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O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, revelou, nesta terça-feira (24), que documentos confidenciais foram encontrados em sua casa, o último episódio de um escândalo crescente sobre como os políticos manuseiam os segredos do país.

Pence "nos informou hoje sobre os documentos confidenciais que foram encontrados em sua casa em Indiana", disse o influente congressista republicano da Câmara de Representantes James Comer, em comunicado.

Pence, que foi vice-presidente de Donald Trump, está de acordo em "cooperar plenamente" com qualquer investigação do Congresso, afirmou Comer, que supervisiona a investigação parlamentar aberta após a descoberta de documentos confidenciais na casa do presidente democrata Joe Biden.

Desconhece-se, por enquanto, quais informações os documentos contêm ou o nível de confidencialidade que lhes foi atribuído.

O advogado de Pence informou aos Arquivos Nacionais sobre a descoberta, na semana passada, de "uma pequena quantidade de documentos marcados como 'confidenciais' em caixas e levados inadvertidamente para a casa do ex-vice-presidente no final da gestão anterior".

Mike Pence "não estava a par de sua existência", mas ordenou por precaução que fossem feitas buscas em sua casa após a descoberta de documentos na residência de Joe Biden, acrescentou o advogado, Greg Jacob, em um texto publicado por veículos de comunicação americanos.

O conservador, que cogita a possibilidade de se candidatar à Presidência em 2024, "compreende a importância de se proteger informações delicadas" e guardou "imediatamente esses documentos em um cofre", à espera de seu traslado aos Arquivos Nacionais, acrescentou.

- Promotores especiais -

Nos Estados Unidos, uma lei de 1978 obriga os presidentes e vice-presidentes a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.

Outra lei, sobre espionagem, proíbe que documentos classificados como confidenciais sejam mantidos em lugares não autorizados e inseguros.

No caso de Biden, a Casa Branca demorou a reagir e só o fez depois que a notícia foi publicada pelos meios de comunicação. Acabou reconhecendo que foram encontrados documentos em um de seus antigos escritórios em Washington e em sua residência familiar em Wilmington, Delaware (leste).

Uma situação delicada para os democratas, que não hesitaram em criticar Donald Trump, que é alvo de uma investigação judicial por ter ficado com caixas cheias de documentos quando saiu de Washington em 2021.

Para recuperá-los, o FBI realizou há alguns meses uma diligência espetacular em sua mansão no resort de Mar-a-Lago, na Flórida.

Para afastar as suspeitas de parcialidade, o Departamento de Justiça pediu, em 13 de janeiro, a um promotor especial independente que investigue os documentos de Joe Biden, como fez em novembro com Donald Trump.

Preguntado pelos jornalistas em uma coletiva de imprensa sobre outro tema nesta terça, o procurador-geral e secretário de Justiça, Merrick Garland, não quis comentar o caso de Mike Pence.

- 'Inocente' -

Mesmo com as precauções, os republicanos continuam criticando a comunicação a conta-gotas da Casa Branca.

A "transparência de Mike Pence contrasta com a atitude dos colaboradores de Joe Biden [...], que continuam escondendo informação", opinou James Comer em seu comunicado.

Em coletiva de imprensa, o senador republicano Lindsey Graham pediu "que se lance uma luz" sobre este caso.

"O que era um problema político" para os republicanos, e agora para os democratas, se transformou, segundo ele, em "um problema de segurança nacional para o país".

Donald Trump publicou uma mensagem de apoio a seu ex-vice-presidente, apesar de sua relação ter esfriado desde o ataque ao Capitólio há dois anos.

"Mike Pence é inocente, nunca fez nada desonesto em sua vida. Deixem-no em paz", escreveu o magnata, que concorrerá a um novo mandato em 2024, em sua rede Truth Social.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, minimizou nesta quinta-feira (19) o frenesi midiático provocado pela descoberta de antigos documentos confidenciais perdidos entre seus pertences pessoais, dizendo que "não há nada lá".

"Acho que vão descobrir que não há nada lá (...) Não me arrependo de nada. Estou seguindo o que os advogados me mandaram fazer. É exatamente o que estamos fazendo", respondeu Biden aos repórteres quando questionado sobre o caso durante uma viagem à Califórnia.

Biden soltou essas declarações desafiadoras pouco mais de uma semana depois que uma dúzia de documentos confidenciais, de sua época como vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), foram encontrados em um antigo escritório que usava.

Outro punhado de documentos foi posteriormente descoberto na garagem e na casa particular do presidente, no estado de Delaware.

O caso ameaça ofuscar o que seus aliados esperam que seja um anúncio em breve de que Biden concorrerá a um segundo mandato nas eleições de 2024.

Embora o caso pareça menos grave do que o do republicano Donald Trump, que levou centenas de documentos confidenciais da Casa Branca para sua residência na Flórida após deixar o cargo, Biden está sob forte pressão da imprensa, dos republicanos no Congresso e de uma investigação do Departamento de Justiça liderada por um promotor independente.

Após vários dias de declarações evasivas, Biden procurou contra-atacar insistindo que tem agido corretamente em uma situação que a Casa Branca define como um extravio acidental de documentos.

"Encontramos um punhado de documentos que foram arquivados no lugar errado. Imediatamente os entregamos aos Arquivos Nacionais e ao Departamento de Justiça. Estamos cooperando plenamente e esperamos que isso seja resolvido rapidamente", afirmou.

Os documentos secretos encontrados na residência do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump na Flórida provavelmente foram escondidos para obstruir uma investigação do FBI, indicou o Departamento de Justiça em um novo documento judicial na terça-feira, 30. A defesa, porém, alega que os documentos estavam em um local seguro e sugere que não seria contra a lei o ex-presidente possuir os documentos, contradizendo a Lei de Registros Presidenciais e Lei de Espionagem. Uma audiência nesta quinta-feira, 1º, determinará se investigação terá um especialista independente como pede Trump.

A juíza Aileen Cannon, nomeada por Trump, intimou os advogados do ex-presidente e o Departamento de Justiça dos para uma audiência em West Palm Beach, na Flórida. A audiência tratará de pedidos de Trump sobre um relatório mais detalhado dos itens confiscados e a devolução do que não constava na ordem judicial que autorizou a busca, como agendas e diários pessoais.

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O ex-presidente também solicita um especialista independente para supervisionar o caso originado pela operação do FBI à procura de documentos oficiais em Mar-a-Lago. A magistrada está disposta a nomear um especialista, indicou em decisão preliminar no fim de semana, mas antes de tomar uma decisão final, ouvirá as partes.

Em um arquivo de 18 páginas, os advogados de Trump sugeriram que, ao realizar o que eles descreveram como uma "incursão sem precedentes, desnecessária e sem respaldo legal" em Mar-a-Lago, a casa e o clube de Trump em Palm Beach, o Departamento de Justiça estava "criminalizando a posse de registros pessoais e presidenciais de um ex-presidente em um ambiente seguro".

O governo diz que Trump não tem fundamento legal para exigir a devolução de documentos presidenciais porque não lhe pertencem. O departamento também expressou preocupação de que a nomeação possa atrasar a investigação, em parte porque um especialista independente provavelmente precisaria obter uma autorização de segurança para revisar os registros e uma autorização especial das agências de inteligência.

A audiência no tribunal federal em West Palm Beach ocorre dois dias após o Departamento de Justiça comunicar ao tribunal a possível prática de crime de "obstrução" para o manuseio de documentos classificados como secretos em Mar-a-Lago. De acordo com o Departamento, alguns dos documentos encontrados em buscas feitas em 8 de agosto foram "provavelmente escondidos e removidos" de um depósito.

Os promotores tentam determinar se Trump ou algum de seus aliados incorreu em crime ao evitar que agentes federais recuperassem os documentos confidenciais em posse do ex-presidente.

O governo dos EUA havia exigido a Trump que se ele tivesse tirado documentos secretos da Casa Branca os entregassem, mas o ex-presidente respondeu de forma evasiva. Na busca, agentes do FBI encontraram mais de 100 documentos sigilosos que Trump não entregou às autoridades apesar dos requisitos legais.

'Documentos próprios'

A argumentação feita pela equipe jurídica de Trump de que os documentos presidenciais de seu governo pertenciam a ele colide com a Lei de Registros Presidenciais de 1978, que deixa claro que o governo - não um presidente ou ex-presidente - é dono dos arquivos da Casa Branca gerados durante seu tempo no cargo.

Os advogados de Trump argumentaram que a Lei de Registros Presidenciais não tem mecanismo de execução, sugerindo que o Departamento de Justiça não tinha base para apreender os arquivos que Trump levou para Mar-a-Lago e não retornou mesmo após repetidos pedidos do Arquivo Nacional e de uma intimação do departamento.

"A lei exorta um ex-presidente a interagir com o arquivista para garantir a preservação dos registros presidenciais, mas não obriga o ex-presidente a tomar nenhuma medida específica em relação a esses registros", escreveram os advogados.

O documento ignorou o fato de que o juiz que emitiu o mandado de busca para Mar-a-Lago não o fez com base na Lei de Registros Presidenciais, mas em outras leis contra a ocultação de registros do governo. Isso inclui a Lei de Espionagem, que criminaliza a retenção não autorizada de segredos de segurança nacional potencialmente perigosos e mantidos em sigilo.

A publicação de novos detalhes da investigação sugere um enorme perigo legal para dois dos advogados de Trump, e uma incerteza considerável para o próprio Trump, disseram especialistas em inteligência e jurídicos.

As evidências apresentadas, disseram, podem construir um caso legal de que os advogados de Trump Evan Corcoran e Christina Bobb obstruíram a investigação do governo, supostamente dizendo a agentes e promotores do FBI que eles entregaram todos os documentos confidenciais quando, na verdade, muitos permaneceram na posse de Trump. Não há como prever se o Departamento de Justiça acabará processando o ex-presidente ou seus aliados.

Algumas questões-chave que poderiam determinar o destino legal de Trump ficaram sem resposta: ele instruiu Corcoran e Bobb a enganar o governo antes ou depois da invasão do FBI em sua casa e clube na Flórida? E, em caso afirmativo, por que ele queria manter em sua posse documentos confidenciais ultrassecretos em sua casa?

"É ruim", disse Peter Lapp, um ex-agente do FBI que trabalhou em casos de espionagem e agora é consultor privado. "É tudo muito condenável."

Trump também é alvo de investigações por suas tentativas de anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e seu papel na invasão de seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Atualmente não está sendo processado em nenhum caso. (Com agências internacionais)

O Vaticano retomou nesta segunda-feira o polêmico julgamento de cinco pessoas, entre elas dois jornalistas italianos e um sacerdote espanhol, acusadas de divulgar documentos confidenciais sobre má gestão de recursos e desperdício na Santa Sé.

A audiência pública do julgamento do chamado "Vatileaks 2" foi iniciada às 16H00 (12H00 de Brasília), com a comparecimento dos acusados na sala do tribunal. Um grupo limitado de jornalistas teve acesso à sala como previsto desde a abertura do julgamento, em 24 de novembro.

O sacerdote espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda, de 54 anos, que está em prisão domiciliar no Vaticano, a consultora italiana Francesca Immacolata Chaouqui, de 34 anos, e um colaborador de Vallejo, Nicola Maio, de 37 anos, foram acusados de formação de "associação criminosa" com a finalidade de divulgar notícias e documentos confidenciais aos quais tinham acesso graças ao próprio cargo no Vaticano.

Os dois jornalistas, os italianos Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, autores de livros sobre a corrupção na Cúria Romana, lançados em 5 de novembro passado, foram acusados de "divulgação ilícita" de documentos confidenciais.

Trata-se da primeira vez que o menor Estado do mundo processa dois jornalistas, algo que a imprensa italiana qualificou de "nova Inquisição".

"A informação não pode ser parada com julgamentos", escreveu nesta segunda-feira em seu Twitter, pouco antes da audiência, o jornalista Nuzzi.

"Limitei-me a cumprir com meu dever de jornalista. Este é um processo por um vazamento de notícias e não por difamação. Todas as notícias publicadas são verdadeiras", declarou, por sua vez, Fittipaldi.

A divulgação de documentos reservados "contra a segurança do Estado" é um crime introduzido pelo papa Francisco, em julho de 2013 e é punido com uma pena de 4 a 8 anos de prisão.

O tribunal do Vaticano voltou a ordenar na semana passada a prisão do sacerdote Lucio Vallejo Balda na sede da Gendarmeria vaticana em razão da "violação da proibição de comunicação com o exterior", uma pré-condição para a prisão domiciliar, segundo fontes do Vaticano.

No sábado, depois de três meses e meio de recesso, foi realizada uma sessão particular a portas fechadas com especialistas e juízes, sem a presença dos acusados, durante a qual foi examinada uma série de assuntos técnicos.

O tribunal aceitou analisar como provas os e-mails, mensagens e conversas via WhatsApp entre os acusados, alguns deles com detalhes picantes, segundo a imprensa italiana.

Chaouqui, que está grávida de sete meses, chegou nesta segunda-feira vestida de preto, acompanhada por quatro guarda-costas, como uma estrela de televisão.

Vallejo Balda e Chaouqui fizeram parte da antiga Comissão de Especialistas COSEA nomeada pelo papa Francisco para fazer propostas de reformas sobre as finanças e a economia do Vaticano.

A defesa de Chaouqui tentou, em vão, argumentar que o crime de que é acusada - divulgação de documentos confidenciais - foi cometido em território italiano, portanto, fora da jurisdição da justiça do Vaticano. E pediu em vão que Chaouqui fosse julgada na Itália como "refugiada política".

O novo escândalo de vazamentos de documentos confidenciais do Vaticano é o segundo depois do ocorrido em 2012 na comitiva de Bento XVI, apelidado de "Vatileaks". Ele afeta indiretamente o papa Francisco, engajado em uma difícil reforma da Cúria e determinado a continuar com sua luta contra a corrupção.

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