O medo de faltar profissionais para suprir demandas de serviços assusta as mais variadas áreas de trabalho. O caso dos médicos, mais recente no Brasil, é um exemplo. Outra categoria importante para a economia brasileira vive essa incógnita:a de engenheiros.
Apesar do receio, os setores que necessitam desses profissionais podem “respirar”mais aliviados. Um debate realizado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em trabalho conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), chegou a conclusão que não há risco de um “apagão” generalizado de mão de obra. A discussão, subsidiada por uma pesquisa da USP, aponta que em termos quantitativos, estas pressões tendem a ser resolvidas com a ampliação da oferta de novos engenheiros, uma vez que os cursos da área voltaram a atrair os alunos.
##RECOMENDA##Na realidade do Estado de Pernambuco, não vão faltar engenheiros. A informação é do presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco (Senge), Fernando Freitas. Entretanto, o representante da categoria afirma que já existem vagas que não são ocupadas pela ausência de profissionais qualificados. “Engenheiro tem, mas falta profissional especializado”, comenta Freitas.
“O problema não é de escassez. O problema é a falta de qualificação. A empresas agora buscam não mais o profissional generalista. Elas querem engenheiros com conhecimentos específicos. A verdade é que o mercado está muito mais exigente”, complementa o presidente do Senge. De acordo com Freitas, as instituições de ensino locais falham quando preparam o profissional generalista. “É certo que não falta vaga para engenheiros. Mas, esses profissionais poderiam ocupar cargos bem melhores se forem especialistas”, finaliza.
A favor dos generalistas
Em contraponto à opinião de Fernando Freitas, o coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Ribeiro, acredita que o mercado local absorve sim os engenheiros civis. “Eu não vejo nenhum problema em formar um generalista. O importante é ter capacidade de resolver qualquer tipo de problema. A princípio, um engenheiro pode até não saber como resolver uma determinada situação, mas, sabe analisar e conversar com outros profissionais em busca de uma solução”, explica Ribeiro.
De acordo com o coordenador, entre as áreas que mais procuram engenheiros, se destacam o próprio segmento civil e o de estruturas. Ele também aponta como promissores as áreas de geotecnia, recursos hídricos, transportes e saneamento.
Falha - Mesmo Pernambuco estando entre os estados que cresce economicamente no Brasil, com destaque para a construção civil, o Estado é falho no monitoramento dos engenheiros. Segundo a Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE), não existe um levantamento de quantas vagas abertas existem para engenheiros ou previsão de abertura de oportunidades. A assessoria de imprensa do órgão informou a nossa reportagem que a secretária Ana Cláudia Dias Rocha não tinha informações concretas para abordar o assunto, ao mesmo tempo, em que diversas instituições brasileiras discutem a escassez de engenheiros.
Segundo o Senge, Pernambuco tem em torno de 14 mil engenheiros. De acordo com o Ipea, até o ano de 2020, a expectativa é que o número de profissionais requeridos pelo mercado de trabalho formal seja entre 600 mil a 1,15 milhão de engenheiros.