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O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse nesta quarta-feira (2) que o banco precisa passar por uma grande transformação cultural. Como pano de fundo, o executivo citou a necessidade de foco no cliente e em novas tecnologias. Durante um evento de apresentação de seus projetos a investidores, Maluhy também falou na criação de uma nova operação de banco de varejo e da necessidade de elevar - e muito - a fatia de suas operações digitais na receita.

"Transformação, agora, tem de ser cultura. Temos de ter uma estrutura mais ágil mais simples, ter humildade de reconhecer erros e não ter medo de errar", disse Maluhy. "A boa notícia é que essa transformação já começou. Temos de dar intensidade e velocidade."

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Esse novo direcionamento faz parte de uma "guerra" com as fintechs. Parte do mercado criticou o Itaú Unibanco por ter demorado a criar um banco digital independente, como fez o Bradesco, com o Next, que ganhou musculatura para funcionar sem a ajuda de seu controlador. O iti, do Itaú, entrou ao mercado bem depois.

Dentro dessa revisão cultural, Maluhy citou a eliminação de hierarquias e vice-presidências. "Somos todos diretores, e alguns são membros do comitê executivo, que está mais amplo, mais próximo do time e com mais capacidade e velocidade de decisão", disse Maluhy.

O diretor do Itaú Unibanco André Rodrigues afirmou que o projeto do novo banco de varejo, o ivarejo2030, está em "fase acelerada de implementação". A ação, explicou o executivo, prevê revisão estratégica da operação de varejo com uma nova abordagem. "Estamos em fase acelerada de implementação", disse.

O projeto de ter um novo banco de varejo foi iniciado no Itaú há cerca de dois anos, ainda sob a gestão de Candido Bracher. Dentre as estratégias está a combinação do atendimento da rede física com o digital. De 2019 para cá, o Itaú fechou as portas de mais de 600 agências.

Foco no digital

Os canais digitais devem representar mais da metade das receitas do maior banco da América Latina em um futuro próximo, disse Rodrigues. "Temos como ambição quadruplicar canais digitais para que possam representar 50% da receita do banco."

O diretor de pagamentos, operações e marketing, André Sapoznik, ressaltou o crescimento do banco digital iti. "Já conquistamos quase 7 milhões de clientes e estamos trabalhando para adicionar 1 milhão todos os meses", afirmou.

Na apresentação de resultados do primeiro trimestre, o Itaú Unibanco estipulou a marca de 15 milhões de clientes no iti como meta. Segundo Sapoznik, a estrutura do banco digital, montada já em nuvem, permite mais flexibilidade.

Regulação favorece fintechs

O copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, afirmou ontem, em evento do banco para investidores, que existe desequilíbrio de regras entre os grandes bancos e novos entrantes no setor financeiro, como as fintechs. "Não há uma isonomia regulatória. Estamos perdendo essa guerra", disse ele. Para o também copresidente do conselho Roberto Setubal, a forma como os reguladores vêm tratando novos entrantes tem dado vantagem a eles, pois eles não enfrentam as mesas exigências em termos de capital, liquidez e questões de combate à lavagem de dinheiro.

Ele disse ainda que, se ficar comprovado que não há risco sistêmico, não faz sentido ter regulação tão dura no Brasil. Defendeu ainda uma regra igual para todo o sistema financeiro. "No futuro, a regulação terá de ser isonômica." Assim, avaliou o executivo, as vantagens serão eliminadas, tornando a competição "mais igual". Enquanto isso, Moreira Salles disse que o banco tem de reagir. "Temos de aceitar a realidade como ela é."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai lançar nesta quarta-feira, 17, uma consulta pública para selecionar soluções tecnológicas de fintechs. O objetivo é investigar alternativas existentes no mercado que se enquadrem em quatro tipos de serviços que o banco deseja oferecer às empresas de menor porte: educação financeira, análise de crédito, matching de soluções financeiras e leilões reversos de crédito para financiamento.

Com isso, o banco espera melhorar o perfil de crédito das micro, pequenas e médias empresas (MPME) e ampliar o acesso desse grupo de empreendedores ao financiamento, além de profissionalizar a gestão financeira.

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"Para participar, exige-se que a ferramenta atenda a pelo menos 50% dos requisitos listados para cada assunto pretendido, que a empresa seja constituída legalmente e registrada como sociedade limitada ou sociedade anônima e que a solução esteja disponível operacionalmente no mercado há pelo menos um ano", informou o BNDES em comunicado.

Uma onda de startups está sacudindo os serviços financeiros oferecidos no mundo e no Brasil. Conhecidas como fintechs, essas novas empresas estão mudando a forma de as pessoas pagarem as compras, administrarem contas, investirem seu dinheiro e contratarem empréstimos. De anéis para realizar pagamentos a plataformas que concedem empréstimos em 30 segundos, elas vêm chamando a atenção dos bancos, que se aproximam para não ficarem para trás.

Desde que abriu sua primeira conta-corrente, o administrador de empresas Pedro Conrade, de 23 anos, ficava inconformado com o serviço prestado. "Todo mundo tem de ir à agência resolver qualquer problema. Nunca gostei disso", diz. No ano passado, ele fundou a Controly. Embora não seja um banco, a startup oferece uma opção à conta-corrente tradicional, baseada em um cartão pré-pago, cujos gastos são gerenciados via smartphone.

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O aplicativo é, portanto, o grande diferencial. Em vez de ir ao banco abrir uma conta, a pessoa baixa o programa e recebe o cartão em casa. O extrato convencional dá lugar a gráficos com a evolução dos gastos. Para fazer transferências, basta selecionar um contato na agenda ou no Facebook.

Além disso, o aplicativo gerencia as reservas de dinheiro. "Os jovens são movidos por sonhos. Eles definem os objetivos e nós reservamos um pouco do saldo toda semana", diz Conrade. Segundo a Controly, o dinheiro dos clientes é gerenciado pela Acesso Card, uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central.

A startup começou a oferecer o serviço há três meses e já reúne 3 mil usuários. A meta é somar 100 mil até 2017. A Controly já passou por duas rodadas de investimento, nas quais levantou cerca de R$ 4 milhões. O dinheiro será investido em infraestrutura e preparativos para atender às normas do Banco Central para se tornar uma instituição financeira no futuro.

A Controly não é a única empresa a tentar surfar na onda das fintechs no Brasil. Startups que apostam em outros segmentos também vêm se destacando aos poucos. É o caso da Nubank, que oferece um cartão de crédito sem taxas vinculado a um aplicativo pelo qual o usuário acompanha compras. Criada há um ano, a empresa diz ter 600 mil interessados na fila de espera pelo cartão.

No ramo de seguros, a startup Bidu, criada em 2011, investiu na integração de sua plataforma com a de grandes seguradoras e entrega propostas de adesão em apenas 30 segundos. "Oferecemos mais ou menos o que o Buscapé oferece para os sites de comércio eletrônico", resume Maurício Antunes, diretor de marketing da Bidu.

Enquanto as apostas brasileiras em fintech estão em fase inicial, startups internacionais mais consolidadas já olham para cá. É o caso da alemã Kreditech, citada por especialistas como uma das mais inovadoras do setor. A empresa deve oferecer empréstimos e cartões pré-pagos, gerenciados por meio de aplicativos, no Brasil, até a metade de 2016. "Já temos parcerias com instituições financeiras locais para começar a operar e estamos em busca de um diretor no Brasil", afirmou um porta-voz da empresa.

Fundada em 2012, a Kreditech usa a análise de grandes bancos de dados, tecnologia conhecida como Big Data, para cruzar até 20 mil aspectos sobre cada cliente - o que inclui, além do histórico de crédito, informações das redes sociais e de sites de comércio eletrônico. "Os bancos tradicionais não conseguem oferecer serviços bancários para todos, só atendem a um grupo privilegiado que tem histórico de crédito", diz o porta-voz do serviço. A empresa tem 200 funcionários em nove países e já recebeu mais de € 300 milhões em investimentos.

Cooperação

O setor financeiro tradicional percebeu na interação com as empresas disruptivas uma oportunidade de se preparar para o futuro. Ao mesmo tempo, as startups veem nas parcerias uma maneira de validar o negócio, ganhar experiência e receber investimentos. No Brasil, as principais instituições financeiras têm se movimentado de diferentes formas para dialogar com as fintechs.

O programa InovaBra, do Bradesco, por exemplo, promove desde 2014 a interação do banco com startups que tenham potencial de desenvolver modelos de negócios e produtos relacionados a serviços financeiros. Ao fim do programa, que dura 10 meses, o banco pode até mesmo adquirir parte da empresa. "Esse não é o foco, mas a interação é boa para os dois lados. O Bradesco pode ser o grande primeiro cliente dessas startups", observa o gerente de inovação do Bradesco, Fernando Freitas.

Em setembro, o Itaú lançou, em parceria com o Redpoint e.ventures, um espaço de coworking na Zona Sul de São Paulo chamado Cubo. Ele comporta até 50 startups, não só fintechs. "O Cubo fomenta a tecnologia. Há uma troca de aprendizado importante e nossos executivos passam tardes lá", afirma o diretor executivo do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra.

Caixa Econômica e Banco do Brasil ainda estão mais voltados para a inovação dentro de casa, mas sem ignorar o que acontece fora. "É uma onda e nós queremos surfar nela. Estamos avaliando a melhor forma", explica o gestor de inovação da Caixa, Rogério Saab.

No exterior, a empresa norte-americana Mastercard lançou o programa Start Path em 2013, mas só abriu inscrições para startups brasileiras este ano. Trata-se de parcerias de seis meses entre a empresa e as fintechs selecionadas.

"Boa parte da nossa estratégia digital consiste em parceiras ou investimentos em startups. Há muita inteligência fora da empresa, que tem de ser absorvida", diz Marcelo Theodoro, chefe de produtos digitais para a MasterCard Brasil. Entre as inovações que já vieram de parcerias e aquisições, ele destaca a autenticação de clientes por meio de selfies e por batimento cardíaco.

O professor de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vagas (FGV/SP), Newton Campos, diz que as fintechs vão ganhar espaço nos próximos anos. "Elas trazem processos menos burocráticos e baratos, com melhor experiência para o usuário. Por isso, as grandes empresas estão abrindo as portas", complementa

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