Tópicos | Discurso violento

O Facebook anunciou nesta quinta-feira (10) a suspensão temporária de suas normas sobre discursos violentos devido à invasão russa da Ucrânia, permitindo declarações como "morte aos invasores russos", mas não ameaças reais contra civis.

"Como resultado da invasão russa da Ucrânia, temos feito concessões temporariamente para as formas de expressão política que, no geral, violariam nossas regras, como os discursos violentos como "morte aos invasores russos", explicou a Meta, casa matriz do Facebook, em um comunicado.

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O ataque de Moscou à Ucrânia, condenado internacionalmente, provocou sanções sem precedentes de governos e empresas ocidentais, assim como um auge de revolta na internet.

"Seguimos sem permitir chamados à violência críveis contra civis russos", acrescentou o texto.

O Facebook se pronunciou depois que a agência de notícias Reuters reportou, citando e-mails da empresa a seus moderadores de conteúdo, especificando que a política se aplicava a Armênia, Azerbaijão, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia, Rússia, Eslováquia e Ucrânia.

O Facebook e outras gigantes tecnológicas americanas têm se mobilizado para penalizar a Rússia por sua ofensiva. Enquanto isso, Moscou também se mobilizou para bloquear o acesso desta rede social, assim como do Twitter.

Desta forma, a Rússia se soma a um pequeno grupo de países que excluem o Facebook, ao lado da China e da Coreia do Norte.

Desde o início da invasão da Ucrânia no mês passado, as autoridades russas têm aumentando a pressão contra meios de comunicação independentes, em um momento em que a liberdade de imprensa no país decaía rapidamente.

O bloqueio do Facebook e a restrição ao Twitter da semana passada ocorreram no mesmo dia em que Moscou apoiou a imposição de penas de prisão a jornalistas de veículos de comunicação que publicarem "informação falsa" sobre o exército.

Neste contexto, o Facebook desempenhou um papel-chave na distribuição de informação na Rússia, inclusive ao lidar com críticas no Ocidente sobre temas como polarização política e saúde mental dos adolescentes.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a imprensa nesta segunda-feira (24), após ter ameaçado um repórter no domingo de bater nele após ser questionado sobre o suposto envolvimento de sua esposa em um esquema de corrupção.

Durante o evento "Brasil vencendo a COVID-19", em Brasília, Bolsonaro questionou o trabalho dos jornalistas de forma depreciativa, e acusou de "usar a caneta com maldade". "Sempre fui atleta das Forças Armadas. Aquela história de atleta, né? Pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega em algum bundão de vocês (da imprensa) a chance de sobreviver é bem menor. Só sabe fazer maldade, usar a caneta com maldade", disse Bolsonaro, de 65 anos, que em julho contraiu a doença.

"Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?", ameaçou Bolsonaro no domingo a um jornalista do jornal O Globo, que o questionou sobre a suposta participação da primeira-dama em um esquema de pagamentos ilícito.

"Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?", perguntaram centenas de jornalistas, políticos, ex-aliados e usuários nas redes sociais, em solidariedade ao repórter ameaçado e exigindo respostas sobre o escândalo que atinge a família presidencial.

A revista Crusoé publicou neste mês que Fabrício Queiroz, amigo de Bolsonaro e ex-assessor de seu filho Flávio, teria depositado 21 cheques na conta de Michelle Bolsonaro no valor total de R$ 72 mil.

De acordo com outros documentos, a esposa de Queiroz depositou outros R$ 17 mil por meio de outras transferências para a atual primeira-dama, chegando ao valor total de R$ 89 mil.

Queiroz e Flávio Bolsonaro estão sendo investigados por suposto desvio de salários de funcionários do filho do presidente durante seu mandato como deputado no Rio de Janeiro. A primeira-dama não comentou o caso.

No ano passado, a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) contabilizou que desde que Bolsonaro assumiu a presidência, já foram registrados 116 ataques do presidente à imprensa.

Este ano, entre outros episódios, Bolsonaro fez comentários sexuais sobre uma jornalista do jornal Folha de S. Paulo que investigou uma rede de notícias falsas durante a campanha presidencial de 2018.

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