Tópicos | Dia do Vestibulando

Conquistar a tão sonhada vaga em uma instituição de ensino superior não é tão fácil, principalmente neste período atípico. Quem tem esse objetivo precisa se dedicar aos estudos, ter foco na preparação e manter a saúde física e mental para se dar bem. Além disso, quem se prepara para o vestibular precisa lidar com as opiniões, críticas e comparações, muitas vezes vindas de pessoas que não conhecem o dia a dia do estudante.

Uma das vestibulandas que passou por isso foi Maria Fernanda Santana, de 21 anos, recém-aprovada na sua segunda opção de curso, em engenharia biomédica, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A garota comenta que teve que lidar com alguns comentários bem desconfortáveis durante sua preparação. “Passei os últimos 4 anos estudando para medicina e vivi bem essa realidade de ter que lidar com situações às vezes desconcertantes e inconvenientes. A maioria das frases que já ouvi vieram de pessoas de fora da minha família, porque graças a Deus todos eles sempre foram muito compreensíveis e nunca me pressionaram nos estudos”, disse.

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Entre as perguntas e comparações que mais a incomodaram foram: "Já me perguntaram se eu não tinha pensado em entrar em outro curso, talvez duvidando se eu seria capaz de passar ou não em medicina. As pessoas também costumam fazer comparações com outros que já passaram. Perguntam como foi a prova e quantas questões acertou, só que esse é o tipo de pergunta que você conversa e se abre com pessoas que são muito mais próximas, mais íntima", pontuou Maria Fernanda, que está estudando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 com o intuito de ser aprovada em medicina.

De acordo com o professor de geografia Dino Rangel, durante a preparação vão aparecer diversas pessoas para motivar e desmotivar o estudante. A dica é entender e analisar a crítica que recebe. “A crítica construtiva é aquela que a pessoa tem o objetivo de ajudar, ela traz algo que precisa ser reparado, na visão dela, cujo objetivo não é menosprezar a pessoa, ou seja, é aquele verdadeiro conselho do amigo, ele visa o bem-estar daquela pessoa. Diferente da crítica desconstrutiva, que é aquela crítica que você simplesmente aponta o erro da pessoa, mas não ajuda”, explica o docente.

Pensando nesses e outros desafios, o LeiaJá, também inspirado no dia do vestibulando, celebrado nesta segunda-feira (24), conversou com o professor Dino Rangel, a professora de inglês Luciana Góes e a psicóloga Ivalda Marinho, que listaram cinco coisas que você não deve falar para o estudante. Confira:

1 - Nunca diga que a um estudante que ele não capaz

“As frases mais clássicas: ‘você não tem potencial’; ‘você não vai conseguir’. Tem pessoas, inclusive, que são muito preconceituosas e chegam a dizer coisas piores, dependendo da questão racial e da condição social. Mas, palavras como ‘você não pode’, ‘não adianta’, ‘se eu fosse você, eu pararia’, são muito ditas”, comenta o professor Dino Rangel.

2 - Não faça críticas negativas, isso pode prejudicar

“Críticas negativas ressaltam deméritos e estimulam a desconstrução do indivíduo. Já as positivas, apontam novos pontos de observação, dando a pessoa um novo olhar e estimulando o desenvolvimento constante. Críticas são delicadas e devem ser muito bem pensadas antes de serem feitas. Elas têm o poder de construir/colaborar com o processo de construção, mas também têm o poder de desconstruir levando a sensação de inutilidade e fracasso, que por consequência leva a desistência e estagnação” explica Luciana Góes.

3 - Não pressione o estudante a fazer um curso que ele não quer

“Os pais querem, muitas vezes, que os filhos façam aquilo que eles queriam ser. Por exemplo, a pessoa não quer ser médica, mas o pai quer que seja. Palavras como: ‘não faça isso porque você vai ser pobre’, ‘não faça isso que você vai passar fome’, esses discursos são muito comuns nas classes altas, como também na classe média baixa. ‘Tu não tem potencial’, ‘tu é pobre’, infelizmente há pessoas que dizem isso”, elenca Dino Rangel.  

4 - Não faça cobranças, apenas escute

“Como adultos, esquecemos que a fase da adolescência é um turbilhão de emoções. Entregamos e cobramos responsabilidades para quem ainda está em processo de amadurecimento e de autocompreensão, porém esquecemos também de ensiná-los a lidar com os conflitos e de escutá-los, para poder entendê-los. Com isso, não os ajudamos a crescer e reclamamos da rebeldia, que é apenas um grito de socorro. É necessário ouvir para entender, e então mediar para resolver”, esclarece a professora de inglês Luciana.

5 - Não diga palavras desmotivadoras, apenas incentive

“Qual é a maior referência que nós temos? Pai, mãe, avô, avó, tio, tia, a pessoa que nos criou, essas são as maiores referências, é a que a gente entende como prova de amor, o amor maior. Se essa pessoa chega e diz que ‘eu não sou nada’, eu começo a acreditar que não sou. Mas se essa pessoa diz que ‘eu consigo tudo’, eu acredito que consigo. Então o processo da gente conseguir crescer começa bem cedinho”, conclui a psicóloga Ivalda Marinho.

Nesta quinta-feira (24), se comemora o Dia do Vestibulando - pessoa que normalmente sofre com o processo de escolha de uma profissão a seguir. Ter apenas três anos para decidir o que vai fazer para o resto da vida, de fato, deixa muitos estudantes preocupados. Mas, neste dia especial é preciso saber que essa decisão não é definitiva, então a melhor opção é experimentar e não se intimidar com a possibilidade de mudança, se for o caso. 

O estudante Ivo Lage é um exemplo de que é possível mudar a opção mesmo tendo já iniciado o curso de graduação. Ele passou no seu primeiro vestibular para economia, mas após um ano de graduação percebeu que essa ainda não era a sua área. “Eu estava gostando do curso, mas quando eu pensava no meu futuro, como um profissional formado não me via trabalhando com economia”, afirma.

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No 3° período de graduação de exatas, Ivo prestou o seu segundo vestibular para música. “Nunca tinha trabalhado na área, mas sempre toquei e adorava fazer isso”. Formado em 2010, ele afirma que não se arrependeu da decisão que tomou e explica que se tivesse permanecido na primeira opção não se sentiria realizado. “Não acho que foi um erro. Eu não perdi um ano da minha vida. Pelo contrário, ganhei mais vários em algo que amo fazer”, declara. 

Os estudantes do 3° ano médio são preparados em apenas um ano para o Vestibular, mas muitos ainda ficam indecisos. De acordo com a psicóloga do Colégio e Curso BJ, Ana Cleide, para a maioria dos estudantes a preparação para o vestibular é angustiante. “São alunos com idade entre 17 e19 anos. Então são muito jovens para tomar essa decisão. Além de ter expectativa da família do estudante que espera que ele passe no primeiro vestibular. Isso às vezes deixa os alunos confusos”, conta a psicóloga. 

Ana ainda explica que o teste vocacional, usado em muitos casos de dúvida, é uma opção tomada em último caso. A psicóloga conta que o colégio oferece o projeto BJ Profissional que convida profissionais de várias áreas para explicar aos estudantes como funciona as suas respectivas profissões. “Essa iniciativa esclarece muitas coisas para os alunos e pode ser decisivo para definir o curso”, frisa. 

Então na hora de escolher uma graduação, o aluno deve analisar e optar pelo curso que o chame atenção. Mas se depois descobrir que errou na escolha, não é preciso se desesperar, vestibular tem todo ano. 

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