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O Exército russo está avançando na frente na Ucrânia, especialmente em torno da cidade de Avdiivka (leste), alvo há dias de um cerco em grande escala por parte das tropas de Moscou, disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin, neste domingo (15), enquanto as forças ucranianas afirmam estar repelindo esta ofensiva.

"Nossas tropas melhoram sua posição em quase todo este espaço, um espaço bastante vasto", declarou o presidente, em uma entrevista à televisão russa, conforme trecho publicado nas redes sociais.

"Isso diz respeito às zonas de Kupiansk, Zaporizhzhia e Avdiivka", acrescentou Putin, elogiando essa estratégia de "defesa ativa" liderada pelo Exército.

As declarações do presidente russo sobre a situação em torno de Avdiivka surgem depois de suas Forças Armadas terem anunciado avanços na área.

Avdiivka caiu brevemente, em julho de 2014, nas mãos de separatistas pró-russos apoiados e armados por Moscou, antes de voltar para controle ucraniano.

Desde então, tem marcado a linha da frente nesta área e sido bombardeada com frequência, mesmo antes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Nas últimas semanas, as forças russas conseguiram assumir o controle do norte e do sul da cidade, além de dominarem o leste, apertando progressivamente o cerco, com a esperança, no longo prazo, de fazer o Exército ucraniano se afastar ainda mais da capital da província de Donetsk, atingida todos os dias por bombardeios de Kiev.

Com base em imagens publicadas nas redes sociais, diferentes analistas afirmam, no entanto, que Moscou sofreu perdas materiais significativas.

- 'Sem sucesso' -

Em sua sessão informativa diária, o Exército ucraniano negou as afirmações russas, alegando que seus homens "repeliram" os ataques de Moscou na área. "O inimigo não cessa de tentar furar nossas defesas, mas sem sucesso", frisou.

No sábado, o prefeito ucraniano de Avdiivka, Vitali Barabach, relatou uma situação "muito tensa" e que os russos estão tentando "cercar a cidade" com "cada vez mais tropas".

Segundo ele, cerca de 1.600 civis permanecem em Avdiivka, já que os constantes bombardeios dificultam a retirada da população. Antes da ofensiva russa, a cidade tinha 30 mil habitantes.

O ataque do Kremlin a Avdiivka ocorre quatro meses depois de uma difícil contraofensiva ucraniana, uma vez que o Exército de Kiev recuperou apenas algumas cidades das mãos dos russos. Putin reiterou, neste domingo, que essa contraofensiva "fracassou completamente".

"Sabemos que, em algumas zonas de combate, a parte contrária prepara novas operações ofensivas. Vemos isso, sabemos disso e reagimos em conformidade", completou.

Em outros lugares da Ucrânia, vários ataques russos no sábado deixaram quatro mortos e três feridos nas províncias de Kharkiv (leste) e de Kherson (sul), segundo as autoridades locais.

Na área ocupada pela Rússia em Kherson, três civis morreram, e outro ficou ferido no sábado, informou Vladimir Saldo, a autoridade local designada por Moscou.

A Ucrânia acusou nesta segunda-feira (19) a Rússia de bombardear a área da usina nuclear de Pivdennonukrainsk, no sul do país, o que provocou novos temores de que essa guerra possa levar a um grande incidente atômico.

Esta central nuclear ucraniana é a terceira a se ver envolvida na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro contra a Ucrânia, e isso apesar de vários apelos da comunidade internacional para poupar essa infraestrutura para não causar uma catástrofe continental.

Moscou, por sua vez, denunciou uma "mentira" da Ucrânia três dias após a descoberta de centenas de corpos enterrados na floresta perto da cidade de Izium, recentemente tomada do exército russo. Kiev acusou o exército russo de abusos.

Reagindo ao ataque com mísseis que atingiu o local da usina de Pivdennonukrainsk, na região de Mykolaiv (sul), o presidente Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de estar "colocando em risco o mundo inteiro".

"Temos que parar antes que seja tarde demais", disse em uma mensagem no Telegram, acompanhada de um vídeo de vigilância mostrando uma grande explosão.

De acordo com a operadora Energoatom, "uma poderosa explosão ocorreu a apenas 300 metros dos reatores" desta usina, num ataque noturno com míssil russo.

A 260 quilômetros em sentido oeste, outra usina nuclear ucraniana, a de Zaporizhzhia, a maior da Europa e ocupada pelas tropas russas desde as primeiras semanas da invasão, foi alvo de inúmeros bombardeios nos últimos meses, provocando grande preocupação.

Kiev e Moscou trocam acusações sobre os ataques e a respeito de uma chantagem nuclear. No entanto, a situação melhorou nos últimos dias e a usina foi reconectada à rede elétrica ucraniana.

- Sem pausa -

O conselho de ministros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), uma organização que mantém observadores no local desde o início de setembro, pediu à Rússia que se retire do local.

No início da invasão russa, as forças de Moscou também ocuparam a usina de Chernobyl (norte), onde um dos reatores explodiu em 1986, o que provocou uma nuvem radioativa em grande parte da Europa.

A ocupação do local provocou temores pela segurança do sarcófago de contenção do reator danificado. As forças russas finalmente se retiraram após a fracassada ofensiva em Kiev.

Em Pivdennonukrainsk, a usina operava normalmente na manhã desta segunda-feira, apesar do ataque que explodiu 100 janelas e causou um breve desligamento de três linhas de alta tensão.

O bombardeio ocorre quando as forças russas tiveram uma série de derrotas em setembro, com sua retirada de grande parte do nordeste do país diante de uma contraofensiva relâmpago dos ucranianos na região de Kharkiv.

As tropas de Kiev também recuperaram terreno, porém mais lentamente, no sul.

Por vários dias, no entanto, o avanço ucraniano desacelerou. O presidente Zelensky insistiu na noite de domingo que "não era uma pausa", mas "a preparação dos próximos passos", com a Rússia controlando grande parte do Donbass (leste) e as regiões de Kherson e Zaporizhzhia (sul), depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014.

Por sua vez, o prefeito pró-Rússia da cidade de Donetsk, Alexei Kemzulin, denunciou um ataque "punitivo" ucraniano na capital da zona separatista de mesmo nome, matando 13 civis.

"De acordo com dados preliminares, 13 civis foram mortos após bombardeios punitivos" no oeste de Donetsk, disse Kemzulin no Telegram, acrescentando que a contagem dos feridos ainda está em andamento.

"Nove projéteis de 155 mm foram disparados de Netaylov", disse, pedindo à população "que não saia a menos que seja absolutamente necessário". Estas declarações não puderam ser verificadas independentemente neste momento.

- Torturas e "mentiras" -

Na região de Kharkiv, as exumações de corpos continuam em Izium após a descoberta de mais de 440 túmulos perto desta cidade recentemente recapturada dos russos.

Alguns corpos, com as mãos amarradas, apresentavam sinais de tortura.

Investigadores ucranianos começaram suas investigações em 16 de setembro. Mais uma vez, como após a descoberta em Bucha de centenas de corpos de civis após a retirada russa, o Kremlin negou qualquer abuso.

"É uma mentira. É claro que vamos defender a verdade neste caso", disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. "É o mesmo cenário que em Bucha".

A presidência tcheca da UE pediu no sábado a criação de um tribunal internacional especial.

Jornalistas da AFP ouviram depoimentos de ucranianos que disseram ter sido torturados por soldados russos durante a ocupação da região de Kharkiv.

No hospital de Izium, Mykhaïlo Tchindeï, de 67 anos, disse que foi detido por 12 dias por soldados inimigos em uma cela úmida e que seus carcereiros quebraram seu braço com uma barra de metal.

"Eles atingiram meus calcanhares, costas, pernas e rins", acrescentou Tchindei, explicando que os soldados russos o acusaram de ter dado às forças ucranianas as coordenadas de uma escola onde tinham se estabelecido.

Na frente diplomática, a lista de sanções contra Moscou cresceu ainda mais. A Polônia e os três Estados Bálticos restringiram a partir desta segunda-feira a entrada de cidadãos russos com vistos europeus em seu território.

O Exército russo bombardeou uma escola de arte que servia de abrigo para várias centenas de pessoas na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, disseram autoridades locais neste domingo (20), acrescentando que civis ficaram presos nos escombros.

"Ontem (sábado, 19), os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 (...) onde 400 moradores de Mariupol - mulheres, crianças e idosos - se refugiaram", declarou a prefeitura da cidade portuária sitiada pelas forças russas.

"Sabemos que o prédio foi destruído e que pessoas pacíficas ainda estão sob os escombros. O número de vítimas está se tornando claro", acrescentou a prefeitura em comunicado no Telegram.

Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia com uma população de 450 mil habitantes antes da guerra, está sob bombardeio pesado há várias semanas pelas forças russas e seus aliados separatistas pró-russos.

Neste domingo, o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, também acusou Moscou de "deportar à força mais de 1.000 moradores de Mariupol" que vivem no leste da cidade para a Rússia, sem especificar quando os eventos ocorreram.

Segundo ele, as forças russas montaram "campos de filtragem" onde "verificam os telefones" dos moradores de Mariupol antes de "confiscar seus documentos de identidade". "Eles então são enviados para a Rússia", afirmou no Facebook, acrescentando que "seu destino do outro lado (da fronteira) é desconhecido".

Essas declarações não puderam ser verificadas imediatamente de forma independente.

Na quinta-feira, a Ucrânia acusou Moscou de bombardear um teatro da cidade onde centenas de moradores estavam refugiadas, ignorando o aviso "Diéti" ("Crianças", em russo) escrito no chão em letras gigantes ao lado do prédio. Ainda não há relatório de vítimas.

Segundo o governo ucraniano, mais de 2.100 pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Os sobreviventes se refugiam nos porões, encarando situações miseráveis. Algumas das famílias que conseguiram fugir disseram ter visto corpos nas ruas por dias.

Infligir "algo assim a uma cidade pacífica (...) é um ato de terror que será lembrado ainda no próximo século", disse neste domingo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciando um "crime de guerra".

A cidade é de importância estratégica, pois sua captura permitiria à Rússia unir suas tropas na Crimeia com as de Donbas (leste), enquanto bloqueia o acesso ucraniano ao Mar de Azov.

As tropas russas intensificam sua ofensiva na Ucrânia, onde bombardearam pela primeira vez a cidade de Dnipro (centro) e dois aeródromos militares no oeste do país, enquanto apertam o cerco em torno de Kiev, a capital, em meio a denúncias sobre novos ataques contra civis.

Dnipro, cidade industrial às margens do rio Dnieper, que separa o leste do país - pró-russo - do restante do território ucraniano, foi alvo de bombardeios que causaram pelo menos uma morte, segundo autoridades locais.

"Houve três ataques aéreos na cidade, atingindo uma creche, um conjunto residencial e uma fábrica de sapatos de dois andares, onde um incêndio foi declarado. Uma pessoa morreu", informaram os serviços de emergência em Dnipro.

O Ministério russo da Defesa informou, por sua vez, que "os aeródromos militares de Lutsk e Ivano-Franovsk (oeste) estavam fora de serviço". Quatro soldados ucranianos foram mortos e seis ficaram feridos no bombardeio do aeroporto militar de Lutsk, segundo as autoridades locais.

A guerra já obrigou mais de 2,5 milhões de pessoas a deixarem a Ucrânia, e outros dois milhões, a se deslocarem para outras partes do país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Nesta sexta-feira (11), o presidente russo, Vladimir Putin, deu seu aval para a participação na invasão de combatentes "voluntários", juntamente com os cerca de 150.000 soldados já destacados no terreno, em resposta aos "mercenários" enviados pelos países ocidentais.

A ideia partiu do Ministério da Defesa e, segundo o Kremlin, trataria-se, sobretudo, de cidadãos do Oriente Médio, particularmente sírios, que teriam manifestado o desejo de ir para o "front" lutar ao lado da Rússia.

- "Fortaleza" Kiev -

Mais cedo, o Exército ucraniano alertou, em um relatório, que "o inimigo está tentando eliminar as defesas das forças ucranianas" em vários locais a oeste e norte de Kiev, com o objetivo de "bloquear a capital".

O Exército não excluiu "um movimento inimigo para o leste, na direção de Brovary", às portas de Kiev.

O prefeito da capital, o famoso ex-boxeador Vitali Klitschko, disse que metade da população foi embora e que a cidade, antes com quase 3 milhões de habitantes, "transformou-se em uma fortaleza".

"Todas as ruas, todos os prédios, todos os postos de controle foram fortificados", descreveu.

Desde o início da ofensiva russa, em 24 de fevereiro, as forças invasoras cercaram pelo menos quatro grandes cidades ucranianas e enviaram veículos armados para o flanco nordeste de Kiev, onde subúrbios como Irpin e Busha são bombardeados há dias.

Os soldados ucranianos descreveram intensos combates para controlar a principal rodovia que leva à capital.

O Ministério britânico da Defesa informou que esta estratégia de cercar as cidades "reduzirá o número de forças disponíveis para avançar e retardará o progresso russo".

- "Ataque brutal" -

Bombardeios noturnos também atingiram as cidades de Chernihiv (norte), Sumy (nordeste) e Kharkiv (leste), fortemente afetadas pela ofensiva russa. Os ataques causaram danos a edifícios residenciais e a infraestruturas de abastecimento de água e de eletricidade.

Perto de Oskil, na região de Kharkiv, uma instalação para pessoas com deficiência foi alvo dos bombardeios russos, disse uma autoridade local nesta sexta-feira.

"Os russos cometeram, novamente, um ataque brutal contra civis", lamentou Oleh Sinegubov no aplicativo Telegram, acrescentando que nenhuma vítima foi registrada. No momento do ataque, havia 330 pessoas no centro, 73 das quais puderam ser retiradas.

Este ataque ocorreu dois dias após o bombardeio contra um hospital infantil em Mariupol (sul), que deixou três mortos, incluindo uma menina. Nesta cidade, às margens do Mar de Azov, a situação é descrita como "apocalíptica".

Segundo seu prefeito, Vadim Boishenko, mais de 1.200 moradores morreram em Mariupol após dez dias de cerco.

O representante local do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Sasha Volkov, alertou que alguns moradores "começaram a brigar por comida" e que muitos estão sem água potável.

Além disso, as Nações Unidas informaram que outros dois hospitais pediátricos foram atacados e destruídos, além do de Mariupol.

Segundo a responsável pelos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmyla Denisova, 71 crianças morreram nesta guerra, e mais de 100 ficaram feridas.

Embora com desavenças e recriminações de descumprimento, ambos os lados concordaram em instalar corredores humanitários que permitiram a retirada, nos últimos dois dias, de cerca de 100.000 civis de Sumy (nordeste), Izium (leste) e dos arredores de Kiev.

- Otan "não quer uma guerra aberta" -

Vladimir Putin pediu nesta sexta a seu ministro da Defesa, Serguei Shoigu, que propusesse destacamentos militares na fronteira ocidental da Rússia, em resposta aos realizados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu.

Em entrevista à AFP, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, enfatizou, porém, que a Aliança tem "a responsabilidade de impedir que esse conflito se alastre para além das fronteiras da Ucrânia e se transforme em uma guerra aberta entre a Rússia e a Otan".

Os Estados Unidos e seus aliados europeus contemplam a imposição de sanções adicionais à Rússia.

Até agora, os países ocidentais ofereceram apoio militar e humanitário à Ucrânia e estão considerando aumentar as sanções contra Moscou.

Também nesta sexta, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que propôs aos líderes do bloco, reunidos em uma cúpula na França, que se aprove uma contribuição adicional de 500 milhões de euros (US$ 548 milhões) em ajuda militar para a Ucrânia.

E, na quinta-feira (10), o Congresso americano aprovou um novo orçamento que inclui US$ 14 bilhões para a Ucrânia em apoio econômico e financeiro, mas também armas e munições.

Após as primeiras negociações de alto nível entre os dois lados desde o início do conflito, realizada na quinta-feira na Turquia, o governo russo prometeu a abertura diária de corredores humanitários para os ucranianos fugirem dos combates para a Rússia.

A Ucrânia se recusa a retirada de seus cidadãos para a Rússia e reivindica corredores humanitários dentro de suas fronteiras.

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU terá uma reunião urgente sobre esta questão, a pedido da Rússia.

O exército russo está bombardeando o centro de Kharkiv - segunda maior cidade da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia -, e os projéteis estão atingindo a sede da administração local, informou o governador da região, Oleg Sinegubov.

"Esta manhã, a praça central de nossa cidade e a sede do governo local de Kharkiv foram atacadas de forma criminosa", afirmou Sinegubov no Telegram.

"O ocupante russo continua usando armas pesadas contra a população civil", escreveu o governador, que não revelou um balanço de vítimas.

Na publicação uma imagem mostra uma grande explosão e escombros de um edifício.

Kharkiv é uma cidade de 1,4 milhão de habitantes, com uma grande população de língua russa, próxima da fronteira com a Rússia.

A cidade está sob cerco intenso desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão contra a Ucrânia na quinta-feira passada.

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