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A árbitra paulista Edina Alves Batista e auxiliar catarinense Neuza Back foram escaladas para o seu último compromisso no Mundial de Clubes da Fifa, que está sendo realizado no Catar. A dupla brasileira fará parte da equipe de arbitragem da final da competição, entre Bayern de Munique e Tigres, do México, nesta quinta-feira. A entidade anunciou a escalação das duas nesta quarta.

Assim como aconteceu nos jogos entre Tigres e Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, pelas quartas de final, e na semifinal entre Bayern de Munique e Al Ahly, do Egito, Edina Alves atuará como quarta árbitra na final do Mundial.

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Nestas duas partidas, Neuza Back ocupou a mesma função para a qual foi escalada na decisão: auxiliar reserva. A equipe na decisão será a mesma da estreia das duas no Mundial, composta integralmente por árbitros e árbitras sul-americanas.

O trio em campo será todo do Uruguai com o árbitro Esteban Ostojich e os auxiliares Nicolas Taran e Richard Trinidad. No VAR, o comando principal é do colombiano Nicolas Gallo, que terá o aux[ílio do chileno Julio Bascunan.

Ainda no Mundial de Clubes, as brasileiras se tornaram as primeiras mulheres a comandar uma partida masculina profissional da Fifa. Edina Alves foi árbitra no duelo entre Ulsan Hyundai e Al Duhail, do Catar, válida pela disputa do quinto e sexto lugares na competição. No trio 100% feminino que arbitrou o jogo, Edina e Neuza tiveram a companhia da auxiliar Mariana de Almeida, da Argentina.

Edina Alves Batista, de 41 anos, vive a expectativa mais especial dos seus 20 anos de carreira como árbitra. A paranaense de Goioerê viaja no fim deste mês ao Catar para apitar o Mundial de Clubes e vai se tornar a primeira mulher a atuar no comando de jogos masculinos de competições da Fifa para a categoria adulta. Orgulhosa pela conquista, ela torce para que essa nomeação quebre várias barreiras na arbitragem. O aumento da presença feminina e o fim da divisão por gênero na profissão são os seus sonhos.

A juíza conversou com o Estadão pouco depois de ser confirmada pela Fifa no Mundial. Entre um compromisso e outro pelo Campeonato Brasileiro, Edina relembrou o início na carreira e o quanto aos poucos a arbitragem tem se tornado um mundo mais aberto. "Está chegando a hora de nós, os árbitros, não sermos mais tratados por gênero, mas sim por capacidade. Tudo está indo por esse caminho agora", disse. "A divisão por gênero tem de acabar. Tudo tem de ser pela competência", afirmou.

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A carreira da paranaense ficou em mais evidência em 2019, quando ganhou a chance de apitar a semifinal do Mundial Feminino entre Inglaterra e Estados Unidos. No mesmo ano, apitou o encontro entre CSA e Goiás, pelo Brasileirão, e encerrou um intervalo de 14 anos sem que uma mulher apitasse um jogo de elite no futebol brasileiro. Antes dela, Silvia Regina foi quem havia trabalhado.

A repercussão do trabalho e o espaço no mundo masculino da arbitragem fazem Edina ser bastante procurada por admiradoras. "Muitas mulheres me escrevem nas redes sociais porque olham para mim e se espelham para pensar que tudo pode acontecer. Muitas até me procuram não porque querem ser árbitras, mas porque me consideram como uma conquista de espaço no ambiente de trabalho", contou.

Para chegar ao status de árbitra de competições da Fifa o caminho foi longo. Edina sempre gostou de esporte e trabalhou pela primeira vez aos 19 anos em um jogo amador. A oportunidade despertou o sonho dela em seguir a carreira, apesar do desejo da família. "Minha mãe dizia que ser árbitra não era coisa de menina. Ela queria que eu fizesse cursos de datilografia ou pintura", contou.

De família humilde, Edina decidiu procurar um trabalho que lhe ajudasse a pagar a faculdade de Educação Física e também os cursos necessários para a formação em arbitragem. "O meu primeiro emprego foi em um viveiro de mudas. Eu enchia os saquinhos de terra para poder pagar meus estudos. Eu gostava do serviço", contou. Aos fins de semana, ela deixava Goioerê para apitar pelo Paraná em campeonatos de futsal e futebol.

A carreira de Edina aos poucos evoluiu e deixou de caber na pequena Goioerê e seus cerca de 30 mil habitantes. Há três anos ela se mudou para São Paulo, onde tem uma rotina cheia de estudos teóricos sobre arbitragem, revisão dos jogos em que trabalhou, treinos físicos e aprendizado do inglês. Atualmente a arbitragem é a única fonte de renda da paranaense.

Embora cada vez mais conhecida no futebol, Edina afirmou que apenas isso não é o suficiente para ganhar o respeito dos jogadores. "O respeito você conquista conforme vai acertando dentro da partida. Se você conduz o jogo de maneira correta, eles respeitam. E isso não é por eu ser mulher. Vale para qualquer um. Se o jogador for mal, vai para o banco de reservas. Eu, no meu caso, se for mal eu fico sem apitar", comentou.

Quando ainda enchia os sacos de terra e iniciava na arbitragem, o sonho dela era chegar à Série A. Agora, Edina já pode se dar ao luxo de projetar novos desejos profissionais enquanto aguarda que a trajetória sirva de inspiração e de exemplo de como se pode quebrar barreiras. "Meu sonho um dia é apitar em uma Olimpíada. E essas conquistas não são minhas. É do povo brasileiro, que também passou a apoiar mais a presença feminina na arbitragem", contou.

O Brasil ainda tem chances de disputar o Mundial de Clubes da Fifa, em fevereiro, no Catar, com Palmeiras ou Santos, que estão nas semifinais da Copa Libertadores, mas já garantiu presença na competição. Nesta segunda-feira, a entidade anunciou o quadro de arbitragem e nele está a paranaense Edina Alves Batista como árbitra e a catarinense Neuza Back no posto de assistente.

A Fifa selecionou ao todo para o torneio sete árbitros de campo e 12 assistentes, além de outros sete árbitros de vídeos para a operação do sistema de VAR. Os oficiais das partidas viajarão para o Catar uma semana antes do início do Mundial de Clubes, que será realizado entre os dias 1 e 11 de fevereiro. A Fifa garantiu que eles receberão todos os cuidados necessários contra a pandemia do novo coronavírus.

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A indicação de Edina Alves Batista para liderar um dos trios de um grande torneio da Fifa segue uma sequência de exemplos iniciada na Copa do Mundo Sub-17 de 2017, quando a suíça Esther Staubli apitou um dos jogos da competição masculina, e depois continuada pela uruguaia Claudia Umpierrez, que esteve no último Mundial Sub-17, realizado no Brasil em 2019.

"A nomeação do trio feminino liderado por Edina Alves Batista dá continuidade ao caminho iniciado na Copa do Mundo sub-17 de 2017, onde a árbitra suíça Esther Staubli arbitrou um jogo, seguida pela árbitra uruguaia Claudia Umpierrez, que arbitrou duas partidas no torneio de 2019, no Brasil", escreveu a Fifa em seu site oficial.

Edina Alves Batista faz parte do quadro de árbitras da Fifa desde 2016 e já apitou em jogo da Série A do Campeonato Brasileiro. Ela esteve no último Mundial Feminino (França-2019), em que comandou a semifinal entre Inglaterra e Estados Unidos. Neuza Back é assistente da Fifa desde 2014. Ela também esteve no último Mundial Feminino e recentemente trabalhou no jogo entre Vélez Sarsfield e Peñarol, pela Copa Sul-Americana.

O Mundial de Clubes vai utilizar três estádios da Copa do Mundo de 2022. O sorteio para determinar os cruzamentos está previsto para o próximo dia 19, em Zurique, na Suíça.

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