Tópicos | dia mundial do hip hop

O ano era 1973 quando o DJ Kool Herc começou a promover festas no bairro do Bronx, em Nova Iorque. Seu estilo único e inédito de tocar os discos, com recortes específicos, os chamados beats, e outras ‘firulas’ que modificavam as canções, tornaram esses eventos os mais disputados daquela área na época e colaboraram para o nascimento de uma cultura que, anos mais tarde, tomaria o mundo inteiro: o Hip Hop, celebrado em todo o globo nesta sexta (12). 

Kool Herc chamou atenção dos jovens da época e promoveu um verdadeiro efeito cascata na cultura que vinha dos guetos americanos. O acompanhando nas festas, Coke La Rock fazia intervenções ao microfone, tendo sido considerado o primeiro MC do movimento. Já na pista, quem dançava começou a criar novos movimentos e a dança logo ganhou um nome: breaking.

##RECOMENDA##

A própria arte de tocar os discos começou rapidamente a modificar-se. O DJ Grandmaster Flash, encantado pela maneira de manipular a música proposta por Herc, decidiu aprimorar as técnicas e acabou criando várias outras que tornaram-se fundamentais para a musicalidade do Hip Hop, como o backspin, cutting, o phasing, e claro, o scratch. 

Esses pioneiros criaram as bases para o movimento que tem como pilares quatro elementos: breakdance, rap, grafite e o DJ. Esse último, considerado por muitos como sendo o fundamental para a existência de toda essa cultura, afinal, são eles quem ditam o ritmo da dança, das rimas e demais expressões, através de suas habilidades e criatividade na hora de mandar sua música feita sob medida. 

Foto: Divulgação/Rafael Berezinski

A afirmação é de Erick Jay, DJ paulista com pouco mais de 20 anos de carreira e trabalhos ao lado de vários nomes importantes do rap nacional - como os rappers Dexter, Xis, Pregador Luo, Kamau e Black Alien. Ele também foi o DJ oficial do programa ‘Manos e Minas’, da TV Cultura, foi considerado o melhor DJ da América Latina por três anos consecutivos, e possui nada menos do que quatro títulos de campeão mundial conquistados nas competições mais importantes do segmento, o DMC Battle for World Supremacy e o IDA World DJ Championships.

Em entrevista ao LeiaJá, o atual campeão do mundo falou sobre a importância do seu posto dentro do Hip Hop. “Nossa função é essa, compartilhar conhecimento, informação da música, o quanto ela foi importante pra época. Na dança também  tem a importância de você tocar a música certa na hora certa, para os MCs nas batalhas, (tocar) o beat certo na hora da certa.Em todos os elementos (é importante), é informação pra caramba”, garante o paulista. 

Erick entrou na cultura Hip Hop através da dança, no final dos anos 1990. Nos bailes, costuma observar os DJs e ficou fascinado com o alcance de sua atuação. “Eu sempre gostei da arte. Como eu dançava, eu colava nos bailes, eu via o poder que o DJ tinha de dominar as pistas, que louco, ‘ele tem a pista na mão’, ali ele é psicólogo, ele é tudo. Aí comecei a ouvir os raps nacionais que tinham as colagens, os scratches, os internacionais também, eu pirava, e isso alimentou a minha vontade de ser DJ”. 

Do início da sua trajetória, comandando os toca-discos em festas de 15 anos e casamentos, até os campeonatos, foi um pulo. No caminho, Erick conheceu o DJ Zulu, do grupo Face Negra, um dos pioneiros do rap nacional, que o colocou numa rotina intensa de treinamentos e preparação para tornar-se um campeão. “Eu achava que era DJ, mas quando vi ele… Ele me ensinou todos os toques”, brinca. 

[@#video#@]

Ganhar campeonatos era uma forma de despontar em um “mercado muito disputado”. Os títulos, segundo Erick Jay, garantem não só reconhecimento, mas colocação em festas e grupos de rap, além dos equipamentos, que costumam ser parte dos prêmios. “Eu ganhei dois campeonatos sem ter equipamento. Eu treinava com o DJ Zulu, não tinha equipamento em casa. Na época, eu nem queria fama, a gente queria os toca-discos, o equipamento que era nosso sonho. Passei três anos treinando ‘emprestado’, na casa dos amigos, até conquistar o meu primeiro toca-discos, ainda bem que eu tive pessoas que acreditaram em mim. (Assim) é o Hip-Hop”. 

Dos equipamentos emprestados pelos amigos, o DJ foi chegar em quatros títulos mundiais. Antes disso, no Brasil, Erick venceu a edição nacional do DMC cinco vezes na categoria individual e por três anos consecutivos (2006, 2007 e 2008), foi considerado o melhor DJ da América Latina. Mais tarde, o brasileiro venceu as duas competições mais prestigiadas da categoria, o DMC e o IDA World, em um único ano, 2016, tornando-se o primeiro sul-americano a conquistar ambas. Em 2018, ele foi convidado para palestrar na Scratch DJ Academy, escola  fundada pelo DJ do Run DMC, Jam Master Jay, e ministrou um workshop para os ‘gringos’ na The Kush Groove, em Nova Iorque.

Jay voltou a conquistar mundiais em 2019, quando também foi jurado em etapas nacionais do DMC, nos Estados Unidos, o primeiro sul-americano convidado para tal; e em 2021, título conquistado no último mês de outubro, na edição online do DMC World. No entanto, as impressionantes marcas, prêmios e conquistas, ainda não garantem ao campeão o apoio e patrocínio necessários para desenvolver seu trabalho com plena tranquilidade.

À dificuldade de conseguir apoiadores, Erick atribui alguns fatores, como a origem da cultura a qual faz parte. "São uns três quatro fatores que dificultam as empresas a investirem no Hip Hop. (Acham que) é coisa de pobre, de preto, em pleno 2021! Sendo que é uma das músicas de mercado mais fortes que está tendo, só não é mais forte porque a mídia tenta encobrir. Mas o Hip Hop é uma religião, um dos maiores movimentos que a gente tem e eles tentam esconder isso”.

Foto: Divulgação/Rafael Berezinski

Ser brasileiro também entra nessa conta, Erick acredita que ainda existe um certo preconceito em relação à sua terra que nem os títulos mundiais conseguem aplacar. “As empresas, principalmente de (equipamentos de) DJ, não têm um olhar pro Brasil. É triste falar isso mas não têm. Eu tenho que ficar brigando pela minha cultura, pela cultura DJ. Nosso país tem mais DJs que em vários países onde eles jogam dinheiro. Aqui no Brasil tem muito DJ, dos antigos aos novos, à molecadinha, então por que não investir aqui? A primeira vez que eu fui campeão do mundo, em 2016, eu achei que isso ia mudar, mas não mudou nada. Pra eles o Brasil continua sendo um país de terceiro mundo, isso atrapalha e pra mim vai ser sempre preconceito”. 

Outro percalço amargado por ele e demais colegas de profissão é o avanço desenfreado da tecnologia. Mas não pelas dificuldades que a chegada de novos equipamentos e softwares possam representar - pelo contrário, segundo Erick, as novidades tecnológicas acabam ajudando no desempenho do seu ofício, tornando-o um pouco mais prático -, e sim pela 'enxurrada' de entusiastas que adquirem o maquinário necessário e se jogam nas pistas e bailes de qualquer maneira. “A tecnologia vem para ajudar a gente mas também pra tornar vários ‘não-DJs’ em DJs. Vários aventureiros que alguém falou que ele era DJ e ele acreditou, mas não tem o dom, não nasceu para aquilo. Infelizmente, a gente tem que lidar com isso e acaba roubando espaço de vários caras que precisam de oportunidade, que têm a parada no sangue e sabem fazer”. 

Na contramão das dificuldades, o amor pela cultura Hip Hop e o reconhecimento do público é o que faz Erick continuar. Festejado por grandes nomes do cenário nacional, como Mano Brown, KL Jay, Black Alien e Kamau, entre outros, ele sabe da importância do seu papel dentro do segmento e leva a sério a função de trabalhar a serviço do movimento. “Pode não ser importante pra certos ‘hypes’, que acham que pra ser melhor do mundo eles têm que sair na capa da revista ‘tal’, mas pra cultura original mesmo, pro movimento em geral, a gente ver que tem pessoas talentosas ganhando o mundial é importante. Ver os caras que eu sou fãzaço compartilhando onde eu cheguei, fiquei muito feliz. Nem imaginava, olha o poder (disso). E atingiu várias áreas, até dos DJs de eletrônico  que eu sou fã tb. Eu vi realmente onde eu cheguei e a importância dessas vitórias pra cultura Hip Hop”.

Agora, com o arrefecimento da pandemia do coronavírus no país e a retomada da ‘vida normal’, com festivais e eventos, Erick Jay se prepara para celebrar seu quarto título mundial ao lado do público. O DJ paulista encerra o ano de 2021 na expectativa dos shows e turnês dos dois rappers a quem acompanha, Kamau e Black Alien, programados para o próximo ano, e se diz “ansioso” para voltar a botar fogo nos bailes do jeito que todo DJ de responsa gosta e merece. “Eu senti muita falta do calor humano que tem nos shows, é o que  a gente tava precisando, é o nosso combustível. Em 2022, a partir de janeiro, vai ter turnê e vamos voltar mesmo”. 

 

Durante todo o mês de novembro rola no Recife a 10ª edição do projeto Cidadania no Morro, que busca promover ações sociais dentro de comunidades carentes, como o bairro do Ibura, com o objetivo de estimular práticas culturais e de lazer, ajudando assim a fortalecer a identidade sociocultural e a autoestima dos jovens periféricos. O projeto foca sua programação em manifestações artísticas regionais e, principalmente, na cultura do Hip Hop, celebrado mundialmente no dia 12 de novembro.

Em comemoração a data, no domingo (14), acontece o Ibura Cypher, na quadra Ivanildo Bezerra, popularmente conhecida como Buraco da Gata, no Alto Três Carneiros. Por lá, a partir das 15h, rolam apresentações culturais dos grupos Cia de Dança Style, Salto Cia de Dança, Step Evolution Crew, DJ Beto, intervenção de Grafite e microfone aberto.

##RECOMENDA##

Na cultura do Hip Hop, as cyphers são realizadas como uma oportunidade para os dançarinos compartilharem seu amor pela dança, sem que haja competição oficial ou prêmios em dinheiro. Nelas, os breakers podem dançar livremente, testando seus movimentos e competindo ao ritmo da música, sem as restrições das batalhas organizadas. Além de ser uma celebração, a ação também é vista como uma forma de resistência e ocupação de espaços, muitas vezes esquecidos pelo poder público.

Segundo Levi Costa, líder comunitário e um dos diretores do grupo Step Evolution Crew, responsável pela idealização do projeto social, a ideia do Cidadania no Morro nasceu justamente da sua própria vivência na comunidade.

"Aqui nosso objetivo é resgatar o emocional e o social de cada jovem, contribuir para a formação de cidadãos de caráter e opinião crítica. Tudo isso se transforma em resultados que viabilizam o engajamento de jovens urbanos em suas comunidades. É mais do que arte pela arte. É arte engajada, é trabalhar política e socialmente, é entender os contrastes sociais", explica.

O projeto, de acordo com Levi, nasceu em 2009 com a ideia de, através das danças urbanas – regionais e americanizadas –, promover ações culturais como alternativa para o combate do racismo e da violência. Assim, a programação contempla o breaking, popping, dance hall, all style, mas também o frevo, a capoeira, o caboclinho e muitas outras.

"Dentro do contexto histórico das danças urbanas, o projeto ainda promove palestras sobre cidadania e cultura de paz, oficinas de danças, mostra cultural e muito mais. Nossa proposta contribui com a inclusão social, a geração de renda, dá visibilidade aos oficineiros e artistas da comunidade... É coletivo! O projeto Cidadania no Morro só é possível porque é feito em coletivo", diz Sérgio Melo, da Terno da Mata, que atua como produtor e apoiador do evento.

Ainda dentro da programação, rolam, até o dia 18 de novembro, na Associação 3 Carneiros, no Ibura, oficinas gratuitas de frevo, breaking, popping e dance hall (todas com inscrições já encerradas), com entrega de certificados. As oficinas atendem jovens de toda a RPA 06 (Ibura, Pina, Jordão, Ipsep, Ibiribeira e Boa Viagem) e de localidades como Cabo de Santo Agostinho, Cidade Universitária, Boa Vista e Camaragibe, entre outras.

Também está previsto, diretamente de São Paulo, o lançamento virtual do livro A Pedagogia Hip Hop, escrito pela Bgirl Cris. A obra aborda os pilares, a consciência, a resistência e os saberes da cultura hip hop, destacando toda a importância do movimento para a população negra e periférica. Já em dezembro, no dia 20, ocorre o lançamento oficial de um mini documentário que vem sendo gravado sobre o projeto.

O Cidadania no Morro é um projeto idealizado pelo grupo de danças urbanas Step Evolution Crew, com incentivo do Funcultura e Governo do Estado, em parceria com a Terno da Mata Produções, Associação de Moradores de Três Carneiros, Império Inc, Escola Prof. Jordão Emerenciano, Escola Senador Antônio Farias e Escola Estadual Lagoa Encantada.

*Da assessoria

 

Nascido na periferia de Nova Iorque (EUA), no início da década de 1970, o movimento Hip Hop logo se expandiu mundo afora. A força dos quatro elementos que representam essa cultura - breaking, DJ, rap e o grafite - garantiram que ela tivesse potencial suficiente para subverter as dificuldades mais óbvias possíveis, sendo essa uma expressão originária dos guetos e de base fundadora fixada na cultura negra. 

Meio século após seu surgimento, o Hip Hop ultrapassou os limites das periferias. O movimento  ganhou um dia para chamar de seu (12 de novembro, Dia Mundial do Hip Hop) além de ter conquistado seu espaço nas paradas musicais do mainstream, através do rap; nas galerias de arte, com o grafite;  e possivelmente, nas Olimpíadas de Paris, em 2024, com o breaking dance, a popular dança de rua. A modalidade, é ligada à Federação Mundial de Dança Desportiva e foi disputada nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018. A experiência agradou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que deve decidir até o final de 2020 sobre sua inclusão nos jogos que acontecerão na Europa. 

##RECOMENDA##

O Brasil conta com um elenco estrelado de profissionais do break dance. O paranaense Fabiano Carvalho Lopes, o Neguin - campeão mundial pelo Battle Pro de 2019 -; o cearense Mateus Melo, o Bart -  vencedor nacional do BC One, o torneio mais importante do país, em 2018 -; e a mineira Isabela Rocha, a Itsa, que além de bgirl também é dançarina do Cirque du Soleil; são só alguns exemplos. Isso sem contar com a lenda viva da dança de rua, Nelson Triunfo. 

LeiaJá também

--> De 'Nelsão' às batalhas mundiais, o triunfo da dança de rua

Conhecido como o ‘pai do Hip Hop’ no país, Triunfo, o Nelsão, foi um dos maiores responsáveis pela disseminação do break dance em solo nacional e há mais de cinco décadas é tido como uma grande referência. O artista deixou o sertão de Pernambuco para ganhar o Brasil com sua dança no início da década de 1970 e, desde então, o Estado vem revelando vários outros talentos no breaking, um deles é o bboy Marcos Gaara. 

Gaara tem apenas 25 anos de vida, dos quais a metade passou dançando. Quando criança, ele começou a praticar a dança e outros esportes para dar vazão ao excesso de energia, já que “não parava de dar cambalhotas” dentro de casa. Mas, o que parecia ser apenas uma terapia para o menino super ativo acabou se tornando profissão e hoje o bboy viaja o país mostrando sua arte e participando de competições. 

Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

A  trajetória na carreira de Marcos, no entanto, não foi de todo tranquila. Morador da Bomba do Hemetério, bairro da Zona Norte do Recife, o artista precisou dar muitas piruetas para se destacar na cena. A falta de recurso foi sendo driblada com muito esforço, a medida que participava de projetos e também fazia seus 'corres' com outros bboys dançando nos sinais da capital pernambucana.  “A gente foi treinando, passamos perrengues juntos, fomos sentindo a evolução, muitos desistiram outros continuaram como eu”, relembra. 

O preconceito, ainda enfrentado por quem abraça a cultura Hip Hop, também foi um desses ‘perrengues’ que Gaara precisou enfrentar até mesmo dentro de casa. “O bboy ser um artista profissional é uma coisa que ainda está tendo uma adequação, pra gente e para o público. O Hip Hop é uma coisa marginalizada, então você acha que a pessoa vai tá ali pra se drogar ou só pra passar o tempo e não é assim. Já tô há 12 anos na cultura, competindo, trabalhando, e o resultado é sólido. Agora eu consigo ajudar minha família, que antes era contra, com a minha arte”. 

Entre esses resultados positivos da dedicação e do trabalho, estão temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com participações bem sucedidas em competições. Gaara também é membro do Gang Gangrena, coletivo de bboys e bgirls da Paraíba com atuação em todo território nacional.  “Tem gente que dança pra se sentir bem, eu sempre quis me profissionalizar para as competições. Eu economizei - o movimento aqui (Pernambuco) é fraco -, eu juntei uma grana e fui para o Rio, São Paulo, tentar me destacar e foi isso que me deixou mais firme na cultura e como atleta”. 

Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Especialista no estilo power move, mais focado nas acrobacias e saltos, Gaara diz ser “mais acrobata do que bailarino”. No desenvolvimento de sua arte, ele tenta aliar os movimentos acrobáticos aos elementos tanto do Hip Hop quanto de outras culturas, como o frevo e o maracatu, por exemplo, para representar bem Pernambuco nas competições. Também atleta de artes marciais, parkour e arte ninja, ele mantém uma rotina pesada de treinos e garante que o “compromisso” é o que faz a diferença no desenvolvimento do bboy. “Às vezes demora anos pra você executar um único movimento”.

 A falta de apoio e patrocínios - que aparecem apenas de forma pontual para algumas competições específicas -, é driblada com muita força de vontade. “Eu sou raça, eu mesmo faço meu investimento, vou até lá e dou o meu suor.” A certeza de estar dando conta de uma verdadeira missão, também impulsiona. “Eu digo que isso estava escrito. Já tentei abrir negócios, fazer outras coisas, e nada dá certo. Só a arte me puxa. Pra quem tá dentro sente bem mais forte isso”

Break olímpico

[@#video#@]

Gaara se diz muito animado com a possibilidade de ver o breaking nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Embora acredite que daqui a quatro anos já estará “coroa” para competir, ele vê a inclusão da modalidade entre os esportes olímpicos como uma oportunidade de espaço não só para dançarinos mas também para técnicos e preparadores físicos, o que se descortina como uma bela oportunidade para sua carreira.  Sem falar no que representa para uma cultura vinda do gueto ter um reconhecimento como esse. “Vai ser uma grande evolução, uma coisa que veio da favela, de negros empoderados, estar numa olimpíada, vai ser um up tridimensional”.

O COI decide, no próximo mês de dezembro, se esse elemento do Hip Hop estará ou não nas Olimpíadas da França, em 2024. Se entrar, o break dance dividirá espaço com outras modalidades recém admitidas na competição, como escalada, surfe e skate, que estrearão em Tóquio, no ano que vem. As previsões são positivas, sobretudo após a experiência feita durante os Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, ocorridos em Buenos Aires. A competição de dança em Paris deverá ser organizada pela World Dance Sport Federation (WDSF), que é reconhecida pelo COI há mais de 20 anos como a entidade responsável pela dança esportiva mundial.. 



 

Surgido na década de 1970, na cidade de Nova Iorque, nos EUA, o Hip Hop transformou-se em um dos movimentos culturais mais sólido e popular do mundo. Baseado em quatro pilares - Mcing, DJing, B-Boying e Graffitti -, o estilo vai muito além da música e da rima podendo se expressar, também, nas artes plásticas e na dança. 

Tamanha importância tem o Hip Hop que o movimento tem um dia para chamar de seu. Nesta terça-feira (12), é celebrado o Dia Mundial do Hip Hop, data escolhida por ter sido nela que, em 1973, Afrika Bambaataa fundou a Zulu Nation, uma organização co objetivos de auto-afirmação que promovia um 'quinto elemento' para a cena, a 'paz, união e diversão'. Bambaataa é nome extremamente importante no segmento sendo considerado um de seus criadores, sendo assim, o pai do Hip Hop.  

##RECOMENDA##

De tão grandiosa, a cena Hip Hop logo ultrapassou os limites do bairro do Bronx, em Nova Iorque, e ganhou espaço em todos os lugares do mundo. No Brasil, não foi diferente e o país ostenta grandes nomes para representar os quatro elementos do movimento. Rappers como o grupo Racionais Mc's e Sabotage; grafiteiros como Os Gêmeos, Kobra e Nina Pandolfo; os DJs Ice Blue e Caíque e os Bboys, Pelezinho, Leoni Pinheiro, sem falar na Bgirl Miwa; são apenas alguns dos que fazem do movimento Hip Hop nacional algo tão grandioso e consistente. 

LeiaJá também

--> 9 fatos que comprovam a importância do Racionais MC's

--> Novos rappers brasileiros que você precisa ouvir

--> Queer rap rompe limites com resistência e muito 'close'

Rap

A expressão musical do Hip Hop talvez seja a mais popular entre os quatro elementos do movimento. Com ritmo acelerado e discursos geralmente ferinos, o rap é conhecido por ser a música que denuncia as necessidades dos moradores das periferias e do povo negro. O rap nacional tem um rico celeiro de artistas que fazem da cena no Brasil uma das mais respeitadas no mundo. O LeiaJá preparou uma lista com sete dos mais importantes discos que consagraram os brasileiros entre os melhores rappers do planeta.

1 - Hip Hop Cultura de Rua

Lançada em 1988, essa foi a primeira coletânea de rap do Brasil. O disco reunia Thaíde e DJ Hum, MC Jack, Código 13 e o Credo. O trabalho teve produção assinada por Nasi e André Jung, então integrantes da banda de rock Ira!, e contou com participações de músicos como André Abujamra e Raul de Souza. As oito faixas da coletânea ajudaram a construir a estética do rap paulistano, tanto em relação às temáticas das letras como nas bases instrumentais. 

 

2 - Gabriel O Pensador 

Com um álbum anônimo, o rapper Gabriel O Pensador foi um dos responsáveis pela entrada do rap nacional no mainstream. Branco, carioca e de classe média, o músico conseguiu abrir as portas para o estilo com seu disco de estreia. Uma das faixas desse álbum, Hoje eu tô feliz (matei o presidente), fez bastante barulho na época e chegou a ser censurada em algumas emissoras de rádio e TV. 

 

3 - Sobrevivendo no Inferno

O disco de 1997 do grupo Racionais MC's é considerado um divisor de águas no rap brasileiro. O álbum chegou com tamanha força que colocou os Racionais no programa de clipes mais popular da televisão brasileira, na extinta MTV, e ganhou o prêmio de Escolha da Audiência (1998), na premiação do canal, o MTV Music Brasil. O álbum consagrou o Racionais como o grupo de rap mais importante do país e, anos mais tarde, virou até 'leitura' obrigatória em um dos vestibulares mais concorridos do Brasil. 

 

4 - Cadeia Nacional

O Pavilhão entrou para a história do rap nacional ao misturar o estilo com o rock, em Cadeia Nacional, de 1997, algo pouco feito no país naquela época. As rimas do grupo ganharam ainda mais peso com a mistura dos beats com os riffs de guitarra. Esse disco traz ainda uma parceria da banda com os irmãos Cavalera, na época vocalista e baterista do Sepultura, respectivamente. 

 

5 - Rap é compromisso

Único disco gravado em vida de um dos maiores nomes do rap nacional, Sabotage, Rap é compromisso vendeu mais de um milhão e meio de cópias após seu lançamento em 2000. O álbum traz a parceria do rap com outros diversos estilos musicais com a participação de nomes como Negra Li, Black Alien, Rappin’ Hood, RZO e Chorão, ex-vocalista do Charlie Brown Jr. 

 

6 - À procura da batida perfeita

O rapper carioca Marcelo D2 trouxe ao estilo a tão conhecida malemolência brasileira com À procura da batida perfeita, de 2003. Ao misturar o rap com samba, desde seu disco solo de estreia, Eu tiro é Onda, de 1998,  Marcelo D2 provou que estilos tão distintos podem ir muito bem juntos. Abriu precedentes para que a música popular pudesse transitar livremente no meio do Hip Hop e vice e versa. 

 

7 - Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe

Com um disco longo - de 25 faixas - e intenso em suas rimas, Emicida estreou dando uma refrescada no rap brasileiro. O álbum traz bases instrumentais versáteis sem deixar de lado a crítica social característica do estilo. Esse trabalho garantiu a Emicida sua entrada no mainstream da música nacional, conquistando o respeito dos críticos e do público. Hoje, certamente, figura como um dos rappers mais importantes do país.  

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando