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A junta militar de Mianmar acusou Aung San Suu Kyi de ter manipulado a comissão eleitoral durante as eleições de 2020 - disse uma fonte ao caso, à AFP, nesta segunda-feira (31), um ano após o golpe de Estado.

Suu Kyi, de 76 anos, está detida desde que foi deposta pelo golpe, em 1º de fevereiro do ano passado. À época, os militares alegaram que o governo teria cometido fraude eleitoral.

O golpe militar provocou protestos em massa nas ruas e uma sangrenta repressão que deixou quase 1.500 civis mortos, de acordo com um grupo local que faz esse monitoramento.

Desde então, a Prêmio Nobel da Paz foi alvo de vários processos e acusações, incluindo violação de segredos de Estado. Se for considerada culpada em todos os processos, a soma das sentenças passará de 100 anos de prisão.

Suu Kyi também foi acusada de influenciar a comissão eleitoral do país durante as eleições de 2020, nas quais seu partido derrotou um rival ligado aos militares, informou uma fonte próxima ao caso, acrescentando que este julgamento será encerrado dentro de seis meses.

O ex-presidente Win Myint, membro da Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, também deve enfrentar as mesmas acusações, segundo a fonte.

Vários funcionários da comissão eleitoral foram presos desde o golpe, acusados de terem orquestrado a vitória da LND.

A junta anulou os resultados das eleições de 2020 em julho passado, alegando ter encontrado em torno de 11,3 milhões casos de fraude, e prometeu realizar eleições em agosto de 2023. Já os observadores independentes que acompanharam a disputa eleitoral declararam, no entanto, que as eleições de 2020 foram livres e justas.

Na véspera do aniversário do golpe, os militares advertiram que qualquer pessoa que for às ruas protestar, ou compartilhar "propaganda" contra a junta, poderá ser acusada de alta traição, ou enquadrada nas leis antiterrorismo.

Suu Kyi já foi condenado e sentenciada a seis anos de prisão pelas acusações de importar walkie-talkies ilegalmente, incitar a população contra os militares e violar as normas restritivas de saúde contra a covid-19.

A ex-líder civil de Mianmar Aung San Suu Kyi, processada desde junho depois de ser derrubada em fevereiro por um golpe militar, prestou depoimento nesta terça-feira (26) pela primeira vez em um tribunal da junta militar, informou uma fonte próxima ao caso.

A vencedora do prêmio Nobel da Paz de 1991, de 76 anos e sob prisão domiciliar em Naypyidaw desde o golpe de Estado, "fez sua declaração no tribunal sozinha", em resposta às acusações de incitar a desordem pública. das quais se declarou inocente em setembro.

Além destas acusações, Suu Kyi está sendo julgada por uma série de crimes: importação ilegal de walkie-talkies, violação das restrições vinculadas à covid-19, sedição e corrupção.

A ex-líder birmanesa enfrenta a possibilidade de dezenas de anos de prisão. O conteúdo do depoimento "não pode ser revelado" até que o tribunal certifique suas declarações, de acordo com a mesma fonte. Ele disse que isto pode acontecer na próxima semana.

As autoridades negaram aos jornalistas acesso ao processo de Suu Kyi, que se acontece a portas fechadas em um tribunal especial da capital Naypyidaw.

Seu principal advogado, Khin Maung Zaw, anunciou recentemente que não tem o direito de falar com a imprensa, diplomatas estrangeiros e organizações internacionais, devido a uma ordem do regime militar.

O golpe de 1º de fevereiro acabou com um breve período democrático de uma década no país.

Desde então, o exército executa uma repressão violenta contra os opositores.

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