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O desembargador Rogério Fraveto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), negou liminar em pedido de habeas corpus feito pela defesa do presidente global da Andrade Gutierrez Energia, Flávio David Barra, no domingo (9). O executivo está preso temporariamente desde 28 de julho, quando foi deflagrado o 16º capítulo da Operação Lava Jato. Na sexta-feira (7), o juiz Sérgio Moro decretou a custódia preventiva de Flávio Barra.

O executivo é investigado por suspeita de pagamento de propina nas obras da Usina de Angra 3. A defesa de Flávio Barra alegou que ele foi preso ao fundamento de garantia da ordem pública. Segundo os advogados, a garantia à instrução criminal somente diria respeito ao investigado Othon Luiz da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, preso por suspeita de receber R$ 4,5 milhões em propina.

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Flávio Barra foi citado em delação premiada de Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa. De acordo com os criminalistas, o delator afirmou que participou de reunião entre os vencedores da licitação de Angra 3 e que, na ocasião, teria sido solicitado a Flávio Barra uma 'contribuição' a determinados políticos.

"Argumenta que a prisão não mais se faz necessária pelo fato de o paciente não exercer mais qualquer atividade econômica, tendo afastado-se das atividades exercidas junto à empresa objeto de investigação, assim como o coinvestigado, funcionário público, ter pedido demissão do seu cargo. Defende que a prisão subsiste somente para punição e antecipação da pena, prática que reputa ser um padrão recorrente da autoridade coatora, que também motivaria sua decisão na gravidade em concreto dos crimes em investigação", afirmou a defesa no pedido de habeas corpus.

Para o desembargador, os advogados não apresentam concretamente fatos e provas que comprovem a sustação das ações por Flávio David Barra, 'seja na continuidade delitiva investigada, seja no plano de interferência na instrução criminal'.

"As razões do pleito limitam-se ao seu afastamento da atividade dirigente da empresa, enquanto se verifica pela produção investigatória a remanescência de atos irregulares pelo complexo de empresas associadas e/ou contratadas para serviços, objetivando justificar origem e determinadas movimentações financeiras. E essas contratações formalizadas ou registradas após as investigações tem forte caráter de simulação e, perdurando, podem prejudicar a real investigação", afirmou o desembargador Rogério Fraveto.

O magistrado sustentou. "Mais, não se verificou contribuição do paciente na oportunidade do interrogatório para melhor esclarecer sua sustentada ausência de responsabilidade criminal. Logo, importa cautela nesse juízo provisório e medida em regime de plantão, sem prejuízo de posterior demonstração distinta e eventual excesso na prisão preventiva ser reapreciado o direito do paciente."

O presidente Global da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, foi alvo da 16ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta terça-feira, 28, e teve prisão temporária decretada. Ele será levado para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

A 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, mira contratos da Eletronuclear, estatal ligada à Eletrobras, e tem como base delação premiada feita por executivos da Camargo Corrêa. O principal ponto da ação indica suposta corrupção em contratos da Usina Nuclear de Angra 3.

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No início deste ano, em delação premiada, o empreiteiro Dalton Avancini, diretor-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações, revelou a existência de cartel nas contratações e pagamentos relativos às obras da usina.

A Andrade Gutierrez integra o consórcio UNA 3, um dos vencedores para montagem da usina. Os contratos para execução da montagem eletromecânica da usina foram Angra 3 (Queiroz Galvão; Empresa Brasileira de Engenharia - EBE; e Techint Engenharia) e UNA 3 (Andrade Gutierrez; Norberto Odebrecht; Camargo Correa; e UTC Engenharia).

Avancini também citou em delação o nome do almirante Otthon Luiz Pereira da Silva, licenciado desde abril do cargo de diretor-presidente da Eletronuclear. O empreiteiro disse ter "ouvido dizer" que havia uma promessa de propina para o militar.

Barra, da Andrade Gutierrez, será levado para Curitiba. A prisão temporária tem prazo de cinco dias, podendo ser convertida pelo juiz responsável pelo caso, Sérgio Moro, em prisão preventiva. Desde o início da Operação, a Andrade Gutierrez tem reiterado que seus executivos não têm relação com a prática de atos ilícitos.

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