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O grande número de mortes em decorrência da pandemia tem aumentado significativamente a demanda por serviços funerários. Diante dessa situação, as empresas do setor têm buscado soluções para evitar que a prestação desse serviço acabe entrando em colapso.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), o aumento da demanda já era percebido em março de 2020, quando a pandemia fazia ainda as primeiras vítimas no Brasil. Na época, percebeu-se um aumento de 12% na demanda por esse tipo de serviço, comparado a março de 2019.

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“Percebemos agora, na primeira quinzena de março de 2021, um aumento ainda maior, de quase 30% na comparação com março do ano passado”, disse à Agência Brasil o presidente da Abredif, Lourival Panhozzi. Segundo ele, esses números são absolutos. Portanto abrangendo todos os sepultamentos, e não apenas as mortes por covid-19.

Para evitar o colapso dos serviços, as empresas do setor têm adotado algumas medidas para se adaptar ao novo cenário. “É uma onda crescente que não para de aumentar. Ninguém sabe onde isso vai dar. As empresas do nosso setor têm, inclusive, se ajudado mutuamente, porque em situações de tamanha alta de demanda, como é o caso, não há mais concorrência. Todos têm de se juntar para dar conta”, explicou Panhozzi.

Sob controle, por enquanto

Segundo ele, até o momento a situação está “sob controle”, uma vez que as funerárias brasileiras têm capacidade para suportar uma quantidade de serviço superior a três vezes a média mensal de óbitos de suas localidades. “Desde que isso não seja por um longo período”, enfatiza o presidente da associação.

Assim sendo, a Abredif – entidade que representa mais de 13 mil empresas que empregam mais de 350 mil trabalhadores – tem elaborado um plano emergencial visando o enfrentamento da situação, de forma a evitar colapsos.

Entre as medidas que vêm sendo adotadas por suas associadas está a suspensão das férias das equipes de trabalho; o remanejamento de funcionários, para que se tenha mais gente na ponta de operação; e a adequação do estoque, para suportar a alta demanda.

“Temos de estar preparados para o pico de mortes que, segundo especialistas, é previsto para meados de abril. Mas a verdade é que o aumento [do número de mortes] está descontrolado, e não sabemos exatamente até onde isso vai”, relata o presidente da Abredif.

Expertise brasileira

Segundo ele, as fábricas de urnas funerárias, os caixões, já estão trabalhando em dois turnos. Se a tendência continuar, em breve passarão a produzir nos três turnos. “No entanto, temos percebido o risco de faltar matéria-prima para as urnas funerárias, principalmente nos locais onde as fábricas [tanto de urnas como de matérias-primas] não estão podendo produzir plenamente, já que não são consideradas atividades essenciais”, argumentou Panhozzi.

Setor funeráaO modo de operar das empresas funerárias brasileiras, bem como a forma como são feitas as contratações, os sepultamentos e os cortejos, representa uma realidade que é própria do país, envolvendo cotidiano, costumes e cultura que são essencialmente brasileiros.

“Aí vemos políticos adotando regras e medidas baseadas no que se ouviu falar, vindo de fora do país – onde, devido à falta de estrutura, corpos ficaram acumulados por falta de capacidade para entregas maiores do que as de rotina. São países onde empresas do setor funerário ficam abertas apenas durante o horário comercial. Aqui no Brasil funcionamos 24 horas por dia, 365 dias por semana”, completa.

 

Artur Palma, gerente da casa funerária Velhinho, em Amadora, na zona oeste de Lisboa, atende a um novo telefonema. Do outro lado da linha, uma casa de repouso próxima, onde um dos inquilinos morreu de covid-19.

Sem demora, seu funcionário José Santos se equipa seguindo à risca as novas normas sanitárias: traje de proteção, luvas e máscara cirúrgica, para evitar qualquer contágio.

Diante da explosão do número de mortes relacionadas à covid-19 em uma virulenta terceira onda da pandemia em Portugal, as casas funerárias estão à beira do colapso e redobram a vigilância em matéria de segurança sanitária.

Segundo dados coletados pela AFP, Portugal é atualmente o país mais afetado no mundo pela covid-19, em proporção a sua população de 10 milhões de habitantes.

Até o momento, o balanço total da pandemia chega a mais de 12.000 mortes, das quais quase a metade ocorreu desde o início do ano.

Em 15 de janeiro, o país foi submetido a um segundo bloqueio geral. Atualmente, a Velhinho faz entre três e quatro atendimentos por semana a asilos devido ao coronavírus.

O número de mortos triplicou em relação a janeiro do ano passado, explica José Santos, ao volante do carro funerário.

- Um verdadeiro caos -

Na casa de repouso, o corpo é colocado em uma bolsa mortuária antes de ser transportado em uma maca para o veículo da funerária.

“Tem que ser assim agora, com as medidas de segurança e higiene, agora vamos para as nossas instalações para fazer o resto”, diz o jovem de 62 anos.

Na casa funerária, a fase de preparação continua em uma garagem, em meio a pilhas de novos caixões de madeira ornamentada.

Artur Palma e José Santos completam seus equipamentos com proteções médicas para calçados, óculos especiais, aventais e máscaras.

Durante a preparação dos corpos, os dois homens abrem primeiro a tampa do caixão e colocam o corpo envolto em um lençol.

Nenhum tratamento é praticado devido aos riscos de contágio. Em vez disso, tudo é pulverizado com desinfetante.

Em seguida, vem a fase de selagem. Também neste caso, as medidas de higiene são reforçadas. Depois de fechar o caixão, bordas são cobertas com uma longa fita adesiva e envolvidas com várias camadas de celofane.

O falecido é então transferido para a câmara mortuária, onde todo o espaço é ocupado pelas vítimas da covid-19.

“É um verdadeiro caos, são tantas mortes, não temos lugar para guardar tantos corpos, está tudo sobrecarregado. Já perdi minha tia, meu primo, meu pai e meu avô para a covid", lamenta Palma.

Na Velhinho, apenas quatro funcionários atendem ao alto fluxo de mortes nas últimas semanas.

“É muito complicado para nós, mas também para nossas famílias, que felizmente estão lá para nos apoiar”, diz Santos, fumando seu cigarro.

“É um fardo enorme em todos os níveis, físico, psicológico, dormimos pouco e atingimos o nosso limite”, afirma Palma.

Quase 37 mil americanos morreram de Covid-19 em novembro, o que tem colocado hospitais e necrotérios no limite da saturação. Em meio a uma nova onda de contaminação, os Estados começaram a reabrir hospitais de campanha e as funerárias têm feito a cerimônia de despedida pela internet - tanto por causa da alta demanda, quanto para evitar que a infecção se espalhe.

Autoridades de saúde temem que a crise seja ainda pior nas próximas semanas, depois que muitos americanos ignoraram os apelos para ficarem casa durante o feriado de Ação de Graças.

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"Não tenho dúvidas de que veremos um número crescente de mortos", disse Josh Michaud, diretor de políticas globais de saúde da Fundação da Família Kaiser. "Serão semanas muito sombrias."

O número de mortos em novembro foi menor do que os 60.699 registrados em abril, mas está perto dos quase 42 mil de maio, o segundo mês mais letal da pandemia, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

As mortes caíram para pouco mais de 20 mil em junho, depois que os Estados fecharam o comércio e ordenaram que as pessoas ficassem em casa. A deterioração rápida é frustrante, pois a distribuição da vacina pode começar dentro de semanas, disse Michaud.

No Hospital Mercy Springfield, em Missouri, um necrotério móvel - adquirido em 2011 depois que um tornado atingiu as proximidades da cidade de Joplin e matou 160 pessoas - foi colocado em uso novamente. No domingo, ele manteve dois corpos até que os funcionários da funerária pudessem chegar.

No Cemitério Bellefontaine, em St. Louis, os enterros aumentaram cerca de um terço neste ano em comparação com o ano passado, e os restos mortais cremados de cerca de 20 pessoas estão guardados, enquanto suas famílias esperam por um momento mais seguro para realizar os serviços fúnebres.

O jornal Star Tribune, em Minneapolis, registrou um aumento de 40% no número de páginas dedicadas a obituários pagos em novembro, principalmente em razão da covid-19, segundo um porta-voz. Em 29 de novembro, o jornal tinha 11 páginas de obituários, em comparação com a metade em um domingo normal.

"Hospitais de todo o país estão preocupados com sua capacidade. Não estamos nem no inverno e ainda não sentimos o impacto das viagens e dos encontros de Ação de Graças", disse Amesh Adalja, pesquisador do Centro Johns Hopkins para Segurança Sanitária.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia de coronavírus matou muitas pessoas em todo o mundo, mas na Noruega as medidas de confinamento deixaram muitas empresas funerárias sem trabalho, forçando-as a recorrer ao Estado para se manter.

O confinamento na Noruega causou um declínio na mortalidade e o cancelamento das cerimônias fúnebres. Como resultado do sucesso do país no combate à Covid-19, algumas funerárias norueguesas foram forçadas a pedir ajuda, segundo registros públicos.

A família Lande acompanha os mortos até seu local de descanso final há três gerações. E nunca viu nada parecido. "Quando as medidas contra o coronavírus chegaram, percebemos que elas eram eficazes não apenas contra o coronavírus, mas também contra outros vírus", explica à AFP Erik Lande, chefe da empresa familiar no sul do país.

"A tal ponto que uma parte dos idosos e doentes que morreriam em tempos normais se volatilizou", acrescenta.

De cerca de 30 por mês normalmente, o número de enterros caiu para menos de dez nas semanas após a aplicação do regime de semi-confinamento. E nenhum por coronavírus.

Para pagar os custos fixos, como aluguel e seguro, a Landes Begravelsesbyra recebeu quase 32.000 coroas (3.000 euros, US$ 3.400) de dinheiro público.

Em 12 de março, a Noruega impôs as medidas "mais intrusivas" em tempos de paz: fechamento de escolas, bares e muitos espaços públicos, proibição de eventos esportivos e culturais, redução das viagens ao exterior...

Essas medidas ajudaram a conter a epidemia, ao contrário da vizinha Suécia, que optou por uma abordagem muito mais flexível e onde o vírus persiste.

- Luz no fim do túnel -

Das aproximadamente 573.000 mortes em todo o mundo devido à doença, apenas 253 foram registradas na Noruega. O país de 5,4 milhões de pessoas já não tem pacientes com Covid-19 em terapia intensiva e apenas um punhado de pessoas ainda está hospitalizada.

Provavelmente devido ao isolamento dos idosos e ao respeito dos gestos de barreira, a mortalidade parece ter diminuído. A Noruega contabilizou 6% menos mortes em maio do que no ano anterior, e 13% em junho.

Em Oslo, Verd Begravelsesbyra recebeu quase 37.000 coroas (US$ 3.950, 3.450 euros) em ajuda pública após o baque sofrido por seu negócio, não por causa da queda no número de funerais, mas por causa da mudança de formato.

"Com o surgimento do coronavírus, muitos clientes desistiram da cerimônia", enfatiza o diretor Henrik Tveter, que destaca que ela representa entre "60 e 70%" do preço do funeral.

Por opção, para evitar contágios, mas também porque as autoridades limitaram o número máximo de participantes por um tempo e algumas capelas são muito pequenas para garantir a distância física.

Em Ålesund (oeste), a Alfa Begravelsesbyra colocou todos os cinco funcionários em desemprego parcial e voltou-se para o Estado depois que sua rotatividade caiu 70% entre março e maio.

Mas, como seus colegas, com o retorno à normalidade, a proprietária da Odd Sverre, Oie, vê a luz no fim do túnel.

"Sabemos que, dada a pirâmide etária, várias pessoas morrerão na Noruega este ano", diz. "Então, certamente nos recuperaremos no outono, quando a gripe e outras doenças reaparecerem".

O sistema funerário Equador passa por um momento de colapso devido a pandemia do coronavírus. Nesta quinta-feira (2), o assunto é um dos mais comentados no Twitter e internautas compartilham vídeos e fotos que mostram corpos colocados no chão, sem resgate de ambulância.

Além disso, na cidade de Guayaquil, multiplicam-se os relatos de mortes em casa ou nas ruas e cadáveres passam horas ou dias na calçada até serem resgatados. 

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O governo do país informa que removeu 150 corpos, que estavam em várias casas, nos últimos três dias, mas não confirmou quantas vítimas foram da covid-19. De acordo com o jornal El Comercio, as portas de uma funerária no subúrbio ocidental de Guayaquil estão fechadas há três dias. Um banner de papelão com a frase: "Não há caixões".

Por orientação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), ignorou os apelos do presidente Jair Bolsonaro - de quem é aliado político - para retomar as atividades econômicas no Estado. "Mandetta falou para eu me preparar para o pior", disse o governador, que conversou com o ministro por telefone na sexta-feira e ouviu dele a orientação para colocar as funerárias em alerta.

"A economia está abalada, mas eu fiz uma opção. Entre vidas e economia, eu estou por vidas", afirmou Cameli. "Eu determinei que as pessoas fiquem em casa. Estou indo pelas orientações do Ministério da Saúde. Não estou em disputa política com Bolsonaro, mas não posso me basear nas decisões dele."

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O governador declarou que tentou, na sexta-feira, marcar uma audiência com Bolsonaro, após o presidente reiterar ser contra o isolamento social. Como não conseguiu contato, decidiu se aconselhar com Mandetta. "Eu fiz a seguinte colocação: 'Ministro, estou trabalhando para segurar, fechar tudo, pedindo que a população fique em casa, e vem uma declaração do presidente e vai tudo por água abaixo, desautorizando tudo que a gente tem feito'. Eu notei o ministro muito estressado e com razão. Ele disse que iria conversar com o presidente e que eu tinha que me preparar para o pior."

Ainda segundo o governador, Mandetta disse para "reunir as funerárias para que elas se preparem". "As pessoas não tem a dimensão do perigo que é o novo coronavírus." O Acre tem hoje 34 casos confirmados de covid-19, sendo dois no interior.

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