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Acusado de ser cúmplice no assassinato de 5.230 pessoas, o guarda da organização paramilitar nazista SS, Bruno Dey, 93 anos, pode ser preso. Ele está sendo julgado em um tribunal de menores porque, na época dos eventos, tinha 17 e 18 anos. Os crimes aconteceram no campo de Stutthof, na Polônia.

Bruno hoje é padeiro aposentado. O promotor Lars Mahnke pede que o réu seja pegue três anos de prisão e o veredicto será anunciado em 23 de julho. A defesa do ex-guarda insiste que ele não ingressou voluntariamente na SS antes de servir no campo de agosto de 1944 e abril de 1945. Além disso, a defesa aponta que Bruno acabou designado para lá por ter uma doença cardíaca que o excluiu da linha de frente.

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Segundo aponta a Carta Capital, no seu último depoimento em maio, Dey disse ao tribunal que queria esquecer seu tempo no campo. "Não tenho culpa do que aconteceu naquela época. Não contribui com nada, além de ficar de guarda, mas fui forçado a fazê-lo, era uma ordem", explicou.

Um ex-guarda de 94 anos do campo de concentração nazista de Sutthof, na Polônia, é julgado a partir desta terça-feira (6) em Münster, Alemanha, pela cumplicidade em centenas de assassinatos, um caso com um peso simbólico e moral.

O alemão, residente em Münster, é acusado de ter servido entre junho de 1942 e setembro de 1944 nesse campo, situado a 40 quilômetros de Gdansk. A procuradoria não divulgou a identidade do acusado, que, segundo o jornal Die Welt, seria um paisagista aposentado chamado Johann.

"Ele tinha entre 18 e 20 anos no momento dos fatos. Como vigilante, custodiou o campo, as cercas, as torres de vigilância" enquanto centenas de pessoas "morreram por gás, fuziladas ou de fome", afirmou à AFP o procurador de Dortmund, Andreas Brendel.

"O acusado sabia de todos os métodos para matar e por isso foi cúmplice do assassinato de centenas de pessoas", embora não participasse diretamente, informa a ata de acusação.

Segundo o Die Welt, o nonagenário negou à polícia, em agosto de 2017, ter estado a par das atrocidades cometidas no campo e afirmou que os soldados também padeciam da escassez de alimentos.

Em Stutthof, primeiro campo de concentração nazista estabelecido fora do território alemão no final de 1939 e um dos últimos a ser liberado pelos aliados, em maio de 1945, 65.000 dos cerca de 110.000 deportados morreram, segundo o museu Stutthof de Sztutowo.

Controlado pelas SS e auxiliares ucranianos, primeiro serviu para a detenção de prisioneiros de guerra e opositores polacos, noruegueses e dinamarqueses, antes de que os judeus dos países bálticos e da Polônia, sobretudo mulheres, fossem deportados a partir de 1944 no contexto da "solução final" nazista.

Desde a sua libertação, menos de uma centena de funcionários do campo, dos mais de 2.000, acertou as contas com a justiça, principalmente em Gdansk e na ex-RFA, segundo o museu.

- Questão moral -

As audiências acontecerão "em um dia, durante duas horas no máximo", para que o acusado possa estar "em boa forma física", segundo o procurador, também responsável por investigações de crimes do nacional-socialismo na Renânia do Norte de Westfália.

Ele será julgado até janeiro no mínimo por um tribunal para menores, já que tinha menos de 21 anos na época.

Um segundo ex-guarda das SS, de 93 anos, pode ser julgado, mas ainda está sendo avaliado se ele é apto para comparecer ou não aos tribunais.

O acusado enfrenta uma pena máxima de 15 anos de prisão. Para Brendel, a pena pouco importa, trata-se principalmente de "uma questão jurídica e moral".

"A Alemanha deve a familiares e às vítimas dos crimes do nacional-socialismo que se investiguem, ainda hoje, os fatos e perseguir esses delitos", disse o procurador.

Nos últimos anos, a justiça alemã condenou vários antigos integrantes da SS por cumplicidade em assassinatos: John Demjanjuk, Reinhold Hanning, Hubert Zafke e Oskar Gröning.

Todos eram muito idosos e ocuparam cargos subalternos durante a guerra. Nenhum deles chegou a ser preso por seu estado de saúde. Gröning morreu pouco antes de ser preso.

Desde 2011, uma nova jurisprudência permite abrir diligências por "cumplicidade de assassinato" contra aqueles que participaram no funcionamento dos campos.

Até então, eles somente eram processados suspeitos diretamente envolvidos nos assassinatos dos deportados.

A justiça alemã acusou nesta sexta-feira um ex-guarda de segurança do campo de extermínio nazista de Lublin-Majdanek, hoje com 96 anos, de cumplicidade na morte de 17.000 judeus. O nome do acusado não foi revelado.

Um tribunal da cidade ainda precisa validar as acusações antes de que se abra um possível processo. O homem é suspeito de, entre agosto de 1943 e janeiro de 1944, quando tinha então 22 anos, ter trabalhador como guarda no campo de extermínio de Majdanek.

Em 3 de novembro de 1943, ele teria contribuído com uma operação chamada "Festa da Colheira", dirigida e pelas SS e durante a qual ao menos 17.000 prisioneiros judeus foram motos em valas comuns criadas com esse objetivo.

O regime nazista construiu o campo de Majdanek em 1941 na Polônia ocupada perto de Lublin e o complexo ficou em funcionamento até 1944.

Segundo as estimativas do atual museu do campo, 80.000 prisioneiros, entre eles 60.000 judíos, foram executados em câmaras de gás ou morreram de fome, doenças ou esgotamento.

O julgamento de Reinhold Hanning, 94 anos, ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz e acusado de cumplicidade na morte de milhares de pessoas, começou nesta quinta-feira (11) em Detmold, oeste da Alemanha.

Devido à enorme atenção midiática que o caso gera, e ao número de partes civis - 40, procedentes de vários países (Canadá, Israel, Hungria) - o julgamento não é realizado na sede do tribunal e foi transferido à sede da Câmara de Comércio e Indústria, afastada do centro da cidade.

Uma hora antes da abertura do julgamento, 50 pessoas esperavam ante o edifício para poder entrar na sala. Vários carros da polícia, assim como dois agentes a cavalo, estavam presentes no local, constatou um jornalista da AFP. O início da audiência será dedicado à ata de acusação contra Reinhold Hanning, cujo julgamento durará ao menos até 20 de maio.

O ex-guarda do campo de concentração, cujo estado de saúde lhe permite apenas duas horas de audiência por dia, é acusado de cumplicidade na morte de ao menos 170.000 pessoas entre janeiro de 1943 e julho de 1944.

É passível de três a 15 anos de prisão, uma pena essencialmente simbólica, dada sua idade.

É o terceiro acusado de uma onda de julgamentos tardios, iniciada com a condenação em 2011 de John Demjanjuk, ex-guarda de Sobibor, condenado a cinco anos de prisão. Este julgamento, que levantou grande interesse, relançou a busca dos últimos nazistas, em uma tentativa de recuperar o tempo perdido após décadas de letargia judicial.

No ano passado, também foi realizado o julgamento de Oskar Groning, ex-contador de Auschwitz. Outros dois antigos membros das SS serão processados no fim de fevereiro em Neubrandenburg (nordeste) e posteriormente em abril em Hanau (oeste).

"A idade não tem nenhuma importância", estimou na imprensa o procurador Andreas Brendel, responsável pela acusação contra Hanning. A justiça alemã "deve às vítimas e aos seus familiares" julgar os crimes do III Reich.

Nunca é tarde

Também se trata de reparar in extremis as "carências da justiça alemã", lembra Christoph Heubner, vice-presidente do Comitê Internacional Auschwitz. Dos 6.500 SS do campo que sobreviveram à guerra, menos de 50 foram condenados, em um ambiente caracterizado na Alemanha pelo desejo de virar a página, e também devido à forte presença de ex-nazistas na magistratura.

"Este julgamento deveria ter sido realizado há 40 ou 50 anos. Mas nunca é tarde para reviver o que ocorreu", afirmou na véspera do julgamento Justin Sonder, de 90 anos, que perdeu 22 membros de sua família sob o regime nazista e foi deportado aos 17 anos.

Um total de quarenta sobreviventes da Shoah e descendentes destes últimos, que farão a viagem a partir de Israel, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, se constituíram em parte civil. Mais de 70 acompanharam no ano passado o julgamento de Groning, que foi condenado a quatro anos de prisão.

Angela Orosz, aposentada canadense de origem húngara de 71 anos, foi um dos dois bebês que sobreviveu a Auschwitz e testemunhará para manter viva a memória das vítimas do Holocausto, e porque acredita que todos os funcionários do campo "contribuíam para a maquinaria de morte".

Não existe nenhuma prova contra Hanning de que tenha cometido um ato criminoso preciso. Ele é acusado de ter feito parte do "funcionamento interno" do campo de Auschwitz, no qual 1,1 milhão de pessoas foram exterminadas, a grande maioria judeus.

Hanning, um jovem funcionário que entrou nas Waffen SS em julho de 1940, foi transferido no início de 1942 a Auschwitz. Foi membro das Totenkopf, uma unidade das SS cuja insígnia era um crânio, trabalhou no campo de base Auschwitz-I e supervisionava às vezes a chegada de prisioneiros ao campo de Birkenau.

Ainda que tenha a palavra nesta quinta-feira, nada indica que falará. Diferentemente de Oskar Groning, que testemunhou em um texto distribuído aos meios de comunicação para "lutar contra o negacionismo", antes de pedir perdão no julgamento às vítimas, Hanning jamais se referiu em público ao seu passado.

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