata à Presidência em 2018 pela Rede Sustentabilidade.

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Jair Bolsonaro chamou Greta de “pirralha” depois que foi instado a comentar sobre a postura da ativista diante da morte de indígenas no Maranhão. “Como é, índio? Qual o nome daquela menina lá? Aquela Tábata, não. Como é? Greta. A Greta já falou que os índios morreram porque estão defendendo a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Uma pirralha”, disparou. 

Logo depois, Greta atualizou a descrição do seu perfil no Twitter e escreveu “pirralha” como sua definição. Ainda na terça, o presidente voltou a insultar a jovem.  

"Estamos caminhando na direção errada": a responsável pelo clima da ONU Patricia Espinosa pediu nesta terça-feira (10) aos ministros reunidos em Madri para a segunda semana da COP25 que se entendam sobre a implementação do Acordo de Paris.

Recordando as palavras do secretário-geral da ONU Antonio Guterres, para quem o mundo está em um "momento decisivo" e deve escolher entre a "esperança" de um mundo melhor agindo radicalmente ou a "capitulação", Patricia Espinosa alertou que "estamos indo na direção errada".

"Não agimos com rapidez suficiente para provocar uma transformação radical da sociedade" e "os governos continuam a subsidiar as energias fósseis", lamentou esta manhã, na abertura do segmento ministerial, após mais uma semana de discussões técnicas.

Os Estados membros da conferência climática da ONU devem concluir, em teoria, até sexta-feira (13) à noite, negociações sobre vários pontos controversos para a aplicação prática do Acordo de Paris de 2015.

Um deles diz respeito ao artigo do Acordo de Paris sobre os mercados de carbono. "Sabemos que muito trabalho técnico deverá ser feito no futuro, mas um acordo em Madri é crucial", afirmou Espinosa.

Os cerca de 200 signatários do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento a um máximo de +2°C, são instados por todos os lados a acelerar suas ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar os efeitos devastadores das mudanças climáticas.

Lideranças políticas, ativistas, acadêmicos e representantes da iniciativa privada estão reunidos em Madri, na Espanha, desde o último da 2, até o próximo dia 13 de dezembro, para discutir a Emergência Climática na Conferência da ONU sobre o Clima (COP25). Presidente para a América do Sul do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, o prefeito Geraldo Julio chefia a maior comitiva da história da rede em COPs, com 60 representantes. O grupo chega a Madri neste domingo (8), com o objetivo de discutir a participação das cidades e governos locais no contexto da Emergência Climática. 

Na COP25, o prefeito Geraldo Julio terá ainda a oportunidade de apresentar os avanços do Recife na questão climática, que colocaram a cidade como referência no tema e levaram à liderança do ICLEI América do Sul. Outro objetivo é a busca por financiamento internacional para desenvolver mais ações na cidade, que está, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), entre as 16 mais vulneráveis aos efeitos das variações do clima no planeta. 

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Entre os membros da comitiva estão o prefeito de Lima, Jorge Muñoz, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, entre outros. Os trabalhos já começam no domingo com reunião preparatória da agenda de ação dos governos locais da América Latina, frente ao Acordo de Paris, durante a COP.  A reunião vai abordar as propostas de ação climática promovidas pelas cidades e como outros atores internacionais como instituições financeiras, redes de cidades, agências internacionais, podem contribuir com o desenvolvimento e aplicação dessa agenda. 

Na segunda-feira (9), o prefeito Geraldo Julio integra o painel Oportunidades e alianças pelo Clima – 2020: “O papel dos governos locais na construção de um compromisso nacional pelo clima”. O encontro será promovido com o intuito de fortalecer a interação entre governos locais e parlamentares brasileiros na promoção de diálogos sobre a Agenda Climática para 2020.   

Ainda na segunda, o prefeito participa do painel Prefeitos e Prefeitas, onde será discutida a visão dos governos locais da América Latina destacando compromissos e propostas de ação climática liderados pelas autoridades locais da região, projetando os desafios e prioridades para a implementação do Acordo de Paris na América. Participam desse encontro os prefeitos de Tegucigalpa (Honduras), Independencia (Chile), Oreamuno (Costa Rica), Arima (Trinidad e Tobago), Mérida (México) e Lima (Peru). 

A Prefeitura do Recife vem se destacando nas políticas públicas para o enfrentamento à Emergência Climática. Em novembro deste ano, durante Conferência Brasileira de Mudança do Clima, sediada na capital pernambucana, a prefeitura anunciou um conjunto de medidas, ampliando ainda mais o compromisso da cidade com a agenda climática. Entre as medidas estão o lançamento do Plano de Adaptação Climática do Recife, o decreto que declara o Reconhecimento à Emergência Climática Global pelo Município do Recife, a primeira cidade do Brasil a fazer esse reconhecimento e também com pioneirismo em todo o país, o Recife se tornou a primeira cidade incluir na grade curricular da rede pública de ensino a matéria Sustentabilidade e Emergência Climática. 

As ações vem se juntam ainda a ações concretas locais que buscam a redução das emissões, como a expansão da iluminação em LED na cidade com o Ilumina Recife e o projeto de Energia Limpa que será implantado no Hospital da Mulher do Recife. A Maratona Verde, que plantou 10 mil árvores em apenas uma semana, chegando a marca de mais de 80 mil árvores plantadas nos últimos 7 anos. A expansão da rede cicloviária, que quadruplicou de tamanho e ultra passou os 100km de extensão, entre outras medidas, como a recuperação do Jardim Botânico do Recife, os Econúcleos de Educação Ambiental e o novo Jardim do Baobá. 

Desde de 2013, a Prefeitura firmou compromisso com a causa da sustentabilidade e o enfrentamento às mudanças climáticas, com o ingresso na Rede ICLEI.  Em 2014, foi lançada a  Política de Sustentabilidade e de Enfrentamento das Mudanças Climáticas do Recife (Lei Nº 18.011/2014), que estabelece instrumentos para a implementação, em nível municipal, de ações sustentáveis e de enfrentamento ao fenômeno do aquecimento global, foi a primeira grande iniciativa. Foram feitos dois inventários de Emissões dos Gases, e o Plano de Adaptação da cidade. Foi estruturado ainda o Sistema Municipal de Unidades Protegidas, criando 26 Unidades de Conservação da Natureza, no território da cidade, das quais 19 já têm seus Planos de Manejo aprovados pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente.

Em sua vigésima quinta edição, a COP 25 (Conferência das Partes) é o órgão de tomada de decisão da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e realizado pelos 197 países signatários da convenção e tem como objetivo avançar na implementação do acordos que foram determinados na Convenção que estabelece obrigações específicas de todas as Partes para combater as mudanças climáticas.

*Da assessoria de imprensa

"Os discursos não bastam". Com a jovem sueca Greta Thunberg na liderança, milhares de pessoas vão protestar nesta sexta-feira (6) em Madri para pressionar os países signatários do Acordo de Paris a agir contra o aquecimento global.

Outra marcha está planejada em Santiago do Chile, onde a reunião anual da ONU sobre o clima (COP25) aconteceria antes que o país desistisse de recebê-la por causa de um movimento social sem precedentes.

Sob o lema "o mundo acordou diante da emergência climática", a marcha climática de Madri começará às 18h00 (14h00 de Brasília) em frente à estação de Atocha.

Símbolo da luta pelo meio ambiente desde que lançou, em agosto de 2018, sua "greve escolar" que impulsiona o movimento global "Sexta-feira pelo futuro", Greta Thunberg estará presente. A jovem sueca dará uma conferência às 16h30 (12h30 de Brasília).

Sem viajar de avião, devido a seu impacto ambiental, Greta foi de veleiro participar de uma cúpula da ONU sobre o clima em Nova York e depois para a COP25 anunciada no Chile. Com a mudança de local, teve que pegar uma catamarã para fazer o caminho inverso.

Depois de três semanas no mar, a ativista de 16 anos chegou a Lisboa e, de lá, seguiu para Madri, onde chegou nesta sexta por volta das 8h40 (4h40 de Brasília). Ela dará uma coletiva de imprensa às 16h30 (13h30 de Brasília).

O ator espanhol Javier Bardem, ativista climático, também participará do protesto, que incluirá discursos e eventos musicais e culturais.

"Sabemos que será grande. Esperamos centenas de milhares pedindo ações urgentes", disse um porta-voz da mobilização, Pablo Chamorro.

A marcha de sexta-feira quer ser um "grande momento global", afirmou Estefanía González, porta-voz da Sociedade Civil para Ação Climática (SCAC), que representa mais de 150 grupos chilenos e internacionais.

Em função da desigualdade social e econômica, a crise no Chile está "diretamente relacionada à crise ambiental", apontou González, referindo-se aos maiores protestos no país desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, há quase 30 anos.

"Hoje, a ação climática se traduz em equidade social. Não é possível ter equidade social sem a equidade ambiental", afirmou o ativista.

A SCAC é um dos organizadores da Cúpula Social para o Clima, uma conferência paralela à COP25 que vai durar uma semana, a partir deste sábado, e incluirá centenas de eventos e workshops.

Os cerca de 200 signatários do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a +2°C ou +1,5°C, estão reunidos desde segunda por duas semanas em Madri, pressionados para definir metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Embora o termômetro tenha registrado alta de +1°C desde a era pré-industrial, ampliando os desastres climáticos, esta reunião pode decepcionar.

Em um manifesto, as associações que organizam a marcha enviaram uma mensagem clara: "Voltaremos às ruas (...) para exigir medidas reais e ambiciosas de políticos de todo o mundo reunidos na COP" e reconhecem que "a ambição insuficiente de seus acordos levará o planeta a um cenário desastroso de aquecimento global".

A ativista sueca Greta Thunberg chegou em Lisboa nesta terça-feira (3), após uma travessia de três semanas no Oceano Atlântico, e agora busca um transporte para levá-la até Madri, que sedia a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP25.

Thunberg, 16 anos, viajou no veleiro de uma família australiana após um tour por Canadá e Estados Unidos. Seu objetivo era seguir até o Chile, que receberia a COP25, mas a jovem teve de mudar os planos por conta da transferência da sede do evento.

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O barco, chamado "La Vagabonde", viajou sem auxílio de motores, já que Thunberg busca usar apenas meios de transporte com baixo impacto ambiental. O veleiro conta com painéis solares e geradores movidos a água para obter eletricidade.

A jovem deve se reunir com autoridades portuguesas e outros ativistas, mas seus representantes ainda não confirmam como nem quando ela irá a Madri, a 600 quilômetros de Lisboa.

"Ela tem sido uma líder capaz de mover e abrir corações de muitos jovens ao redor do mundo. Precisamos dessa força tremenda para aumentar a ação pelo clima", disse a ministra do Meio Ambiente do Chile, Carolina Schmidt, que preside a COP25.

A chegada de Thunberg a Lisboa coincide com a divulgação de um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência ligada à ONU, que aponta que 2019 deve ser o segundo ou terceiro ano mais quente desde que as medições começaram - o recorde é de 2016.

As estatísticas indicam que as temperaturas do planeta se mantiveram em média 1,1ºC acima dos níveis pré-industriais entre janeiro e outubro. Se esse índice permanecer inalterado, 2019 será o segundo ano mais quente de todos.

Da Ansa

Os pedidos de ação urgente e resoluta para salvar a Humanidade dos problemas provocados pela mudança climática se multiplicaram nesta segunda-feira na abertura da COP25 em Madri, ante temores de que a reunião possa ficar abaixo das expectativas. Relatórios alarmantes divulgados por cientistas, desobediência civil, manifestações de milhões de jovens.

Desde o ano passado os países signatários do Acordo de Paris são alvo de uma pressão sem precedentes, resumida na hashtag escolhida para as duas semanas de reunião: #TimeforAction. Os apelos por ação urgente foram repetidos no dia de abertura da 25ª Conferência do Clima da ONU (COP25).

"Realmente queremos entrar para a história como a geração que agiu como o avestruz, que brincava enquanto o mundo queimava?", questionou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Diante dos representantes de quase 200 signatários do Acordo de Paris, entre eles 40 chefes de Estado ou de Governo, Guterres pediu uma escolha entre a "esperança" de um mundo melhor e a tomada de ações, ou a "capitulação".

Na cerimônia de inauguração do evento, que acontece em Madri depois que o Chile desistiu de abrigar a reunião em consequência da revolta social no país, Guterres destacou sua "frustração" com a lentidão das mudanças, insistindo na necessidade de atuar de forma urgente.

"O ponto de não retorno não está longe no horizonte, conseguimos ver e se aproxima a toda velocidade", declarou Guterres no domingo.

- Cada grau conta -

Há alguns dias, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou um relatório muito duro a respeito da esperança de cumprir o objetivo ideal do Acordo de Paris: limitar o aquecimento a +1,5 °C na comparação com a era pré-industrial. Para alcançar a meta seria necessário reduzir as emissões de CO2 em 7,6% por ano até 2030. Mas não há sinal de queda.

As temperaturas já subiram quase 1 ºC, multiplicando as catástrofes climáticas. E cada grau adicional deve aumentar os efeitos.

No ritmo atual, a temperatura poderia aumentar 4 ou 5 ºC até o fim do século. Mesmo que os Estados cumpram os compromissos atuais, a alta no termômetro pode superar 3 ºC.

"Continua faltando vontade política", lamentou Guterres, antes de afirmar que os maiores emissores de CO2 "não cumprem sua parte".

"Alguns países como China e Japão dão sinais de sua relutância a aumentar sua ambição", disse Laurence Tubiana, idealizadora do Acordo de Paris.

O governo dos Estados Unidos acaba de confirmar sua retirada do acordo no próximo ano, embora seus cidadãos continuem comprometidos com a luta contra a mudança climática, afirmou a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, que, em um gesto político, lidera a delegação do Congresso americano em Madri.

- Atenção voltada para a UE -

Neste contexto, a atenção está voltada para a União Europeia (UE), que tem ampla representação na conferência.

"Em uma época marcada pelo silêncio de alguns, a Europa tem muito o que dizer nesta batalha", afirmou o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez.

"Porque assim exigem nossas sociedades. Mas também por uma questão de justiça histórica elementar: se a Europa liderou a revolução industrial e o capitalismo fóssil, a Europa tem que liderar a descarbonização", completou.

Os defensores do planeta esperam que uma reunião europeia em 12 e 13 de dezembro alcance um acordo sobre a neutralidade de carbono até 2050. Mas será necessário esperar até 2020 para que a UE apresente uma revisão de suas ambições a curto prazo.

"Seremos os campeões da transição verde", garantiu o novo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

"Tivemos a revolução industrial, a revolução tecnológica, está na hora da revolução verde", completou.

No momento, apenas 68 países se comprometeram a revisar e intensificar os compromissos de redução de emissões de CO2 em 2020, antes da COP26 em Glasglow, mas estas nações representam apenas 8% das emissões mundiais, de acordo com especialista.

Os países do hemisfério sul desejam ser ouvidos e exigem que as nações do norte assumam suas responsabilidades, com ajuda para enfrentar os desastres previstos.

"A água já cobre grande parte de nosso território em algum momento do ano. Nos recusamos a morrer", afirmou em um vídeo a presidente das Ilhas Marshall, Hilda Heine.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, disse ter pedido ao governo Bolsonaro que "explique" à comunidade internacional sua posição oficial sobre políticas de proteção ambiental.

A declaração foi dada em entrevista à ANSA, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP25, que acontece de 2 a 13 de dezembro, em Madri, na Espanha.

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"O fato de a delegação do Brasil ser chefiada pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles será uma boa oportunidade para explicar a posição", declarou o diplomata.

Bolsonaro já colocou em discussão a permanência no Acordo de Paris e é alvo de críticas por causa da fragilidade das políticas ambientais do governo, que permitiram o aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia e um desastre ambiental que sujou de óleo praias de todo o Nordeste.

Apesar disso, Ybáñez garantiu que o Brasil não será "acusado" na cúpula climática. "Acho que as COPs não são um exame para ver o que cada um de nós está fazendo. Essa cúpula não é um processo", reforçou.

Da Ansa

A Guatemala apresentou sua candidatura para organizar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP25), prevista para novembro de 2019, após a retirada da candidatura pelo Brasil, segundo nota da Agência Brasil. A informação foi confirmada pelo ministro de Ambiente e Recursos Naturais do país, Alfonso Alonzo. Costa Rica e Chile também se candidataram.

Na última quarta-feira (28), o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, se res8ponsabilizou pelo cancelamento da realização do evento no País, justificando que a reunião poderá decidir pela criação de uma faixa de proteção ambiental que poderia levar à perda de soberania sobre a Amazônia. "Houve participação minha nessa decisão. Eu recomendei para que se evitasse a realização desse evento aqui no Brasil", declarou ele. Bolsonaro disse que "está em jogo o triplo A", uma grande faixa que pega os Andes, Amazônia e Atlântico, com 136 milhões de hectares, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, e que essa faixa de proteção "poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área".

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Alonzo, da Guatemala, afirmou esperar que "as Nações Unidas tomem a decisão nos próximos dias". "Estamos preparados, temos toda a infraestrutura, demonstramos isso na 26ª Cúpula Ibero-Americana", afirmou, referindo-se ao evento que ocorreu os últimos dias 15 e 16 de novembro. (Clarice Couto - Clarice.couto@estadao.com)

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