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O gerente jurídico internacional da Petrobras, Carlos Cesar Borromeu de Andrade, esquivou-se nesta quarta-feira (20) de responder se as cláusulas omitidas na compra da primeira metade da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), eram centrais para a realização do negócio. Em depoimento à CPI mista da Petrobras, ele disse que não poderia responder esse tipo de pergunta porque fugia à sua alçada. "Desculpe a insistência, deputado, realmente é um juízo de valor. Sinceramente é uma decisão, um juízo de valor e eu como profissional de direito não posso fazer", afirmou ele, em resposta aos questionamentos feitos pelo relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS).

Em nota ao jornal O Estado de S.Paulo em março, a presidente Dilma Rousseff afirmou que, se tivesse tido acesso a todas as cláusulas, não teria aprovado a operação. Ela presidia o conselho de administração da estatal no momento da compra da primeira metade da refinaria. As cláusulas foram omitidas pelo ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a compra de toda a refinaria causou um prejuízo para a estatal de US$ 792 milhões.

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Borromeu de Andrade disse que seu setor recomendou, com base em uma avaliação de um escritório de advocacia internacional, a compra da primeira metade da refinaria de Pasadena em parecer preparado no dia 27 de janeiro de 2006. Segundo ele, no texto constavam as duas cláusulas - a Put Option (de saída dos sócios) e a Marlim (de rentabilidade dos sócios) - no documento que foi encaminhado à Gerência de Novos Negócios da estatal. Posteriormente, ele foi repassado para a Diretoria Internacional.

Para o gerente, a cláusula Put Option é normal nesses tipos de acordos entre sócios e a Marlim, no caso de Pasadena, não chegou a ser utilizada porque não houve revamp (modernização) da refinaria.

Pela segunda vez, a base aliada não compareceu e a CPI mista da Petrobras adiou, por falta de quórum, a votação de uma lista de requerimentos. Na lista, estavam pedidos para se quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Área de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, ambos presos por envolvimento em suspeitas levantadas no curso da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou o adiamento após esperar 30 minutos para ter o quorum. Ele anunciou que uma nova tentativa de se votar requerimentos estava marcada para a próxima quarta-feira, dia 9. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), criticou a manobra da base aliada, que é maioria na CPI Mista.

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Segundo a assessoria, 13 parlamentares assinaram a lista, sendo que eram necessários pelo menos 17 para votar os requerimentos. "Eles (os governistas) não querem CPI coisa nenhuma", acusou ele, citando o fato de que congressistas estavam no corredor quando a decisão de adiar foi anunciada. Há duas semanas, da mesma forma, a comissão tentou apreciar, sem sucesso, os requerimentos. A base aliada boicotou os trabalhos e não deu quorum para abrir a sessão e votar os pedidos.

Mesmo com algumas ausências, a base governista conseguiu aprovar nesta terça-feira, 03, 233 requerimentos na CPI mista da Petrobras sem passar perto das indesejadas quebras de sigilo. Em número bem menor, a oposição chegou a pedir, sem sucesso, a abertura de informações do ex-diretor Nestor Cerveró e da MO Consultoria, empresa suspeita de ter sido usada pelo doleiro Alberto Youssef para distribuir propina a políticos e servidores públicos, mas acabou aceitando o ritmo impresso pelo calendário do relator Marco Maia (PT-RS).

Como previsto, deputados e senadores centraram as atenções em personagens, em detrimento das quebras de sigilo. Aprovaram em votação simbólica várias convocações, entre as quais a do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, de Youssef, além de Cerveró. A presidente da estatal, Graça Foster, e o antecessor no cargo, José Sergio Gabrielli, também serão chamados. Ainda não foi marcada a data dos depoimentos.

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Pela manhã, na reunião da CPI exclusiva do Senado, o presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB), que também comanda a CPMI, marcou para a próxima terça-feira o depoimento de Costa. Como tem ocorrido desde a instalação, há duas semanas, a tendência é que a reunião esteja esvaziada, especialmente por coincidir com a convenção do PMDB, marcada para a mesma data.

Além das convocações, o pacote aprovado tem um pedido para que a Justiça Federal do Paraná remeta para a comissão os dados referentes às quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico de investigados na Operação Lava Jato. O bloco de requerimentos inclui ainda pedidos de acesso a documentos que envolvem o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Embora o deputado oposicionista Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tenha sido atendido em seu pedido de exclusão de quatro requerimentos que se referiam à gestão do PSDB, um "cochilo" da oposição, segundo descrição de um membro da base, fez com que sobrasse um pacote. O requerimento 520 solicita à Agência Nacional de Petróleo (ANP) cópia de relatórios e demais documentos relativos ao acidente com a plataforma P-36. Ou seja, esse pedido foi aprovado sem que os oposicionistas percebessem. O caso da Repsol, porém, ficará de fora da investigação.

A previsão de trabalho ditada na reunião ignora boa parte da proposta apresentada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que na primeira reunião da CPMI usou da prerrogativa de liderança "temporária" para se posicionar. O provável candidato tucano à Presidência pediu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Costa, Cerveró, Youssef e Gabrielli, assim como a das empresas MO Consultoria, Labogen, Piroquímica e Labogen Química.

O ex-gerente executivo Internacional da Petrobras Luis Carlos Moreira da Silva afirmou nesta terça, em depoimento à CPI da Petrobras do Senado, que a estatal tinha uma relação de "ganha-ganha" com a Astra Oil, sua sócia na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). "Havia um consenso de que a parceria seria um bom negócio", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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